Relatório da Oxfam 2025 revela aceleração na concentração de renda

Uma pilha grande de moedas cercada por várias pilhas menores. Sobre a pilha maior, está sentado um homem ilustrado em miniatura, vestido de terno e com aparência de executivo. Sobre as pilhas menores, aparecem ilustrações 5 operários realizando trabalhos braçais. A imagem simboliza a desigualdade social. relatório

O relatório anual da Oxfam, divulgado em janeiro de 2025, apresenta dados alarmantes sobre a crescente concentração de riqueza no mundo. Em 2024, surgiram 204 novos bilionários, elevando o total para pouco mais de 2.900 pessoas. Esses indivíduos, juntos, acumularam fortunas que cresceram a uma taxa de cerca de US$ 2 milhões por dia, expondo um agravamento das desigualdades globais.

O relatório precede o Fórum Econômico Mundial de Davos, um encontro entre líderes políticos e empresariais que, ironicamente, reúne muitos dos responsáveis por essa desigualdade.

O crescimento da desigualdade global

Miniaturas de empresários sentados em pilhas de moedas com tamanhos diferentes, conceito de desigualdade financeira.
Imagem: Khongtham / shutterstock.com

Enquanto bilionários enriqueceram a um ritmo vertiginoso, a Oxfam aponta que 44% da população global sobrevive com menos de US$ 6,85 por dia. O contraste é chocante: os dez indivíduos mais ricos do mundo acumularam, em média, US$ 100 milhões diariamente ao longo de 2024.

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PIB global e pobreza extrema

Embora o Produto Interno Bruto (PIB) global tenha crescido 3,2% em 2024, segundo a OCDE, a concentração de riqueza permanece preocupante. Dados do Banco Mundial mostram que, apesar da redução da extrema pobreza nos últimos 20 anos, 9% da população mundial ainda vive com menos de US$ 2,15 por dia.

Brasil: desigualdade e tributação

No Brasil, a desigualdade acompanha o mesmo padrão global apontado pelo relatório da Oxfam. Conforme analisado pela diretora executiva da Oxfam Brasil, Viviana Santiago, milhões de pessoas enfrentam insegurança alimentar e pobreza extrema, enquanto menos de 100 bilionários no país concentram cerca de R$ 146 bilhões em riqueza acumulada.

O cenário é agravado por um sistema tributário que sobrecarrega as classes mais pobres, aplicando impostos elevados sobre o consumo, enquanto grandes fortunas e heranças permanecem pouco tributadas, reforçando as disparidades econômicas.

Desafios institucionais e históricos

Colonialismo e suas heranças

O relatório destaca como a herança do colonialismo continua a influenciar a distribuição desigual de riquezas. Instituições financeiras concentradas no Norte Global, combinadas com práticas comerciais desiguais, perpetuam a exploração de países do Sul Global.

Políticas fiscais e seus impactos

A Oxfam aponta que, entre 2022 e 2024, quatro em cada cinco países reduziram seus orçamentos para educação, saúde e proteção social. Além disso, a maioria diminuiu a tributação progressiva, favorecendo os mais ricos em detrimento da população trabalhadora.

Soluções propostas pela Oxfam

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Imagem: fran_kie / shutterstock.com

Estabelecimento de metas globais

Uma das principais propostas da Oxfam é estabelecer metas globais para reduzir a desigualdade econômica. A organização sugere que a renda dos 10% mais ricos não ultrapasse a dos 40% mais pobres, tanto em nível global quanto nacional.

Reparações históricas

Governos de países que foram potências coloniais devem reconhecer formalmente os crimes do colonialismo e oferecer reparações às vítimas. A restituição de terras e recursos, bem como o financiamento de políticas públicas nos países afetados, são passos fundamentais.

Reformas nas instituições globais

Organizações como o FMI e o Banco Mundial devem revisar suas estruturas de governança para reduzir o domínio das nações ricas. Além disso, é necessário criar um sistema econômico que favoreça a soberania dos países do Sul Global, promovendo salários justos e práticas comerciais equilibradas.

Tributação dos super-ricos

A Oxfam defende um aumento significativo na tributação sobre grandes fortunas, heranças e empresas lucrativas. Essa medida visa financiar políticas públicas e combater a desigualdade.

Cooperação Sul-Sul

Países do Sul Global devem fortalecer alianças regionais para reduzir a dependência de economias desenvolvidas. Essa cooperação pode incluir o compartilhamento de tecnologias, recursos e conhecimento, promovendo um desenvolvimento mais sustentável e independente.

A realidade brasileira reflete muitos dos problemas globais destacados no relatório da Oxfam. A concentração de renda é intensificada por um sistema fiscal regressivo, que onera os mais pobres e favorece os mais ricos.

Considerações finais

O relatório da Oxfam traz à tona questões urgentes que demandam ação imediata. Apesar da gravidade dos dados apresentados, a organização enfatiza que a mudança é possível. Medidas como a taxação progressiva, reformas institucionais e cooperação internacional podem reverter a trajetória de desigualdade.

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