Reforma de escola atrasa e deixa pais apreensivos 

Pais e responsáveis de alunos da Escola Municipal de Ensino Infantil Raul Vicente, em Ananindeua, reclamam da falta de transparência da prefeitura em relação à educação dos filhos. Com a escola em reforma desde agosto do ano passado, os alunos passam pelo segundo remanejamento em menos de seis meses e encaram incertezas sobre o prazo de entrega do prédio. As reclamações envolvem abuso de poder, possível atraso de entrega e condições inadequadas de estudo, que corroboram para o comprometimento da educação primária das crianças.Entre julho e agosto de 2024, a obra foi anunciada pela Prefeitura de Ananindeua, através da Secretaria Municipal de Educação (Semed). A placa de anúncio da reforma revela que a manutenção preventiva e corretiva da escola está orçada em mais de R$ 796 mil. Com início em agosto passado, a obra tem prazo de seis meses para entrega, o que ocorreria em fevereiro de 2025. Porém, a um mês de ser entregue, o colégio está praticamente como antes das obras, conforme relatos de pais e responsáveis.CONTEÚDOS RELACIONADOSAnanindeua: Pais de crianças autistas denunciam atendimentoAnanindeua: hospital paralisa atendimentos após calotePopulação do Icuí denuncia precariedade da UBS de AnanindeuaNa ocasião do início dos reparos, os alunos foram remanejados temporariamente a uma casa alugada pela prefeitura do município para dar continuidade às aulas. Segundo o que dizem algumas mães, o espaço era inadequado para comportar as crianças e tinha apenas um ventilador por sala. Três meses após a mudança, o local foi assaltado durante a noite, ocorrência que não foi repassada aos responsáveis. Por falta de pagamento do imóvel pela Prefeitura, as aulas estão suspensas no local.Quer mais notícias do Pará? Acesse nosso canal no WhatsAppExoneraçãoNo início de 2025, a gestora da escola, Eivana Duarte, afirmou aos pais que as aulas retornarão quando o prédio estiver reformado, no final de março. Logo após, ela remanejou os alunos para outras escolas para o início do atual ano letivo. Porém, no dia 08 de janeiro, o Diário Oficial do Município de Ananindeua anunciou a exoneração da servidora pública, que tinha cargo comissionado, deixando os pais sem respostas válidas por parte da direção do colégio. Ainda hoje, a antiga gestora continua dando “alternativas” de ensino, uma delas seria por meio de aulas remotas.Agora, os pais lutam para que todos os alunos da escola sejam realocados para um prédio com segurança. “Ela trocou as crianças da escola sem nos perguntar. Alunos de primeiro e segundo ano vão ter aula remota e os de terceiro e quarto ano vão ter aula em escolas diferentes. A minha filha tem oito anos, está no terceiro ano, e foi colocada em uma escola que só é adolescente de 14 anos em diante. Dizem que eles brigam muito lá, fazem bullying, é uma escola muito mal falada. Eu, como mãe, não aceito isso porque isso tudo é muito injusto” , disse Valéria Guimarães, mãe de uma aluna.

Falta de pagamento teria provocado atraso dos trabalhosOs pais ainda relatam um comportamento supostamente inadequado e ditatorial por parte da direção. Ao ser cobrada por respostas, a antiga gestora teria bloqueado e excluído o reclamante do grupo dos pais, dizendo que “se você não está satisfeito, então troque seu seu filho de escola”. Os professores também não estão imunes aos desmandos, de acordo com os pais. Segundo o relato de Valéria, os docentes também foram informados sobre a possibilidade de aula online, mas não têm a lista de alunos deste ano e estariam sendo acusados de “conspirar” contra a direção.“A gente só sabe dessas coisas porque fazem denúncias e jogam no nosso grupo. Como a gente começou a se manifestar, eu fui removida do grupo dos pais e bloqueada no zap. E nós pais não somos ouvidos? Eu fui atrás de matrícula para minha filha em várias escolas por perto e não tem mais. A maioria dos pais já tirou os filhos daqui. Queria ter meu direito respeitado porque envolve a educação dos nossos filhos”, relatou Valéria Guimarães.OBRADepois de dois meses de pausa, que teve início em outubro de 2024, a obra foi retomada apenas há algumas semanas. Isso porque o pagamento não teria sido repassado aos antigos trabalhadores, que teriam se negado a continuar trabalhando sem receber. Então, a equipe foi trocada e agora conta com quatro pedreiros trabalhando na estrutura. Atualmente, a escola ainda continua a mesma, com mato alto, pintura descascada e sem previsão de ampliação do espaço ou construção de uma quadra de esportes no terreno ao lado, que também é da escola.“A situação continua a mesma. O único problema que tinha era no telhado, a nossa reclamação foi sobre isso e a gente foi informado que a reforma seria apenas no telhado porque quando chovia molhava tudo. A promessa era de entrega em seis meses, agora já passou para final de março e a gente nem sabe mesmo se vai ser isso porque nos prometeram uma reunião e não vai mais ter”, contou a dona de casa Valéria Guimarães.”A promessa era de entrega em seis meses, agora já passou para final de março e a gente nem sabe mesmo se vai ser isso porque nos prometeram uma reunião e não vai mais ter”. Valéria Guimarães, dona de casa.REIVINDICAÇÕESDe acordo com a empreendedora Jennyfer Alcântara, 36, mãe de duas alunas da escola, as reivindicações dos pais envolvem o aluguel de um espaço adequado para receber as crianças até a entrega da escola. Em segundo lugar está a ampliação da escola para um terreno ao lado, que os responsáveis afirmam estar com metade quitada ainda na gestão do ex-prefeito Manoel Pioneiro (1996-2004). Os pais já reivindicaram uma reunião com a secretária municipal de Educação, mas sem respostas.“Nós temos a preocupação deles terem esse contato precoce com crianças maiores e sofrerem bullying. Essa não é a realidade da nossa escola e eles ainda são muito crianças. E o nosso direito de escolher onde nossos filhos vão estudar? Porque também não aproveitaram a reforma para ampliar, para fazer uma área de lazer para as crianças? Uma quadra, aumentar as salas de aula ou ajeitar o refeitório?”, reflete Jennyfer.O que diz a prefeitura?Procurada pelo DIÁRIO, a Prefeitura de Ananindeua, por meio da Secretaria Municipal de Educação, informou que “segue com as obras para serem entregues até fevereiro do ano de 2025, os alunos seguem tendo aulas de forma híbrida e conforme o calendário escolar municipal”. A nota também afirma que “as obras mantêm dentro da estipulação de prazo e cronograma da empresa, ao qual conseguirá entregar de forma adequada a unidade”.

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