Inflação dos alimentos prejudica mais o bolso dos pobres, saiba mais!

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A inflação tem sido um fator de preocupação para os brasileiros em 2024, e os dados mais recentes do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revelam que a pressão sobre os preços foi especialmente sentida pelas famílias de renda mais baixa. Com a inflação acumulada de 4,83% ao longo do ano, os aumentos nos preços dos alimentos tiveram um impacto considerável no orçamento doméstico das classes mais pobres.

De acordo com o Ipea, em dezembro de 2024, a inflação das famílias de renda muito baixa subiu para 0,48%, em comparação com 0,26% no mês anterior. Esse aumento foi influenciado principalmente pelos preços de alimentos e transporte, dois fatores que impactam diretamente o custo de vida da população.

Como a inflação se comportou em 2024

IPCA
Imagem: rafastockbr / Shutterstock.com

Em 2024, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve um crescimento anual de 4,83%, refletindo a pressão sobre os preços, principalmente no setor alimentício. A alimentação foi o grupo com o maior impacto, registrando uma alta de 7,69% ao longo do ano. Esse aumento nos preços dos alimentos é atribuído, em grande parte, a fatores climáticos adversos, como a seca que prejudicou as lavouras e a produção de alimentos básicos

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Meta da inflação e o impacto real

A meta da inflação para 2024 estava fixada em 3%, com uma margem de variação de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. O teto da meta era de 4,5%, mas o Brasil enfrentou um índice superior a essa meta, o que gerou preocupações econômicas. A única exceção foi em agosto de 2024, quando o IPCA registrou uma deflação de -0,02%, um alívio temporário para os brasileiros.

O impacto desigual da inflação entre as classes sociais

Segundo o Ipea, a inflação em 2024 afetou de maneira desigual as diferentes faixas de renda. Enquanto as famílias mais pobres enfrentaram o maior aumento inflacionário (5%), as famílias com maior poder aquisitivo tiveram a menor alta (4,4%). Essa disparidade pode ser explicada pela composição do orçamento das famílias.

Alta dos alimentos afeta mais os mais pobres

O impacto dos aumentos nos preços dos alimentos foi particularmente pesado para as famílias de renda mais baixa, já que elas destinam uma maior porcentagem de sua renda para a compra de alimentos. Os preços de produtos essenciais, como arroz, carnes e leite, subiram significativamente em 2024. O arroz, por exemplo, teve uma alta de 8,2%, enquanto as carnes registraram um aumento alarmante de 20,8%.

Além disso, outros itens fundamentais para a alimentação diária, como o óleo de soja (29,2%), leite (18,8%) e café (36,9%), também passaram por reajustes significativos. Esses aumentos criaram uma pressão extra sobre o orçamento das famílias, que enfrentam dificuldades para manter uma alimentação adequada e equilibrada.

A pressão dos transportes nas famílias de alta renda

Embora as famílias de baixa renda tenham sido as mais afetadas pela alta dos alimentos, as famílias mais ricas sentiram a pressão da inflação nos gastos com transporte. O grupo de Transportes teve um aumento considerável devido ao reajuste nas tarifas de transporte público, como o metrô (10,8%), e no preço dos combustíveis, como a gasolina (9,7%) e o etanol (17,6%).

Além disso, os custos com serviços de transporte por aplicativo também subiram, com uma alta de 10%. Esses aumentos não foram tão significativos para as famílias mais pobres, que dependem mais do transporte público e enfrentam dificuldades adicionais para arcar com o aumento dos custos de deslocamento.

As pressões nos setores de saúde e cuidados pessoais

Outro setor que sofreu pressões inflacionárias em 2024 foi o de saúde e cuidados pessoais. Produtos farmacêuticos e de higiene, como medicamentos e itens de cuidados pessoais, registraram altas de 6% e 4,2%, respectivamente. Os serviços de saúde também tiveram aumento, com destaque para os planos de saúde, que tiveram reajustes de 7,9% em 2024.

Esses aumentos, embora significativos, não foram tão intensos quanto os registrados nos alimentos e no transporte, mas ainda assim representaram um impacto considerável no orçamento das famílias, especialmente aquelas de renda mais baixa.

O futuro da inflação em 2025: o que esperar

Embora o Brasil tenha superado a meta de inflação para 2024, o cenário econômico para 2025 ainda é incerto. Com a expectativa de novos ajustes econômicos e desafios fiscais, os preços de alimentos e combustíveis devem continuar a ser fatores críticos para a inflação no ano seguinte.

As famílias mais pobres, que já enfrentaram dificuldades em 2024, provavelmente continuarão a ser as mais afetadas, pois os alimentos representam uma parte significativa de seus gastos. Por outro lado, as famílias mais ricas, que gastam uma menor proporção de sua renda com alimentação, devem enfrentar menos dificuldades no curto prazo.

O papel do governo na mitigação dos impactos

Imagem de uma pessoa analisando recibos em um mercado
Imagem: Denys Kurbatov/Shutterstock.com

Para amenizar os efeitos da inflação sobre as famílias de baixa renda, é fundamental que o governo implemente políticas públicas que ajudem a conter a alta dos preços e a oferecer suporte às camadas mais vulneráveis da população. A adoção de medidas como a ampliação de programas de transferência de renda e o incentivo à produção de alimentos pode ser essencial para aliviar o impacto da inflação nos bolsos dos brasileiros.

Considerações finais

A inflação de alimentos em 2024 foi um desafio significativo para as famílias de renda mais baixa, que viram seus orçamentos comprometidos com os aumentos nos preços de itens essenciais. Embora a inflação tenha sido mais moderada para as famílias mais ricas, o Brasil ainda enfrenta um cenário de pressão econômica que pode persistir em 2025. É essencial que o governo tome medidas para mitigar os efeitos da inflação e apoiar aqueles que mais sofrem com os altos custos de vida.

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