Grammy 2025: O Metal Ainda Luta por Espaço, Mas Gojira Faz História na Premiação

O Grammy nunca foi o evento mais acolhedor para o metal. Enquanto pop, rap e R&B dominam a cerimônia, os subgêneros mais pesados do rock costumam ficar relegados a uma única categoria: Melhor Performance de Metal. Ainda assim, a edição de 2025 trouxe um pequeno, mas significativo avanço para a cena: o Gojira levou o prêmio e, pela primeira vez na história, uma mulher foi premiada nesta categoria.

A banda francesa, que já vinha ganhando cada vez mais respeito na indústria, venceu com a música “Mea Culpa (Ah! Ça Ira!)”, apresentada mundialmente durante a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris em 2024. A conquista foi compartilhada com a cantora de ópera Marina Viotti e o diretor musical Victor Le Manse, tornando-a a primeira mulher a ganhar um Grammy na categoria de metal desde sua criação, em 1989.

A relação entre o Grammy e a música pesada sempre foi complicada. O evento, claramente voltado ao mainstream, raramente dá espaço para o metal em suas categorias principais. O maior exemplo dessa negligência aconteceu logo na criação do prêmio de Melhor Performance de Metal, em 1989, quando o Jethro Tull (uma banda de rock progressivo com flautas e quase zero peso) venceu o Metallica, que concorreu com …And Justice for All. O episódio virou uma das maiores gafes da história da premiação e deixou claro que a academia simplesmente não entendia o gênero.

Desde então, a situação melhorou um pouco, mas o metal continua isolado em sua categoria de nicho e raramente ganha destaque na transmissão principal da cerimônia. Isso sem contar que, quando os indicados saem do eixo EUA-Reino Unido, a representatividade cai drasticamente.

A vitória do Gojira neste ano não é apenas um marco para mulheres no metal, mas também para bandas fora do eixo anglo-americano. Como destacou Joe Duplantier, vocalista e guitarrista da banda, o metal precisa de mais espaço para bandas internacionais e, principalmente, de mais apoio aos artistas locais.

“Queremos dedicar este prêmio a todas as bandas que estão superando os limites. Apoiem seus artistas locais, apoiem suas bandas locais, porque é onde eles estão, e eles estão nos inspirando a continuar.”

A vitória do Gojira e a presença de mais artistas jovens e diversos na categoria de metal são sinais positivos, mas ainda não são suficientes para resolver os problemas estruturais da premiação.

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