Quais são as ações eficazes para proteção da fauna silvestre de Blumenau

O município de Blumenau conta com o SAASBlu, um exemplar projeto de extensão da Furbque atende ocorrências médico veterinárias de emergência, em sua maioria mamíferos e aves. Um convênio com a Polícia Militar Ambiental (PMA), o município e a Universidade, permitiu que o Hospital Veterinário da Furb atendesse 894 animais nativos que para ali foram encaminhados durante o ano de 2024.

Na última reunião ordinária do Conselho Municipal do Meio Ambiente (CMMA), ocorrida em 19/12/2024, o coordenador do SAASBlu, professor Júlio César de Souza Júnior, explicou que a maior parte das ocorrências são devido a traumatismos, como acidentes de choques de aves com janelas e superfícies espelhadas, eletrochoques em fiação elétrica, atropelamentos em vias públicas e ataques de animais domésticos, como, cachorros e gatos.

Apesar de todos os esforços, 60% dos animais que lá chegam ou morrem, ou sofrem eutanásia, por conta da gravidade dos ferimentos. Boa parte dos que sobrevivem, caso não tenham mais condições de voltarem à natureza, são encaminhadas para instituições que os acolhem, como zoológicos e criadouros. Somente 8,5% são soltos na natureza. O índice pode parecer baixo, mas, quando lembramos que, se não fosse esse atendimento, nenhum animal seria devolvido à natureza, a gente conclui que o serviço vale muito a pena e deve ser apoiado.

A apresentação do relato do professor Júlio César foi alvo de merecida atenção e entusiasmo dos membros do CMMA presentes àquela reunião. Falou-se até em ambulância veterinária e coisas semelhantes para melhorar o atendimento aos nossos bravos animais silvestres.

Realmente, o que resta de nossa depauperada fauna merece todo o apoio e atenção, visando proteger o máximo possível de indivíduos e a recuperação das suas populações e o dedicado serviço prestado pelo SAASBlu merece todo o nosso aplauso e apoio, sem qualquer dúvida. Mas há uma fundamental diferença entre o atendimento à saúde de bichos silvestres e a saúde humana.

No caso da defesa dos animais silvestres, há que se atentar para o enfoque maior na espécie e não tanto nos indivíduos como fazemos quando se trata da saúde humana. Até poderemos ter num futuro próximo, quem sabe, uma ou mais ambulâncias veterinárias. Porém, antes disso, temos que nos empenhar seriamente em questões abrangentes de proteção da fauna silvestre, com ações eficazes como, por exemplo:

  • controlar o problema dos choques de aves contra vidros e superfícies espelhadas, que matam e mutilam muitos milhões de aves por ano aqui e no mundo e precisam de urgente regramento;
  • implantar muito mais passa-faunas adequados para permitir a travessia segura de bichos da fauna e diminuir, também, outros milhões de atropelamentos nas estradas, bem como fazer campanhas de conscientização dos motoristas;
  • erradicar das proximidades de ambientes naturais animais domésticos como cães e gatos soltos, responsáveis por mais um bocado de milhões de mortes de bichos silvestres por ano no mundo. Lugar de totós e bichanos não é apenas nos corações dos seus proprietários. É, também, dentro do cercado de cada casa ou habitação ou na guia dos seus donos, quando passeando;
  • preservar o que restou de ambientes naturais, sem os quais, quase cem por cento das espécies da fauna, flora e funga não sobrevivem. Isso é fundamental quando se trata, por exemplo, da Mata Atlântica brasileira, da qual resta, com boa qualidade e tamanho, menos de cinco por cento da área original no Brasil;
  • mas não basta preservar as florestas e demais ambientes naturais se não houver permanente campanha, fiscalização e rigorosa punição aos tarados covardes que continuam insistindo na anacrônica prática da caça ilegal em pleno século XXI indo matar lá dentro das florestas, os bichos que não saíram delas para serem atropelados, eletrocutados, atacados por cães e gatos ou morrerem em choque contra vidraças.

Sobre este último aspecto, no último sábado, este autor subiu, pela 108ª vez o conhecido Morro Spitzkopf em Blumenau (vide Baú Ambiental, abaixo), mantido como reserva particular desde 1932 pelo seu então proprietário, Sr. Udo Schadrack.

Antes desta última subida, fazia tempo que eu, muito decepcionado, não observava mais sinais da presença de fauna nos 6,5 quilômetros até o topo do morro. Mas, sabia-se da implacável atuação de caçadores ilegais que residem nas redondezas, como na Nova Rússia, em Blumenau.

Faz uns dois ou três anos que um notório jovem caçador, de menos de 40 anos de idade, não mais atua na região e, desta vez, voltei a observar muitas pegadas de fauna, notadamente de cervídeos, naquela trilha. Mera coincidência?

Lauro Bacca

Imagem obtida do Centro de Blumenau, do 15º andar do edifício Catarinense para o Sul do município há exatos 50 anos e 13 dias quando era erguido o primeiro, das dezenas de edifícios cada vez mais altos da região das alamedas.

Escavações exageradas e sem qualquer controle como se vê nos morros à direita e, mais ao fundo, à esquerda, felizmente, com exceções, não são mais observadas na paisagem da cidade, graças à legislação ambiental municipal.

No perfil do horizonte ao fundo, destaque ao morro Bugerkopf (620 m) à esquerda e ao morro Spitzkopf (914 m) à direita, hoje inseridos no Parque Nacional da Serra do Itajaí. Foto Lauro Eduardo Bacca, em 21/01/1975.


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