Auditoria aponta que INSS dobrou os gastos e reduziu atendimento

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Recentemente, uma auditoria interna realizada pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) revelou dados alarmantes sobre os custos relacionados ao atendimento presencial nas agências da instituição. Embora o número de visitas presenciais tenha diminuído em 61% entre 2019 e 2023, os custos com o atendimento presencial dobraram nesse mesmo período. Esse aumento de despesas é principalmente atribuído ao aumento dos contratos de serviços essenciais para o funcionamento das unidades, que tiveram um crescimento de 116%.

O relatório aponta que o INSS não ajustou adequadamente sua infraestrutura para acompanhar a transformação digital, que vem sendo cada vez mais adotada para a prestação de serviços mais rápidos e menos onerosos. O atendimento online poderia ter substituído boa parte dos atendimentos presenciais, mas, devido à falta de adaptação, o órgão ainda mantém elevados custos com serviços presenciais.

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A redução de visitas presenciais e o aumento de custos

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Imagem: Joa Souza / Shutterstock.com

A principal constatação da auditoria interna do INSS é que, apesar da queda nas visitas presenciais às agências, o gasto com o atendimento presencial aumentou consideravelmente. Em 2019, muitas pessoas ainda buscavam atendimento presencial devido à falta de alternativas digitais ou à dificuldade em navegar pelos sistemas online. No entanto, com a crescente digitalização dos serviços e o aumento da oferta de soluções digitais, a demanda por atendimento presencial começou a cair.

Entre 2019 e 2023, o número de beneficiários que visitavam as agências do INSS diminuiu em 61%, refletindo o aumento do uso de canais online. Apesar dessa redução, o INSS continuou a gastar de forma significativa com a manutenção de serviços presenciais, principalmente com contratos de segurança, limpeza e outros serviços essenciais.

A análise sugere que a gestão do INSS falhou em readequar sua estrutura à nova realidade digital, o que resultou em custos elevados, enquanto a transformação digital poderia ter contribuído para reduzir esses gastos e aumentar a eficiência dos serviços prestados.

O desajuste na infraestrutura de tecnologia do INSS

Outro ponto crucial identificado no relatório foi a inadequação na aquisição de equipamentos de informática durante o governo Lula. O INSS não adquiriu os computadores e notebooks necessários para a transformação digital de suas agências, com apenas 36% das necessidades atendidas. Essa falta de equipamentos de qualidade e quantidade suficientes para suprir a demanda por serviços online gerou um grande impacto na eficiência dos serviços prestados.

Além disso, o INSS enfrentou restrições orçamentárias durante esse período, o que comprometeu ainda mais a implementação de soluções digitais adequadas. A falta de investimento em tecnologia deixou muitas agências do INSS dependentes de infraestrutura ultrapassada, dificultando a adaptação às novas necessidades dos beneficiários, que cada vez mais buscam serviços digitais rápidos e eficientes.

Custos de manutenção das Unidades da Agência da Previdência Social (APS)

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Imagem: Freepik e Canva

A auditoria também destacou os custos elevados com a manutenção das unidades da Agência da Previdência Social (APS), que continuaram gerando despesas mesmo após a extinção de algumas gerências executivas. Embora algumas dessas unidades não fossem mais necessárias, os custos com segurança e manutenção dos imóveis permaneceram elevados. Esse cenário indica uma falta de otimização no uso dos recursos e uma gestão ineficiente da infraestrutura do INSS.

Esse desperdício de recursos poderia ser evitado com um planejamento mais eficiente e a implementação de um sistema que avaliasse periodicamente a necessidade de cada unidade, eliminando aquelas que não são mais relevantes ou que poderiam ser substituídas por soluções digitais mais eficazes.

Recomendações da auditoria para o INSS

Diante dos resultados da auditoria, algumas recomendações foram feitas para o INSS com o objetivo de melhorar a gestão de recursos e otimizar os serviços prestados aos beneficiários. Entre as principais recomendações estão:

  1. Estabelecimento de critérios objetivos para avaliar periodicamente a adequação da rede de atendimento: O INSS deve adotar critérios claros e objetivos para determinar quais agências e serviços são realmente necessários, eliminando os excessos e otimizando os custos.
  2. Implementação de rotinas de comunicação mais eficientes: O INSS deve melhorar a comunicação interna e com os beneficiários, facilitando o uso de soluções digitais e evitando custos com atendimentos desnecessários.
  3. Remanejamento de equipamentos de informática subutilizados: Os equipamentos de informática que estão sendo pouco utilizados devem ser redistribuídos para outras unidades ou, caso não sejam mais necessários, vendidos para reduzir custos com manutenção de tecnologia desatualizada.

Essas ações, se implementadas corretamente, podem contribuir para uma redução significativa dos custos operacionais e para a melhoria da qualidade do atendimento aos beneficiários.

Aumento nos benefícios previdenciários

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Imagem: Freepik e Canva

Além dos desafios relacionados à infraestrutura e ao atendimento, o Ministério da Previdência Social (MPS) anunciou um reajuste de 4,7% nos benefícios para 2025, com um novo teto de R$ 8.100. Esse aumento visa acompanhar a inflação e melhorar as condições dos beneficiários, mas também traz à tona a crescente preocupação com a gestão dos recursos do INSS, que precisa se adequar para garantir a sustentabilidade financeira do sistema.

A implementação de soluções digitais e a otimização dos custos operacionais serão fundamentais para que o INSS possa atender a essa demanda crescente por benefícios maiores, ao mesmo tempo em que controla os gastos e melhora a eficiência de seus serviços.

Conclusão

A auditoria realizada pelo INSS revelou falhas significativas na gestão de recursos e na adaptação do órgão à transformação digital. Embora a demanda por atendimento presencial tenha diminuído, os custos com esses atendimentos aumentaram consideravelmente, devido à falta de readequação da infraestrutura. Além disso, a aquisição inadequada de equipamentos e a manutenção de unidades desnecessárias geraram custos adicionais para a instituição.

O INSS precisa adotar medidas para melhorar a gestão dos recursos, como a avaliação periódica da adequação da sua rede de atendimento e o remanejamento de equipamentos. Com isso, o órgão poderá melhorar a qualidade do atendimento aos beneficiários, ao mesmo tempo em que otimiza os custos e se prepara para os desafios financeiros que se apresentam com o aumento nos benefícios previdenciários.

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