Para analistas de TI, salário defasado explica desistência recorde no Enem dos Concursos

A desistência e até desinteresse de praticamente um terço dos aprovados para as 300 vagas de analistas de tecnologia da informação no Concurso Nacional Unificado tem relação direta com a diferença salarial entre o Executivo Federal e o setor privado, e mesmo com instituições públicas.

É o que aponta o presidente da Associação Nacional dos Analistas de TI, Anati, Thiago Aquino. “Já se imaginava que isso ocorreria. E é simples entender. Analistas em TI do Banco Central, do Tesouro Nacional, do IPEA e mesmo da carreira de APO-TI do Ministério da Gestão têm salário inicial superior a R$ 20 mil, com um final de carreira que ultrapassa os R$ 30 mil. Já o ATI, que é praticamente a mesma atuação e atribuições, só vai para mais de R$ 20 mil no fim da carreira”, dispara.  

A categoria tentou uma negociação para aumento de salários de fim de carreira no ano passado, dos atuais R$ 21 mil para R$ 26 mil. A pauta era equiparação com outras, como Funai, Agência Nacional de Mineração e os Analistas de Infraestrutura. Não houve sucesso.

“ATI teve 57 desistências na primeira chamada. Somando os 29 que não optaram e os oito que sequer tiveram interesse em saber o resultado, chega a 94 desistências. É quase um terço das vagas. Foi a maior desistência do bloco em proporção e em números. E em uma área de menor concorrência do CNU”, disse.

Aquino acredita que as desistências reforçam um entendimento que vem desde os concursos de 2013 e 2015. “Esses concursos foram fracassados. E talvez não fracasse agora porque o cadastro de reserva tem uma fila que chega no Ceará. É o resultado de se virar as costas para dados, estudos e fundamentos”, diz o presidente da Anati.

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