Crítica: “Sing Sing” e a arte como cura dos problemas da masculinidade

A arte serve do que refúgio aos presos de uma conhecida prisão norte-americana. Diversas dores afloram e são discutidas no filme “Sing Sing”, que chega ao Brasil no dia 20 de fevereiro. O longa-metragem de Greg Kwedar está indicado ao Oscar para Melhor Ator (Colman Domingo) e Melhor Roteiro Adaptado.

Trama

Inspirado no livro “Sing Sing Follies”, ainda sem tradução no Brasil, o filme acompanha o programa de reabilitação da prisão de Sing Sing, nos Estados Unidos. O personagem de Colman Domingo, John “Divine G” Whitfield, encabeça um elenco muito coeso. Inclusive, muitos atores são ex-presidiários e boa parte deles fez parte do exato programa que retratam no longa. Isso é um ganho para a verossimilhança da trama e flui de forma natural, com grandes atuações de todo o elenco.

A chegada de um novo preso, Clarence “Divine Eye” Maclin, tira o destaque que John tinha, como dramaturgo e principal ator do grupo. Clarence parece enfrentar o colega a todo momento, até mesmo fazendo os colegas trocarem o texto de John por uma comédia e depois fazer teste pelo único papel dramático que seria de Divine G.

Drama

Enquanto ensaiam para uma nova peça, os presos também têm seus próprios conflitos internos. As divergências de Divine Eye e Divine G vão desvelando questões do primeiro, como masculinidade tóxica. Manter as aparências e criar barreiras emocionais o impedem de descobrir e viver algo diferente dos padrões nocivos. Sean “Dino” Johnson, um dos artistas que descobriu a atuação dentro do presídio na vida real, dá um poderoso discurso em uma cena sobre a importância de ser vulnerável, tanto para criar arte quanto para se curar.

Divine G tenta, além de entregar o seu melhor nas aulas de teatro, encontrar evidências que provem sua inocência. Essa jornada paralela não tira o protagonismo do tema central, mas é interessante quando aliada à tentativa do preso em se deixar curar pela arte. O filme traz diversas cenas em que apresenta o programa de recuperação não apenas como uma forma de reduzir sentenças, mas também de abrir um caminho de autoconhecimento aos presos.

Visual

Entre closes e cenas ágeis, com câmera na mão, “Sing Sing” cria movimento com diálogos diretos. Passado inteiramente dentro da prisão, consegue variar cenários entre as claustrofóbicas celas e corredores. A direção faz o palco ser um espaço mais livre e aberto do que o pátio para o banho de sol, um acerto ao demonstrar o poder da arte. Os figurinos, que na maior parte são uniformes, quando são substituídos pelos figurinos, carregam uma intensidade. A magia do imaginário é transportada aos detalhes para as cenas.

“Sing Sing” é um filme poderoso que, ainda que sua estrutura seja mais tradicional, consegue ser eficaz visualmente e traz no roteiro e atuações sua verdadeira força. Ao incluir camadas de discussão sobre masculinidade, consegue renovar a temática de cura pela arte já visto anteriormente.

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