Extrema pobreza no Brasil cai para o menor nível desde 2012

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O cenário socioeconômico brasileiro passou por transformações significativas nos últimos anos. Em 2023, o país alcançou a menor taxa de pobreza e extrema pobreza da série histórica iniciada em 2012. Os dados, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na Síntese de Indicadores Sociais (SIS) 2024, trazem uma visão otimista para a população mais vulnerável.

A pesquisa revela que 8,7 milhões de brasileiros deixaram a linha da pobreza em um ano. A população com renda per capita abaixo de R$ 665 caiu de 67,7 milhões para 59 milhões, representando 27,4% da população – o menor nível dos últimos dez anos.

Além disso, a extrema pobreza também atingiu o menor patamar da história. O número de brasileiros com renda mensal abaixo de R$ 209 caiu de 12,6 milhões para 9,5 milhões, reduzindo a taxa de 5,9% para 4,4%.

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A influência dos programas sociais na redução da pobreza

A proteção social oferecida pelo Programa Bolsa Família foi um dos principais fatores que contribuíram para essa melhora. Segundo a SIS 2024, sem esses programas, a extrema pobreza no Brasil teria saltado para 11,2%, enquanto a pobreza geral teria subido de 27,4% para 32,4%.

O novo modelo do Bolsa Família, recriado em março de 2023, trouxe mudanças significativas para ampliar a cobertura social. Além do benefício mínimo de R$ 600 por família, o programa implementou cestas de benefícios ajustadas de acordo com a composição familiar:

  • R$ 150 adicionais para cada criança de 0 a 6 anos;
  • R$ 50 extras para crianças e adolescentes de 7 a 18 anos incompletos;
  • R$ 50 adicionais para gestantes e nutrizes;
  • Valor de R$ 142 por pessoa no cálculo do repasse por domicílio.

Impacto do crescimento do emprego na redução da pobreza

A redução da pobreza também está ligada ao crescimento da taxa de empregos formais. Apenas nos dez primeiros meses de 2024, o Brasil superou a marca de 2 milhões de novos empregos com carteira assinada.

O destaque vai para a inclusão de trabalhadores de baixa renda no mercado formal: 70% das vagas foram preenchidas por pessoas cadastradas no Cadastro Único do Governo Federal – grupo que representa a camada mais vulnerável da sociedade e é o público-alvo do programa Acredita no Primeiro Passo.

Entre janeiro de 2023 e outubro de 2024, o país acumulou um saldo de 3,5 milhões de novos empregos com carteira assinada, alcançando o maior estoque de empregos formais da história, com 47,63 milhões de trabalhadores registrados.

Os dados são do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e refletem uma recuperação do mercado de trabalho, que impulsionou a mobilidade social de milhões de brasileiros.

Comparação histórica da taxa de pobreza e extrema pobreza

Quase 50 milhões de brasileiros vivem em situação de extrema pobreza
Imagem: StanislauV / Shutterstock.com

Evolução da população na linha da pobreza (renda abaixo de R$ 665 por mês)

  • 2012: 38,5%
  • 2016 (pico da crise econômica): 41,3%
  • 2020 (pandemia de COVID-19): 35,6%
  • 2023: 27,4% (melhor índice da série histórica)

Evolução da extrema pobreza (renda abaixo de R$ 209 por mês)

  • 2012: 8,4%
  • 2016: 9,1%
  • 2020: 7,3%
  • 2023: 4,4% (menor índice já registrado)

Fatores que contribuíram para a redução da pobreza

1. Fortalecimento dos programas sociais

A ampliação dos benefícios do Bolsa Família e a reestruturação de políticas assistenciais foram essenciais para melhorar a renda das famílias mais pobres.

2. Aumento do salário mínimo

O reajuste do salário mínimo para R$ 1.518 também impactou positivamente o poder de compra e a qualidade de vida dos trabalhadores de baixa renda.

3. Crescimento da formalização no mercado de trabalho

A criação de empregos formais fortaleceu a inclusão produtiva, proporcionando maior estabilidade financeira para milhões de brasileiros.

4. Controle da inflação

A redução dos índices inflacionários ajudou a preservar o poder de compra das famílias mais vulneráveis, garantindo que os benefícios sociais e salários fossem mais eficazes na redução da pobreza.

Perspectivas para 2025

Com a recuperação da economia e o avanço das políticas sociais, a tendência é que o Brasil continue reduzindo a taxa de pobreza e extrema pobreza. No entanto, especialistas alertam para a necessidade de políticas contínuas para:

  • Ampliar a educação e a qualificação profissional;
  • Garantir o fortalecimento da geração de empregos formais;
  • Aprimorar os mecanismos de transferência de renda para consolidar os avanços obtidos.

Considerações finais

Os números revelados pela Síntese de Indicadores Sociais (SIS) 2024 mostram que o Brasil está no caminho certo para combater a pobreza e a extrema pobreza. A combinação de políticas públicas eficazes, crescimento do emprego e aumento da renda ajudou a tirar milhões de brasileiros da vulnerabilidade social.

Para manter essa trajetória positiva, o país precisa continuar investindo em inclusão social e econômica, garantindo que mais pessoas tenham acesso a oportunidades e melhoria de qualidade de vida.

Imagem: Lyon Santos/ MDS

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