Pena de Pavão de Krishna remete ao hinduísmo, tem músicas de afoxé e sai em defesa do meio-ambiente

O tradicional bloco PPK (Pena de Pavão de Krishna) encanta o Carnaval BH 2024 com seus integrantes pintados de azul e com adereços que remetem ao hinduísmo.

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O nome é inspirado na música Trilhos Urbanos, em que Caetano Veloso fala da pena de pavão de Krishna, um adorno presente na coroa da deusa dos hindus. A ave está presente em diversos templos indianos e simboliza bondade, prosperidade e sorte.

Outro elemento da religião majoritariamente indiana presente no desfile é o azul com que as pessoas se pintam, uma tradição hindu.

A origem do bloco se deu pelas relações de coincidência entre as culturas de matriz africana e a hindu. Essa mistura de elementos da africanidade com elementos do hinduísmo é bem comum na música popular. Segundo o bloco, esses dois complexos de religião trazem muito a questão da música, que é complemento da própria crença.

Anualmente, entre 5 e 10 mil pessoas participam do cortejo, que desfila pelas ruas de BH desde 2013, ao som de afoxé, Gilberto Gil, Caetano Veloso e outros grandes artistas.

A concentração é, tradicionalmente, no domingo, por volta das 6h. O PPK é conhecido por sempre sair de lugares diferentes, e em 2025, o local escolhido ainda não foi divulgado. Já passou pelo Barreiro, Praça da Liberdade e até Caeté, na região metropolitana. Sempre buscando alertar para pautas ambientais.

Desfile do PPK sempre rende belas imagens em um colorido único (Beatriz Kalil Othero/BHAZ)

Pena de Pavão de Krishna celebra a partilha

Ao BHAZ, os produtores do Pena de Pavão de Krishna Andreza Coutinho e Manuel Andrade explicam que, antes de iniciar o trajeto, fazem sempre um piquenique. Para eles, o momento é de celebração e encontro das pessoas.

“A ideia é partilha, amor e afeto. Pedimos que as pessoas levem os alimentos e forramos uma grande toalha no chão. O bloco fica responsável por levar água e melancias, que é uma fruta de Krishna”, conta Andreza.Manuel relata que o PPK pede para que os integrantes façam as pinturas no local do cortejo.

“A gente pede que cada um leve sua tinta e pinte uns aos outros. Esse momento de toque no rosto, da ajuda, tudo faz parte do momento. O desfile começa bem antes de sairmos do lugar”.

Foliões no bloco Pena de Pavão de Krishna no Carnaval de 2023 (Beatriz Kalil Othero/BHAZ)

Banda e curiosidades

A banda é formada por voz e violão, conta com baixo, instrumentos de percussão e clarineta. Além disso, a formação tem agogô, surdo, xequerê, abge e timbau. Cerca de 100 pessoas compõem a banda. São três vozes principais e 30 pessoas na ala de dança.

Uma curiosidade é que o sistema de som é todo levado por bicicletas. O PPK até chegou a usar um trio elétrico, mas voltou às origens usando bicicletas tuk tuk. Outra curiosidade é que o cortejo é encerrado com uma ciranda, com todos dando as mãos em uma grande roda.

Foliões no cortejo de Carnaval de BH 2023 (Beatriz Kalil Othero/BHAZ)

Preservação ambiental

O bloco é fortemente politizado e tem como principal luta a preservação do meio ambiente. Em 2019, o Pena de Pavão de Krishna lembrou as vítimas do crime ambiental em Brumadinho, na Grande BH. Eles também prestaram tributo a Moa do Katendê, fundador do afoxé Badauê de Salvador, que foi brutalmente assassinado por intolerância política nas eleições de 2018.

Em 2023, o PPK fez um cortejo voltado para o tombamento da Serra do Curral, contra a mineração na área. “É importante frisar que essa é nossa principal bandeira, a defesa ambiental. Estamos sempre a favor de pautas pró-natureza”, explica Andreza.

Foliões saem pintados de azul e com adereços (Beatriz Kalil Othero/BHAZ)

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