Unicef registra aumento de casos de violência contra crianças na RDC

Mulher com seus filhos leva seus pertences recuperados de um antigo campo de deslocados internos destruído em Goma, 1º de fevereiro de 2025Michel Lunanga

Michel Lunanga

A diretora do Unicef alertou, nesta quinta-feira (13), sobre o aumento dos casos de graves violações dos direitos da infância pelas partes envolvidas no conflito no leste da República Democrática do Congo (RDC), particularmente estupros.

“Em Kivu do Norte e Kivu do Sul, estamos recebendo informes arrepiantes de graves violações cometidas contra crianças pelas partes em conflito, inclusive estupros e outras formas de violência sexual, em níveis nunca vistos nos últimos anos”, declarou, em um comunicado, Catherine Russell.

Entre 27 de janeiro e 2 de fevereiro, por exemplo, os parceiros da agência da ONU no terreno registraram um aumento em cinco vezes no número de casos de estupros tratados em 42 centros de saúde, 30% dos quais eram crianças, disse.

E “as cifras reais provavelmente são muito mais elevadas porque muitas sobreviventes relutam em denunciar”, insistiu, destacando que os trabalhadores humanitários “estão ficando sem medicamentos para reduzir o risco de contrair o HIV após as agressões sexuais”.

“Uma mãe contou ao nosso pessoal como suas seis filhas, a menor com apenas 12 anos, foram violentadas sistematicamente por homens armados enquanto buscavam comida”, acrescentou.

Enquanto o grupo armado M23 (Movimento 23 de Março) e as forças ruandesas seguem avançando no leste do país, “milhares de crianças vulneráveis dos campos de deslocados foram obrigadas a fugir várias vezes para escapar dos combates”, assinalou Russell.

Ela disse ainda que centenas de crianças foram separadas de suas famílias, “expondo-as a riscos maiores de sequestro, recrutamento e utilização por grupos armados e violência sexual”.

Só nas últimas duas semanas foram identificados 1.100 menores desacompanhados em Kivu do Norte e Kivu do Sul, detalhou.

Ela também alertou para o aumento do recrutamento de crianças por parte de grupos armados.

O grupo antigovernamental M23, que não parou de ganhar terreno do exército congolês desde seu ressurgimento, no fim de 2021, tomou a cidade de Goma, capital do Kivu do Norte, no final de janeiro. Agora, avança para Bukavu, capital do Kivu do Sul.

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