Investidor estrangeiro vê ações brasileiras como pechincha e pode voltar ao mercado

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O ano de 2024 foi desafiador para a Bolsa brasileira, com o Ibovespa, principal índice de ações da B3, registrando uma queda de 10,36%. Esse desempenho negativo fez com que o índice brasileiro fosse o pior entre as principais bolsas globais.

Embora o cenário tenha sido desafiador, sinais recentes indicam que o Brasil pode atrair um retorno gradual dos investidores estrangeiros em 2025.

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O Retorno Potencial dos Investidores Estrangeiros

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Imagem: Ground Picture / Shutterstock.com

Em 2024, os investidores internacionais retiraram um montante significativo da B3, somando R$ 32 bilhões. Esse número representou o maior fluxo de saída desde 2020, refletindo a cautela diante de um ambiente econômico doméstico e global de incertezas. Contudo, conforme avalia Daniel Gewehr, estrategista-chefe do Itaú BBA, há sinais claros de que os investidores estrangeiros podem estar começando a reavaliar o Brasil como uma opção atrativa para investimentos, especialmente em 2025.

De acordo com Gewehr, que participou de um road show nos Estados Unidos no início de 2025, o perfil dos investidores que estão monitorando o Brasil mudou significativamente. Hoje, o país não é apenas de interesse para fundos especializados em mercados emergentes ou na América Latina. Também há um crescente interesse por parte de fundos globais quantitativos e de deep value, que buscam ativos abaixo de seu valor real.

“O road show que participei foi o melhor da última década, especialmente pelo perfil dos novos investidores que estão observando o Brasil. Acredito que, após o desempenho negativo de 2024, o valuation da Bolsa Brasileira agora está atraente para esses fundos”, afirmou Gewehr.

Sinais de Otimismo: A Percepção Positiva do Mercado

Além de Gewehr, outros especialistas indicam que o interesse por ativos brasileiros está em ascensão. Um levantamento recente de sentimento de mercado, realizado pelo Itaú BBA, revelou que 40,4% dos entrevistados no Brasil possuem uma visão positiva sobre o futuro da Bolsa brasileira nos próximos seis meses. Esse número é ainda mais expressivo entre investidores internacionais, chegando a 56%.

Gewehr também aponta que, em 2024, o ano foi marcante para a recompra de ações pelas empresas brasileiras. Esse movimento é considerado por muitos analistas como um sinal de que as empresas estão vendo suas ações como subavaliadas e, consequentemente, mais atrativas. Historicamente, os anos de grandes recompras de ações tendem a ser seguidos de um desempenho positivo do Ibovespa, o que reforça a expectativa de que a Bolsa brasileira possa se recuperar.

Fluxo de Investimentos Estrangeiros: Perspectivas Moderadas

Embora o interesse por parte dos investidores estrangeiros tenha aumentado, o fluxo de capital ainda se apresenta de forma moderada. A entrada de R$ 6,82 bilhões na B3, registrada em janeiro de 2025, é um bom indicativo do retorno gradual dos investidores, embora essa quantia tenha sido impulsionada por movimentos pontuais, como a venda da participação da Cosan na Vale, que atraiu forte interesse internacional. Até fevereiro, o ingresso de capital estrangeiro foi de R$ 1,4 bilhão, ainda dentro de um ritmo cauteloso.

Fatores Externos e o Impacto nas Decisões de Investimento

Os investidores internacionais ainda aguardam maiores definições sobre diversos fatores, tanto no Brasil quanto no exterior, antes de tomarem decisões mais agressivas. O cenário político brasileiro, com foco nas eleições presidenciais de 2026, é um dos principais pontos de atenção. Além disso, o impacto das políticas tarifárias de Donald Trump nos Estados Unidos, especialmente em relação ao Canadá e México, também pode influenciar a estratégia de investimentos no Brasil.

Para Tiago Cunha, sócio de renda variável da Ace Capital, o fluxo de investimentos estrangeiros ainda é tímido, mas existem evidências claras de que os fundos internacionais estão cada vez mais atentos ao Brasil. “Embora o movimento ainda seja modesto, há sinais de que alguns fundos estão começando a participar ativamente das discussões sobre o país”, afirmou Cunha.

A Dinâmica do Mercado Brasileiro: Expectativas para o Futuro

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Imagem: Bro Crock / Shutterstock.com

A recuperação do Ibovespa em 2025 depende de diversos fatores, incluindo o desempenho das empresas brasileiras, o cenário político interno e as condições econômicas globais. A questão eleitoral, por exemplo, será fundamental para dar mais clareza sobre as futuras políticas econômicas e fiscais do país.

Em um cenário global de incertezas, o Brasil pode se destacar como um destino relativamente mais protegido para os investidores, uma vez que sua economia é mais fechada em relação a outros mercados emergentes. Além disso, a expectativa de que as políticas de Trump possam impactar negativamente a economia de outros países pode aumentar o apelo do Brasil como uma alternativa para a diversificação de portfólios internacionais.

O Impacto do Valuation e das Ações Corporativas

Além dos fatores macroeconômicos, a maneira como as empresas brasileiras se comportam também terá um papel crucial na atração de investimentos. O fato de muitas empresas terem promovido recompras de ações pode ser um reflexo de um mercado que considera suas empresas mais baratas do que o valor de mercado indica. Esse tipo de movimento é um indicativo de que os investidores estratégicos acreditam que os preços estão favoráveis e podem gerar retornos no futuro.

Empresas de diferentes setores, como energia, telecomunicações e tecnologia, têm se mostrado resilientes, o que pode atrair mais investidores à medida que o cenário político e econômico do Brasil se torna mais claro.

O Cenário Global e o Risco Geopolítico

Outro fator importante para a recuperação do Ibovespa e para a volta dos investimentos estrangeiros é o cenário geopolítico global. Com o risco de tensões comerciais entre grandes potências, como os Estados Unidos, China e a União Europeia, o Brasil pode se beneficiar por ser uma economia mais isolada e menos exposta às flutuações globais.

No entanto, é preciso lembrar que o contexto global é volátil, e qualquer mudança brusca nas relações internacionais pode impactar a percepção dos investidores. A expectativa é que, com a reeleição de Trump ou o surgimento de novas políticas globais, o Brasil possa se beneficiar de um fluxo maior de investimentos estrangeiros, aproveitando sua posição estratégica no continente americano.

Imagem: LookerStudio/Shutterstock

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