Justiça determina bloqueio de venda de casa de ex-executivo do Itaú investigado por fraude

Alexsandro Broedel Lopes

A Justiça de São Paulo determinou o bloqueio da venda de um imóvel pertencente a Alexsandro Broedel Lopes, ex-diretor financeiro do Itaú Unibanco. A decisão, emitida na última terça-feira (25.fev.2025) pela juíza Larissa Gaspar Tunala, da 1ª Vara Empresarial e Conflitos de Arbitragem, atende a um pedido do banco, que busca garantir o pagamento de uma indenização de R$ 3,35 milhões.

Segundo a magistrada, há indícios de que Broedel enfrenta uma “delicada situação financeira”, o que justificaria a medida cautelar. A venda do imóvel poderia comprometer a execução da dívida, especialmente porque o ex-executivo já reside fora do Brasil. Atualmente, Broedel mora em Madri, na Espanha, onde ocupa o cargo de vice-presidente sênior do Banco Santander desde outubro de 2024.

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As Acusações Contra Broedel

Ex-diretor Financeiro é Acusado de Fraude em Contratação de Consultoria

O Itaú Unibanco processa Alexsandro Broedel por supostas irregularidades na contratação de serviços de consultoria. De acordo com a instituição financeira, o ex-CFO teria aprovado pagamentos no valor total de R$ 10,45 milhões entre 2021 e 2024 sem seguir as normas internas do banco.

A distribuição desses pagamentos foi a seguinte:

  • 2021: R$ 3,38 milhões
  • 2022: R$ 1,85 milhão
  • 2023: R$ 3,35 milhões
  • 2024: R$ 1,87 milhão

Os valores teriam sido direcionados a um fornecedor de pareceres e consultoria, cujo vínculo com Broedel caracteriza, segundo o Itaú, um conflito de interesses grave.

Estrutura de Empresas Envolvidas na Fraude

Segundo o processo movido pelo Itaú, Broedel possuía 80% da empresa Broedel Consultores, que tinha como sócio o consultor Eliseu Martins. Paralelamente, Martins era dono da Care, empresa que prestava serviços para o banco. A Care contratava a Evam, outra empresa de Martins e seus filhos, que repassava parte dos pagamentos a Broedel.

O modelo de negócio descrito no processo aponta que:

  1. O Itaú contratava a Care para pareceres e consultoria.
  2. A Care repassava 40% dos valores recebidos para a Evam.
  3. A Evam, por sua vez, realizava pagamentos a Broedel, tanto em seu CPF quanto em sua pessoa jurídica.

Dessa forma, o Itaú argumenta que Broedel se beneficiava financeiramente de contratos que ele mesmo aprovava enquanto ocupava um cargo de alto escalão no banco.

Defesa do Ex-Diretor

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Imagem: Freepik e Canva

Broedel Nega Acusações e Alega Motivação Competitiva

Em resposta às acusações, Alexsandro Broedel classificou o processo movido pelo Itaú como “infundado e sem sentido”. Ele argumenta que a consultoria contratada pelo banco já prestava serviços há décadas, muito antes de sua nomeação como diretor financeiro da instituição.

Além disso, sua assessoria de imprensa afirmou que a ação judicial causa “profunda estranheza”, já que só foi movida após Broedel renunciar ao cargo no Itaú para assumir uma posição de liderança global no Santander, um de seus principais concorrentes.

Investigação da CVM

CVM Inicia Processo Administrativo Envolvendo o Itaú

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão vinculado ao Ministério da Fazenda, abriu um processo administrativo relacionado ao caso. O Itaú aparece como parte interessada na investigação, que apura possíveis irregularidades na contratação de pareceres e consultorias dentro do banco.

O inquérito foi instaurado com base em “notícias, fatos relevantes e comunicados” divulgados pelo Itaú e outros veículos financeiros. Caso sejam comprovadas irregularidades, tanto o ex-diretor quanto o banco poderão enfrentar sanções regulatórias.

O Futuro de Broedel no Santander

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Banco Espanhol Diz Monitorar a Situação

Atualmente, Alexsandro Broedel aguarda autorização regulatória para assumir sua nova posição no Banco Santander. A instituição espanhola divulgou uma nota afirmando que “o senhor Broedel é um executivo sênior altamente conceituado que até julho foi diretor financeiro do Itaú” e que “está monitorando qualquer desenvolvimento” relacionado ao caso.

A expectativa é que ele assuma o cargo oficialmente ainda em 2025, após o cumprimento de exigências regulatórias.

Considerações finais

A decisão de bloquear a venda do imóvel de Alexsandro Broedel mostra a gravidade das acusações contra o ex-CFO do Itaú. O processo judicial segue em andamento, podendo resultar em sanções financeiras e até mesmo na suspensão de suas atividades profissionais.

Enquanto isso, o caso levanta questionamentos sobre governança corporativa e conflitos de interesse em grandes instituições financeiras, tema que segue sendo acompanhado de perto pelo mercado.

Imagem: Reprodução/LinkedIn

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