Processo trabalhista: até quantas vezes a empresa pode recorrer?

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Em um processo trabalhista, quando uma das partes não concorda com a decisão judicial, ela tem o direito de recorrer. Um recurso trabalhista é, essencialmente, um pedido à Justiça para revisar uma sentença, buscando corrigir erros ou questionar pontos que não foram bem avaliados.

Tanto empresas quanto trabalhadores podem recorrer de decisões que consideram injustas ou equivocadas. Para o trabalhador, um recurso pode significar o aumento de uma indenização ou a correção de valores. Já para a empresa, pode ser uma tentativa de reduzir o valor de uma condenação ou contestar a sentença por falhas jurídicas.

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Tipos de Recursos Disponíveis no Âmbito Trabalhista

Sala de tribunal vazia em alusão à suspensão de julgamento sobre processos trabalhistas.
Imagem: Reprodução/Shutterstock

No Brasil, o sistema de recursos trabalhistas é estruturado de forma a garantir que as decisões possam ser revistas em diversas instâncias. Cada tipo de recurso tem sua aplicação específica, que deve ser respeitada pelas partes envolvidas. Veja os principais:

Embargos de Declaração

Os embargos de declaração são usados para esclarecer pontos da decisão que ficaram omissos, contraditórios ou que precisem de correção de erros materiais. Esse recurso não altera o conteúdo da sentença, apenas visa corrigir eventuais falhas na fundamentação ou na forma da decisão.

Recurso Ordinário

O recurso ordinário é utilizado quando a decisão vem de uma Vara do Trabalho (primeira instância) e a parte quer contestar o julgamento no Tribunal Regional do Trabalho (TRT). O prazo para interposição desse recurso é de 8 dias após a intimação.

Recurso de Revista

Este recurso é utilizado para questionar decisões do TRT, com foco em violações das leis federais ou constitucionais. O recurso de revista é julgado pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) e é um dos mais complexos, já que exige o cumprimento de requisitos rigorosos.

Recurso Extraordinário

O recurso extraordinário é utilizado quando há uma questão constitucional envolvida na decisão trabalhista. Nesse caso, o recurso é direcionado ao Supremo Tribunal Federal (STF), e sua aplicação é bastante restrita, sendo permitido somente para situações que envolvem a Constituição Federal.

Agravo de Instrumento

O agravo de instrumento é interposto quando um recurso anterior é negado. Seu objetivo é destravar o julgamento, permitindo que o recurso seja novamente analisado por uma instância superior.

Agravo de Petição

Este recurso ocorre na fase de execução do processo, quando há questionamentos sobre como a sentença está sendo cumprida, como valores devidos ou a correção de valores. O agravo de petição é utilizado, por exemplo, para discutir valores devidos na execução de uma sentença trabalhista.

Quantas Vezes a Empresa Pode Recorrer em Processo Trabalhista?

seucreditodigital.com.br trabalhadores vendem processos trabalhistas por estarem cansados de esperar resolucao processos trabalhistas
Imagem: Satur / shutterstock.com

Não há um número exato de vezes que uma empresa pode recorrer, pois isso depende da fase do processo e das decisões anteriores. O ciclo básico de recursos envolve, inicialmente, o recurso ordinário ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT).

Caso a decisão do TRT seja desfavorável, a empresa pode recorrer ao Tribunal Superior do Trabalho (TST), através do recurso de revista, desde que atenda aos requisitos legais.

Além disso, recursos como embargos de declaração podem ser interpostos em qualquer fase do processo, com o objetivo de esclarecer pontos ou corrigir erros. O recurso extraordinário, que só pode ser utilizado em casos de questões constitucionais, é mais raro, mas também pode ser uma opção para a empresa.

Fatores que Determinam a Quantidade de Recursos

A quantidade de recursos depende principalmente da natureza da sentença, da decisão em cada instância e da avaliação das partes sobre a viabilidade de um novo recurso. Cada novo recurso pode impactar diretamente a duração do processo, aumentando os custos e o tempo até a conclusão final.

Qual a Última Instância de um Processo Trabalhista?

A última instância de um processo trabalhista no Brasil é o Tribunal Superior do Trabalho (TST). O TST tem como principal função revisar questões trabalhistas que envolvem o descumprimento das leis federais relacionadas ao direito do trabalho.

No entanto, o Supremo Tribunal Federal (STF) também pode ser envolvido em casos excepcionais, especialmente quando a questão trata de um direito constitucional fundamental. Casos que envolvem questões como igualdade de tratamento, liberdade ou direito à defesa podem ser levados ao STF.

TST e STF: Diferença de Competência

  • Tribunal Superior do Trabalho (TST): Competente para revisar e julgar os recursos em processos trabalhistas. Sua análise é focada na interpretação das leis trabalhistas e constitucionais.
  • Supremo Tribunal Federal (STF): Só é acionado em situações excepcionais, quando há violação direta de direitos constitucionais fundamentais.

Como os Recursos Impactam a Duração do Processo Trabalhista?

Corinthians Vitor Pereira
Imagem: Freepik

Cada recurso apresentado tende a prolongar o processo trabalhista, pois as instâncias superiores precisam avaliar o pedido, o que pode levar meses ou até anos, dependendo da complexidade do caso.

Um processo trabalhista que não tenha recursos pode ser concluído em dois anos, mas a interposição de múltiplos recursos pode aumentar esse tempo. Além disso, se houver questionamentos sobre a fase de execução (como valores a serem pagos), o processo pode se estender ainda mais.

O que Acontece Quando Não Há Mais Possibilidade de Recorrer?

Quando não há mais possibilidades de recurso, o processo trabalhista entra no chamado trânsito em julgado. Isso significa que a decisão judicial se torna definitiva e não pode mais ser alterada ou questionada pelas partes.

Após o trânsito em julgado, o foco do processo muda para a execução da sentença, o que implica no cumprimento da obrigação determinada pela Justiça.

Na fase de execução, o empregador deve pagar os valores devidos ao trabalhador, como salários atrasados, indenizações ou verbas rescisórias. Caso a empresa não cumpra a sentença dentro do prazo determinado, a Justiça pode adotar medidas coercitivas, como o bloqueio de contas bancárias ou penhora de bens.

Pode Haver um Acordo Após a Sentença Trabalhista?

Sim, é possível chegar a um acordo mesmo após a sentença ser proferida. Muitas vezes, as partes chegam a um consenso na fase de execução para resolver a pendência de forma mais rápida e eficiente. O acordo pode incluir uma redução do valor total ou uma forma de pagamento parcelado.

Após a homologação do acordo pelo juiz, o processo é encerrado, e a sentença não pode mais ser alterada. O acordo é uma alternativa prática para encerrar o processo de maneira amigável.

Como Aproveitar os Recursos de Forma Estratégica

Os recursos trabalhistas são uma ferramenta importante para garantir que a decisão seja justa e esteja de acordo com a lei. No entanto, é essencial compreender que cada recurso implica em custos e prazos, além de prolongar o processo.

A empresa deve avaliar cuidadosamente se vale a pena recorrer e considerar a possibilidade de um acordo durante o processo, especialmente na fase de execução.

Entender quando recorrer e quando aceitar a decisão judicial pode ser a chave para resolver um processo trabalhista de forma mais eficiente e justa para todas as partes envolvidas.

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