Clima extremo em fevereiro pode comprometer a produção de café em 2025

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O mês de fevereiro de 2025 foi marcado por temperaturas muito acima da média e uma escassez severa de chuvas, afetando diretamente as principais regiões produtoras de café do Brasil. Esse fenômeno climático extremo ocorre justamente em um período crítico para o desenvolvimento do cafeeiro: a fase de enchimento dos grãos, etapa fundamental para garantir a qualidade e o peso dos frutos.

A combinação entre a falta de água e o calor excessivo compromete o crescimento adequado dos grãos, podendo resultar em uma redução significativa na produtividade e na qualidade final da safra, impactando tanto os produtores quanto o mercado.

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A fase de enchimento dos grãos e sua importância

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Imagem: Cristoph / Pixabay

O enchimento dos grãos é uma das últimas etapas do ciclo de vida do cafeeiro, caracterizada pelo acúmulo de matéria seca nos frutos. Durante essa fase, a planta precisa de um equilíbrio adequado de água e nutrientes essenciais, como:

  • Nitrogênio (N): Auxilia na formação de proteínas e compostos orgânicos.
  • Potássio (K): Atua no transporte de açúcares e na regulação do balanço hídrico.
  • Cálcio (Ca): Essencial para a estruturação celular dos frutos.
  • Boro (B) e Zinco (Zn): Contribuem para a divisão celular e transporte de carboidratos.

Sem esses elementos e um fornecimento contínuo de água, o enchimento dos grãos fica comprometido, resultando em uma safra com menor rendimento e qualidade.

Como a seca e o calor afetam os cafezais?

Em condições normais, os açúcares e nutrientes são transportados das folhas para os frutos através do floema. No entanto, diante do estresse térmico e hídrico, o cafeeiro adota mecanismos de defesa, como o fechamento dos estômatos. Essa reação reduz a perda de água, mas também prejudica a absorção de nutrientes, tornando o enchimento dos grãos deficiente.

Problemas causados pelo estresse hídrico:

  1. Grãos chochos: Desenvolvimento incompleto dos grãos devido à falta de nutrientes.
  2. Coração negro: Necrose interna causada pelo colapso celular diante da seca extrema.
  3. Redução do peso dos grãos: Afeta diretamente o rendimento final da colheita.

Possíveis consequências para a safra de 2025

A combinação de temperaturas elevadas e falta de chuvas pode resultar em uma safra menor e com qualidade inferior. Grãos defeituosos reduzem a classificação dos lotes, impactando os preços pagos aos produtores e tornando a exportação mais difícil.

Além disso, a escassez hídrica pode comprometer a florada seguinte, trazendo reflexos negativos para a safra de 2026.

Estratégias para mitigar os impactos da seca

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Imagem: VladisChern / shutterstock

Diante desse cenário desafiador, algumas medidas podem ajudar os produtores a minimizar os efeitos do estresse térmico e hídrico:

1. Irrigação suplementar

  • Implementação de sistemas de irrigação eficiente, como gotejamento e microaspersão.
  • Uso racional da água para evitar desperdícios.

2. Manejo nutricional adequado

  • Reforço na adubação para garantir suprimento de nutrientes essenciais.
  • Uso de bioestimulantes para melhorar a resistência das plantas ao estresse.

3. Práticas conservacionistas do solo

  • Cobertura vegetal para manter a umidade do solo.
  • Uso de matéria orgânica para melhorar a retenção de água e nutrientes.

Perspectivas para os próximos meses

O futuro da safra de café de 2025 depende diretamente das condições climáticas nos próximos meses. Caso a seca persista, as perdas podem ser ainda mais expressivas. Especialistas recomendam o monitoramento constante das lavouras e a adoção de tecnologias para minimizar os impactos.

O alerta já foi lançado: sem uma mudança climática favorável ou um manejo adequado, a produção de café no Brasil pode enfrentar uma das safras mais desafiadoras dos últimos anos.

Conclusão

As condições climáticas adversas de 2025 ressaltam a importância de um manejo eficiente para minimizar os impactos da seca e do calor na cafeicultura. A fase de enchimento dos grãos é crucial, e a falta de água pode comprometer tanto a produtividade quanto a qualidade da safra.

Diante desse cenário, irrigação adequada, nutrição equilibrada e práticas de conservação do solo são estratégias essenciais. Caso o clima permaneça desfavorável, as perdas podem se agravar, exigindo que os produtores se adaptem para garantir a sustentabilidade da produção de café no Brasil.

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