Fundos Imobiliários atingem maior desconto desde a era Dilma

fundos imobiliários

Nos últimos meses, os fundos imobiliários no Brasil têm gerado atenção dos investidores. O índice IFIX, que acompanha o desempenho desses fundos, está negociando com um desconto médio de mais de 18% em relação ao seu valor patrimonial. Esse patamar é o maior desde os anos de 2015 e 2016, quando o Brasil enfrentou uma recessão econômica profunda durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff. No entanto, o cenário atual é muito diferente do contexto vivido durante a crise econômica da época.

Neste artigo, vamos analisar o que está por trás do desconto nos fundos imobiliários, o que o passado nos ensina e o que os investidores podem esperar para os próximos meses.

O que são fundos imobiliários e como o IFIX está relacionado?

Papel escrito FII (Fundos imobiliários)
Imagem: rafastockbr / shutterstock – Edição: Seu Crédito Digital

Antes de entender o que significa o desconto nos fundos imobiliários, é importante relembrar o conceito de fundos imobiliários e como o IFIX está relacionado ao seu desempenho.

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O que são fundos imobiliários?

Os fundos imobiliários são uma modalidade de investimento coletivo em imóveis. Nesses fundos, os investidores compram cotas, e os recursos arrecadados são usados para adquirir, administrar ou financiar imóveis de diferentes tipos, como shoppings, prédios comerciais e até mesmo imóveis residenciais. O lucro gerado é distribuído periodicamente aos cotistas na forma de dividendos.

O que é o IFIX?

O IFIX (Índice de Fundos de Investimentos Imobiliários) é o principal indicador do mercado de fundos imobiliários no Brasil. Ele mede o desempenho dos fundos imobiliários mais negociados na Bolsa de Valores e serve como uma referência para investidores do setor. O índice reflete a rentabilidade do mercado de fundos imobiliários, levando em consideração os preços das cotas desses fundos e seus respectivos valores patrimoniais.

Desconto histórico nos fundos imobiliários

Em 2015 e 2016, o Brasil vivia um dos momentos mais difíceis de sua história econômica. A recessão foi profunda, e a atividade econômica encolheu substancialmente, com o Produto Interno Bruto (PIB) registrando contrações de 3,15% em 2015 e 2,90% em 2016. Durante esse período, os fundos imobiliários estavam negociando com descontos de até 24% em relação ao seu valor patrimonial.

Esse cenário reflete uma época de instabilidade política e econômica, marcada pela crise fiscal e pela alta inflação. O mercado estava extremamente desconfiante, o que fez com que os investidores se afastassem dos ativos de renda variável, incluindo os fundos imobiliários.

Atual desconto e a comparação com a Era Dilma

Atualmente, o desconto médio do IFIX é superior a 18%, o maior desde os anos de 2015 e 2016. No entanto, a diferença fundamental entre os dois períodos está no contexto econômico e político. Em 2024, a economia brasileira apresenta sinais de recuperação, com o PIB crescendo 3,4%, um número bastante positivo quando comparado aos anos da recessão.

Apesar da recuperação da economia, os fundos imobiliários ainda enfrentam um cenário de desconfiança, especialmente devido à alta taxa de juros e a incerteza política. A alta dos juros, por exemplo, torna os investimentos em renda fixa mais atraentes, o que pode reduzir a demanda por ativos de maior risco, como os fundos imobiliários.

O que está por trás do desconto atual?

Embora o cenário atual seja bem diferente do vivido durante a crise de 2015-2016, ainda existem fatores que explicam o desconto atual dos fundos imobiliários.

Um dos principais fatores que impactam o mercado de fundos imobiliários é a taxa de juros. Quando os juros estão elevados, os investimentos em renda fixa, como os títulos do governo, tendem a oferecer uma rentabilidade atraente e segura. Isso reduz o apetite dos investidores por ativos mais arriscados, como os fundos imobiliários, que têm uma rentabilidade mais volátil.

Além disso, a alta das taxas de juros impacta diretamente os custos de financiamento dos imóveis, o que pode afetar o desempenho dos fundos imobiliários, especialmente os que dependem de aquisições ou financiamentos de imóveis.

Incertezas políticas e econômicas

Apesar da recuperação econômica, o Brasil ainda enfrenta um cenário político instável, com uma série de reformas pendentes e discussões sobre a gestão fiscal do governo. Esse tipo de incerteza pode fazer com que os investidores se afastem do mercado de ações e fundos imobiliários, em busca de investimentos mais seguros.

Apreciação do valor patrimonial

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Imagem: Andrii Yalanskyi / Shutterstock.com

Outro ponto importante a ser considerado é a desvalorização das cotas dos fundos imobiliários. Quando as cotas de um fundo imobiliário estão sendo negociadas com um grande desconto em relação ao valor patrimonial, isso significa que o mercado não acredita no potencial de valorização do ativo. No entanto, essa discrepância pode também representar uma oportunidade para investidores de longo prazo, que podem estar comprando ativos abaixo de seu valor real.

Considerações finais

O desconto nos fundos imobiliários é um reflexo das condições econômicas e políticas do Brasil, mas também pode ser visto como uma oportunidade para investidores que buscam ativos com potencial de valorização no longo prazo. Embora o cenário atual seja muito diferente do vivido durante a crise de 2015-2016, é essencial acompanhar de perto os movimentos do mercado e as perspectivas econômicas.

Para aqueles que têm um perfil mais conservador, o momento pode ser de cautela. Já os investidores mais arrojados, dispostos a assumir um risco maior, podem ver no desconto atual uma chance de adquirir ativos a preços atraentes. De qualquer forma, a diversificação e a análise cuidadosa de cada fundo imobiliário são fundamentais para tomar decisões informadas.

O futuro dos fundos imobiliários dependerá de diversos fatores, mas a recuperação econômica e a possível queda nas taxas de juros podem trazer boas notícias para esse mercado. Resta saber como os investidores irão reagir às mudanças no cenário brasileiro nos próximos meses.

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