Fintech dá crédito a pessoas que não têm acesso ao crédito

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No Brasil, aproximadamente 70 milhões de pessoas não possuem acesso ao sistema financeiro formal. Para essa parcela significativa da população, obter crédito é um desafio quase intransponível. Sem histórico bancário ou garantias, as opções restringem-se a empréstimos informais, financeiras com juros elevados ou crediários de grandes varejistas. Consequentemente, o custo do crédito torna-se mais oneroso para quem menos pode arcar com essas despesas.

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O que é inclusão financeira?

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Imagem: rafastockbr / Shutterstock.com

A inclusão financeira refere-se ao acesso e uso de serviços financeiros de qualidade por toda a população, especialmente por aqueles que historicamente foram excluídos do sistema bancário tradicional. Isso inclui não apenas a possibilidade de abrir uma conta bancária, mas também o acesso a crédito, seguros e outros produtos financeiros que permitem uma gestão eficaz dos recursos pessoais e empresariais.

Desafios enfrentados pelos desbancarizados

A ausência de acesso ao sistema financeiro formal impõe diversas barreiras aos desbancarizados, tais como:

  • Dificuldade em obter crédito: Sem histórico bancário, as instituições financeiras tradicionais relutam em conceder empréstimos a essa parcela da população.
  • Dependência de agiotas: Muitos recorrem a empréstimos informais, sujeitos a juros abusivos e condições desfavoráveis.
  • Impossibilidade de poupança segura: Sem acesso a contas bancárias, guardar dinheiro de forma segura torna-se um desafio.
  • Exclusão de serviços financeiros digitais: A falta de inclusão financeira limita o acesso a serviços como pagamentos online e compras pela internet.

Alternativas de crédito para os desbancarizados

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Imagem: Marcello Casal Júnior/Agência Brasil

Diversas iniciativas têm surgido para suprir a lacuna deixada pelo sistema bancário tradicional, oferecendo alternativas de crédito para os desbancarizados:

Microcrédito

O microcrédito é caracterizado por empréstimos de pequeno valor, direcionados a indivíduos de baixa renda ou microempreendedores que não possuem acesso às formas convencionais de crédito. No Brasil, essa modalidade tem sido uma ferramenta eficaz para promover a inclusão financeira e estimular o empreendedorismo em comunidades carentes.

Características do microcrédito:

  • Valores reduzidos: Empréstimos de pequeno montante, adequados às necessidades dos tomadores.
  • Foco em microempreendedores: Destinado a apoiar negócios informais e de pequeno porte.
  • Ausência de garantias reais: Baseia-se na confiança e no potencial do empreendedor, dispensando garantias tradicionais.
  • Assistência técnica: Muitas instituições oferecem suporte e orientação aos beneficiários, visando ao sucesso dos empreendimentos.

Fintechs voltadas para inclusão financeira

As fintechs, startups que utilizam tecnologia para oferecer serviços financeiros, têm desempenhado um papel crucial na inclusão financeira no Brasil. Empresas como o Jeitto têm se destacado ao fornecer soluções de crédito para as classes C e D, utilizando inteligência artificial para avaliar o perfil de crédito e permitir aprovações mesmo para clientes com restrições no CPF.

Caso do Jeitto:

  • Fundação e crescimento: Fundada em 2014, a fintech atingiu R$ 770 milhões em faturamento em 2024, um crescimento de 82% em relação ao ano anterior, e projeta alcançar R$ 1 bilhão em receita em 2025.
  • Serviços oferecidos: O Jeitto opera como uma carteira digital, permitindo que usuários paguem contas, recarreguem celulares, façam compras online e realizem transferências sem a necessidade de uma conta bancária tradicional.
  • Tecnologia e inclusão: A empresa utiliza inteligência artificial para analisar o perfil de crédito dos usuários, facilitando o acesso ao crédito para aqueles que tradicionalmente seriam excluídos pelo sistema bancário convencional.

Empréstimos Peer-to-Peer (P2P)

Os empréstimos P2P consistem na concessão de crédito diretamente entre pessoas, sem a intermediação de instituições financeiras tradicionais. No Brasil, essa modalidade é regulamentada pela Resolução 4.656 de 26/04/2018 do Banco Central, que criou as Sociedades de Empréstimo entre Pessoas (SEP).

Características dos empréstimos P2P:

  • Plataformas online: As transações ocorrem por meio de plataformas digitais que conectam investidores a tomadores de crédito.
  • Juros potencialmente mais baixos: A ausência de intermediários pode resultar em taxas de juros mais competitivas para os tomadores.
  • Diversificação de investimentos: Para os investidores, é uma oportunidade de diversificar a carteira com empréstimos de pequeno valor.
  • Limites regulatórios: No Brasil, investidores podem emprestar até R$ 15 mil por devedor, salvo exceções para investidores qualificados.

Sistema bancário paralelo

O sistema bancário paralelo, ou “shadow banking”, refere-se a um conjunto de intermediários financeiros que realizam funções bancárias sem estarem sujeitos às mesmas regulamentações das instituições financeiras tradicionais. Embora possa oferecer alternativas de crédito, essa modalidade carece das garantias e supervisão presentes no sistema formal, podendo representar riscos tanto para os tomadores quanto para o sistema financeiro como um todo.

O papel da tecnologia na inclusão financeira

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Imagem: Freepik e Canva

A tecnologia tem se mostrado uma aliada crucial na transformação do cenário financeiro no Brasil. Com o avanço das fintechs e o uso de inteligência artificial, muitas soluções inovadoras estão permitindo que indivíduos sem acesso ao sistema bancário tradicional possam obter crédito de forma rápida e segura. Essas plataformas utilizam dados alternativos, como comportamento de pagamento e histórico de consumo, para criar perfis de crédito mais inclusivos, o que facilita o acesso a empréstimos para uma parcela significativa da população desbancarizada. A digitalização dos serviços financeiros, por meio de aplicativos e plataformas online, também tem contribuído para a redução de custos e a simplificação do processo de concessão de crédito.

Conclusão

A inclusão financeira no Brasil é um desafio, mas alternativas como microcrédito, fintechs e empréstimos P2P estão ampliando o acesso ao crédito para os desbancarizados. Essas soluções oferecem uma forma mais acessível e segura de obter crédito, ajudando milhões de brasileiros a superar barreiras do sistema bancário tradicional. A tecnologia tem sido uma aliada importante para democratizar o acesso a serviços financeiros, e a expansão dessas alternativas é fundamental para a inclusão financeira no país.

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