Dinheiro nos ETFs, mas bitcoin em queda – Algo está errado?

Bitcoin

O Bitcoin (BTC), a maior criptomoeda em termos de valor de mercado, voltou a enfrentar uma queda nesta terça-feira, 18 de março, apesar de um fluxo positivo nos fundos negociados em bolsa (ETFs) relacionados à moeda.

O movimento, que ocorreu no dia seguinte a um saldo líquido de US$ 274,6 milhões de entradas, é sintomático de um mercado global cauteloso, com investidores respondendo a múltiplas incertezas.

As tensões geopolíticas no Oriente Médio e a expectativa em torno da decisão de juros do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) são dois fatores principais que estão impactando diretamente o preço do Bitcoin.

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Banco da Coreia Bitcoin
Imagem: Freepik

O Bitcoin apresentou um retrocesso de 2,2% nas últimas 24 horas, caindo para US$ 81.325. Enquanto isso, o ether (ETH), a moeda digital da rede Ethereum, também viu uma diminuição no valor, registrando uma queda de 1,5%.

As criptomoedas, como um todo, sofrem com a volatilidade, e o valor de mercado total de todas as moedas digitais caiu para US$ 2,76 trilhões, de acordo com dados do CoinGecko.

Apesar de um saldo positivo significativo nos ETFs de Bitcoin, que refletem uma demanda crescente por ativos lastreados na moeda, o mercado ainda não conseguiu sustentar a recuperação. Este artigo explora as possíveis razões por trás dessa queda, incluindo fatores macroeconômicos e geopolíticos que influenciam diretamente a confiança dos investidores.

ETFs de bitcoin: Fluxo positivo, mas não o suficiente

ETFs de bitcoin à vista

Os fundos negociados em bolsa (ETFs) de Bitcoin tiveram uma movimentação interessante na véspera, com um fluxo positivo de US$ 274,6 milhões.

Entre os ETFs de Bitcoin à vista mais notáveis, destacam-se o FBTC, da Fidelity, com US$ 127,3 milhões em compras líquidas, e o ARKB, da Ark Invest, que registrou US$ 88,5 milhões. Esses números indicam que a pressão negativa que afetava os ETFs de Bitcoin pode estar se dissipando.

Entretanto, apesar desse fluxo positivo, o preço do Bitcoin não foi capaz de sustentar a alta. Isso sugere que, embora os investidores estejam mostrando interesse em produtos como os ETFs, o Bitcoin ainda não conseguiu superar a volatilidade do mercado global.

ETFs de ether: Fluxo negativo

Por outro lado, os ETFs de ether experimentaram uma saída de capital, com um fluxo negativo de US$ 7,3 milhões, no nono pregão consecutivo de saques. O ETHE, da Grayscale, foi o principal responsável por essas saídas, o que pode ser reflexo da menor confiança dos investidores no ether, em comparação ao Bitcoin.

Este movimento reforça a noção de que, apesar das entradas em Bitcoin, o mercado ainda está sendo influenciado por um cenário econômico global desafiador.

O papel das tensões geopolíticas no Oriente Médio

O impacto das conflitos regionais

O mercado de criptomoedas não opera isoladamente de eventos globais. As tensões no Oriente Médio têm sido um fator chave influenciando os mercados financeiros, e o Bitcoin não foi imune a essas pressões. O aumento das tensões entre os EUA, Irã, e Israel, combinado com ataques aéreos no Iémen e outras ações militares, criou um ambiente de incerteza geopolítica que afetou negativamente a confiança dos investidores.

Embora o pacote financeiro da China, que visa estimular o consumo interno, tenha sido um movimento positivo para os mercados, as tensões no Oriente Médio dominaram os noticiários e causaram nervosismo nos mercados de ativos de risco, como o Bitcoin.

Beto Fernandes, analista da Foxbit, afirmou que “essa turbulência impede que o mercado abrace o fundamento mais otimista, e opta pela cautela”, refletindo a hesitação dos investidores em apostar em ativos de risco no atual cenário.

O ataque a Gaza e a intensificação da incerteza

Hoje, as tensões geopolíticas se intensificaram com o ataque de Israel a alvos do Hamas em Gaza, resultando na morte de centenas de palestinos. Este novo episódio de violência ameaça romper acordos de cessar-fogo e agravar ainda mais as tensões no Oriente Médio, o que pode criar um ambiente ainda mais instável para os mercados financeiros.

Esses eventos destacam como fatores geopolíticos, especialmente em regiões sensíveis, podem afetar diretamente a confiança dos investidores em ativos como o Bitcoin, que, apesar de sua natureza descentralizada, não está imune aos riscos associados à instabilidade política global.

A expectativa sobre o FOMC: O que pode acontecer com as taxas de juros?

O contexto econômico nos EUA

Outro fator que está pesando sobre o mercado de Bitcoin e criptomoedas é a expectativa sobre as decisões de política monetária do FOMC dos Estados Unidos. A reunião que ocorrerá amanhã, 19 de março, será crucial para determinar o rumo da política de juros no país. A maioria dos analistas prevê que o Comitê manterá as taxas de juros entre 4,25% e 4,5% ao ano, o que é visto como um cenário de “estagnação monetária”.

Entretanto, existe uma crescente especulação sobre a possibilidade de cortes de juros nos próximos meses. Se o comunicado do FOMC e a coletiva de imprensa de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, indicarem uma intenção de afrouxamento da política monetária, o mercado pode reagir positivamente, com uma possível recuperação no preço do Bitcoin e de outras criptomoedas.

O aumento de liquidez proveniente de cortes nas taxas de juros tende a beneficiar ativos de risco como as moedas digitais, atraindo mais investidores para o setor.

O potencial de corte de juros e o efeito no mercado de criptomoedas

Rafael Bonventi, analista da Bitget, lembra que os dados inflacionários recentes dos EUA indicaram uma desaceleração significativa, com a inflação caindo para abaixo de 3% ao ano, se aproximando da meta de 2%.

Isso cria uma base para que o FOMC considere cortar as taxas no futuro, o que poderia beneficiar o Bitcoin. Se esse cenário se materializar, pode haver um impulso nas criptomoedas, com o Bitcoin se recuperando de sua atual queda.

Análise técnica do bitcoin: O que esperar a curto prazo?

Resistência e suporte no preço do bitcoin

De acordo com a análise técnica de Rafael Bonventi, o cenário mais otimista para o Bitcoin a curto prazo seria o rompimento do nível de resistência em US$ 85.474, o que poderia impulsionar o preço para uma faixa entre US$ 90.000 e US$ 94.000. Esse movimento indicaria uma recuperação mais significativa no preço da moeda.

Por outro lado, o Bitcoin também enfrenta um importante nível de suporte em US$ 81.156, calculado com base na projeção de Fibonacci. Se o preço cair abaixo desse suporte e atingir US$ 79.997, isso poderia sinalizar uma possível queda ainda mais acentuada, com o preço indo para a faixa entre US$ 75.340 e US$ 69.000.

A volatilidade dos mercados de criptomoedas, especialmente com os fatores externos em jogo, faz com que o Bitcoin esteja em uma zona de incerteza, onde qualquer movimento significativo pode gerar grandes flutuações.

Conclusão: O futuro do bitcoin em meio à incerteza

Taxas de transação no Bitcoin
Imagem: Michael Wensch / Domínio Público

O Bitcoin continua a ser uma moeda altamente volátil, com seu preço influenciado por uma combinação de fatores técnicos, econômicos e geopolíticos. A recente queda no preço, apesar do fluxo positivo para ETFs e da expectativa de manutenção das taxas de juros, reflete a cautela dos investidores em um ambiente de alta incerteza global.

Enquanto as tensões geopolíticas no Oriente Médio e a política monetária dos EUA são pontos de atenção, o futuro do Bitcoin dependerá da resolução dessas questões e da evolução do mercado. A possibilidade de um corte de juros nos EUA pode oferecer algum alívio para o Bitcoin, mas, até lá, o mercado deve continuar a enfrentar uma volatilidade significativa.

Em um cenário de incertezas, tanto no campo geopolítico quanto econômico, os investidores precisam estar atentos às mudanças no cenário global e às análises técnicas que podem indicar os próximos passos do Bitcoin.

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