Volodymyr Zelensky diz estar pronto para suspender ataques ao setor de energia na guerra iniciada pela Rússia


Os russos aceitaram essa trégua parcial na terça-feira (18), mas nesta quarta (19) voltaram a atacar. Kiev acusou Moscou de lançar cerca de 150 drones. Volodymyr Zelensky diz estar pronto para suspender ataques ao setor de energia na guerra iniciada pela Rússia
Reprodução/TV Globo
Depois de um telefonema com Donald Trump, o presidente da Ucrânia disse que está pronto para suspender ataques ao setor de energia na guerra iniciada pela Rússia.
Foi o primeiro contato direto entre Volodymyr Zelensky e Donald Trump desde o bate-boca na Casa Branca em fevereiro. O presidente ucraniano descreveu o telefonema desta quarta-feira (19) como positivo e franco. Disse que, com Trump, uma paz duradoura pode ser alcançada ainda em 2025. O americano escreveu:
“Estamos em um caminho muito certo”.
Zelensky pediu mais mísseis de defesa aérea. Trump prometeu ajudar encontrando armas disponíveis na Europa.
O otimismo das declarações oficiais contrasta com a dificuldade concreta em chegar a uma trégua. O principal assunto do telefonema foi a conversa de terça-feira (18) de Trump com Vladimir Putin. Foi quando Putin rejeitou a proposta de cessar-fogo de 30 dias em todas as frentes da guerra – que Trump apresentou e Zelensky já tinha aceitado. O russo só concordou em interromper imediatamente os ataques a instalações de energia.
Mas nesta quarta-feira (19) ficou claro que Putin não cumpriu nem mesmo essa promessa. Kiev acusou Moscou de lançar cerca de 150 drones durante a madrugada. Os ataques cortaram a energia de ferrovias e atingiram a infraestrutura da rede elétrica, além de casas e hospitais. Moscou acusou a Ucrânia de atacar um depósito de petróleo.
O setor de energia foi um dos assuntos discutidos entre Trump e Zelensky. Depois de mostrar interesse pelos minérios raros da Ucrânia nas últimas semanas, Trump sugeriu na ligação desta quarta-feira (19) que os Estados Unidos administrem usinas elétricas e nucleares do país. Segundo o comunicado da diplomacia da Casa Branca, se os americanos virassem donos dessas usinas, elas teriam “a melhor proteção”.
Na Rússia, o porta-voz do Kremlin destacou a aproximação com os Estados Unidos:
“Trump e Putin se entendem bem, confiam um no outro”, disse.
A chefe da diplomacia da União Europeia afirmou que o presidente russo não é confiável e já mostrou que não está disposto a fazer qualquer concessão. O ministro da Defesa da Alemanha disse que Putin está jogando, mas que acha que Trump não vai ficar sentado assistindo por muito tempo.
Para Liana Fix, analista do Instituto de Pesquisa Conselho sobre Relações Exteriores, o presidente russo está apenas tentando ganhar tempo e prolongar a guerra. Liana Fix acredita que a estratégia da Rússia é ficar sugerindo que está perto de um cessar-fogo, enquanto evita uma trégua e se beneficia de um contato direto com Trump.
O pesquisador Nigel Gould-Davies, do Instituto Internacional para Estudos Estratégicos, concorda que Putin não quer um cessar-fogo:
“Mas ele sabe que seria imprudente dizer isso diretamente para Trump, já que Trump fez do fim da guerra uma prioridade”, destacou.
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