Taxa Selic pode chegar a 15% ao ano em 2025 devido à inflação; entenda

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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou a taxa básica de juros em 1 ponto percentual nesta quarta-feira (19), levando a Selic a 14,25% ao ano, o maior patamar desde o governo Dilma Rousseff (PT). Este foi o quinto aumento consecutivo, e o mercado já projeta que a taxa pode atingir 15% ao ano em 2025, segundo o boletim Focus, que reúne projeções de mais de 100 instituições financeiras.

A decisão do Copom reflete a preocupação com a inflação, que encerrou 2024 em 4,83%, acima da meta de 3% estabelecida pelo BC. Para 2025, as projeções são ainda mais preocupantes, com uma estimativa de 5,66% de inflação. Mas o que está pressionando os preços e como isso afeta a vida do brasileiro?

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Por que a inflação continua pressionada?

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Imagem: rafastockbr/ shutterstock.com

A inflação no Brasil é medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que engloba diversos grupos de bens e serviços. Dois fatores principais têm contribuído para a alta dos preços: os preços monitorados e a inflação de serviços.

Preços monitorados: o peso dos combustíveis e da energia

Os preços monitorados, também conhecidos como administrados, são aqueles controlados parcial ou totalmente pelo governo ou pelo mercado. Incluem itens como energia elétrica, combustíveis, taxas de água e esgoto e tarifas de transporte público. Esses preços não seguem diretamente a lei de oferta e demanda, mas são influenciados por fatores externos, como o valor do dólar, o preço do petróleo no mercado internacional e condições climáticas.

Em fevereiro, por exemplo, os combustíveis tiveram uma alta de 2,89%, impulsionados pelo aumento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). No acumulado de 12 meses, a inflação dos preços monitorados chegou a 5,19%.

Segundo Ariane Benedito, economista-chefe do PicPay, “esses itens, que têm grande peso no índice, não podem ser controlados pela política de juros”. Ou seja, mesmo com a Selic em alta, a inflação desses produtos continua pressionada por fatores externos.

Inflação de serviços: a demanda que não para de crescer

Enquanto os preços monitorados são influenciados por fatores externos, a inflação de serviços é diretamente impactada pela lei de oferta e demanda. Com o aumento do consumo, os preços dos serviços tendem a subir.

A inflação de serviços acumulada em 12 meses até fevereiro foi de 5,32%, acima da média do IPCA. Esse índice inclui itens essenciais do dia a dia, como aluguel, mensalidades escolares, planos de saúde, transporte e alimentação fora de casa.

Alexandre Maluf, economista da XP, destaca que, ao descontar os efeitos sazonais, a inflação anual de serviços chega a 8%. Ele aponta três principais causas para essa pressão:

  1. Mercado de trabalho aquecido: Com a taxa de desemprego em patamares historicamente baixos, há mais dinheiro circulando na economia, o que aumenta o consumo. No entanto, a falta de mão-de-obra disponível força as empresas a oferecer salários mais altos, reduzindo a capacidade produtiva do setor.
  2. Inércia inflacionária: Itens como aluguéis e mensalidades escolares reajustam seus preços uma vez por ano, demorando a repassar os aumentos de custos causados pela inflação passada.
  3. Custos de insumo e energia: Muitos serviços dependem de insumos caros, como alimentos e energia elétrica, cujos preços também estão em alta.

O impacto da Selic em 15% ao ano

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A projeção de que a Selic pode chegar a 15% ao ano em 2025 reflete a necessidade de conter a inflação, mas também traz consequências para a economia e o bolso do consumidor.

Crédito mais caro e consumo retraído

Com juros mais altos, o custo do crédito aumenta, impactando empréstimos, financiamentos e cartões de crédito. Isso tende a reduzir o consumo, especialmente de bens duráveis, como carros e eletrodomésticos.

Para as empresas, o custo de captação também sobe, o que pode levar a cortes de investimentos e desaceleração do crescimento econômico.

Atração de investimentos estrangeiros

Por outro lado, uma Selic elevada pode atrair investidores estrangeiros em busca de retornos maiores, fortalecendo o real frente ao dólar. Isso pode ajudar a reduzir a inflação de produtos importados, mas não resolve completamente o problema dos preços internos.

O que esperar para os próximos anos?

A inflação e a alta da Selic são desafios complexos que exigem políticas monetárias e fiscais coordenadas. Enquanto o BC tenta controlar os preços com juros altos, o governo precisa adotar medidas para reduzir os custos de produção e estimular a oferta de bens e serviços.

Para o consumidor, a recomendação é ajustar o orçamento, priorizando gastos essenciais e evitando dívidas com juros altos. Já para os investidores, a Selic elevada pode ser uma oportunidade para aplicar em títulos públicos, como o Tesouro Direto, que oferecem retornos atrativos em períodos de incerteza.

Enquanto o mercado projeta uma Selic de 15% ao ano em 2025, o cenário econômico continua incerto. A inflação, os preços administrados e a demanda por serviços seguirão sendo os principais fatores a serem monitorados nos próximos meses.

A combinação de inflação persistente e juros altos deve continuar impactando a economia brasileira nos próximos anos. Enquanto o BC busca equilibrar os preços com a Selic, o consumidor e as empresas precisam se adaptar a um cenário de custos elevados e crédito mais caro. A atenção aos fatores externos e internos que influenciam a inflação será crucial para entender os rumos da economia em 2025.

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