Páscoa de 2025: peixe nacional ganha destaque com alta do bacalhau

A Quaresma é um período de grande importância para os produtores e comerciantes de pescado, especialmente com a aproximação da Páscoa. Com a tradicional demanda por peixes, especialmente o bacalhau, as expectativas de aumento nas vendas são altas. A Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca) prevê um aumento de até 30% nas vendas de peixe durante esse período, em comparação com o restante do ano.

A movimentação do mercado está sendo impulsionada não apenas pelo aumento do consumo religioso, mas também pelas mudanças nos preços, especialmente do bacalhau, e pela popularização de alternativas mais acessíveis, como a tilápia.

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Mercado de pescados aquece durante a Quaresma

Com a proximidade da Páscoa, o mercado de peixes começa a se aquecer, especialmente para os produtores de peixes de água doce, que são uma alternativa mais barata ao bacalhau, tradicionalmente consumido nessa época. A escassez do pescado, aliada a um aumento considerável no preço do bacalhau devido à variação do dólar, tem levado consumidores a buscar opções mais acessíveis, como a tilápia, que apresenta uma produção abundante em Minas Gerais.

Vendas de peixe e preços na Quaresma

O engenheiro agrônomo e extensionista agropecuário da Emater, Eli Dias Junior, observa que este ano a produção de peixe de água doce é bastante expressiva. “Os piscicultores não conseguiram vender no fim do ano passado, então houve um acúmulo de peixe nos criatórios. Isso garante que o preço se mantenha estável, sem aumentos significativos”, afirma.

Por outro lado, o consultor em piscicultura e membro da associação mineira de piscicultores, Eduardo Rasguido, destaca que, apesar de o volume de peixes ser grande, os estoques não são mais tão elevados. “Com o aumento do consumo durante a Quaresma, os estoques de peixe estão próximos do limite, o que significa que não haverá uma grande queda nos preços”, explica.

Impacto do preço do bacalhau

Um dos fatores mais impactantes para os consumidores neste período é o aumento no preço do bacalhau. De acordo com dados do site Mercado Mineiro, o preço do bacalhau Saithe subiu 15,72% em comparação com a Quaresma de 2024. O quilo do produto passou de R$ 73,50 para R$ 85,05. Já o bacalhau Cod teve um aumento de 8%, subindo de R$ 171,58 para R$ 185,46.

O aumento no preço do bacalhau está diretamente relacionado à alta do dólar, que atingiu valores elevados nos últimos meses, tornando a importação do peixe mais cara. “O bacalhau é importado com antecedência e, devido à flutuação do câmbio, os preços aumentaram consideravelmente”, afirma Feliciano Abreu, do Mercado Mineiro. No entanto, ele observa que é comum que, com o tempo, o preço do bacalhau se ajuste devido à concorrência no mercado.

Alternativas ao bacalhau

Apesar do aumento nos preços do bacalhau, muitas empresas mantêm a tradição e continuam oferecendo o produto. A Cia do Camarão, com unidade em Belo Horizonte, é um exemplo. A gerente do estabelecimento, Silvana Santos, menciona que, mesmo com os aumentos, a demanda pelo bacalhau continua alta, especialmente pelo lombo, embora o filé de bacalhau Saithe também esteja em destaque. “Esperamos um aumento de 25% a 30% nas vendas em relação ao ano passado”, diz Silvana.

Além do bacalhau, outros pescados como salmão, surubim, robalo e badejo também estão em alta, sendo procurados por muitos clientes. Contudo, a tilápia se destaca como uma alternativa econômica, atraindo a preferência de muitos consumidores.

Tilápia como opção econômica

Com o preço do bacalhau mais elevado, a tilápia tem ganhado destaque como uma alternativa viável para a Quaresma. De acordo com a pesquisa do Mercado Mineiro, o preço do filé de tilápia caiu 2,85%, passando de R$ 48,92 para R$ 47,53, tornando-a uma opção ainda mais acessível para os consumidores.

Felipe Santos, proprietário da Peixaria Lindeia, localizada no bairro Barreiro, em Belo Horizonte, aponta que a tilápia continua sendo o carro-chefe de seu estabelecimento. Além disso, ele destaca que o surubim e o cascudo também têm grande procura, mas a tilápia é sempre a mais buscada pelos clientes. “Esperamos um aumento de 40% a 50% no movimento em relação ao restante do ano durante a Quaresma”, afirma Santos.

O crescimento da tilápia em Minas Gerais

A tilápia tem se tornado cada vez mais popular em Minas Gerais, tanto para o consumo interno quanto para a exportação. Alisson Meneses, pesquisador da Epamig, observa que a produção de tilápia no estado aumentou significativamente nos últimos anos. “Com a qualidade da carne e a quase ausência de espinhas, a tilápia tem conquistado o mercado e se consolidado como uma opção de peixe de alta qualidade, com boa aceitação, principalmente na Quaresma”, explica Meneses.

De acordo com o Anuário do Peixe 2025, a produção de tilápia em Minas Gerais corresponde a 94% do volume total de peixes produzidos no estado. Com isso, Minas se consolidou como o terceiro maior produtor de peixes do Brasil, ficando atrás apenas de São Paulo e Paraná. A produção, que saltou de 44,3 mil toneladas em 2020 para 72,8 mil toneladas em 2024, continua em expansão, o que coloca Minas no caminho de superar São Paulo e alcançar o primeiro lugar no ranking de produção de tilápia.

Consumo de peixe em Minas Gerais

Apesar da alta produção, o consumo de peixe em Minas Gerais é relativamente baixo. De acordo com dados do IBGE de 2018, o consumo per capita de peixes no estado é de apenas 0,92 kg por pessoa por ano, o que está bem abaixo da média nacional. Em contraste, o consumo per capita de carne bovina no Brasil atingiu 24,2 kg em 2022, conforme dados da Consultoria Agro do Banco Itaú BBA.

No entanto, a crescente produção de tilápia e outras alternativas ao bacalhau pode ajudar a aumentar o consumo de peixe no estado. A popularização desses pescados, tanto no mercado interno quanto em mercados externos, tem se mostrado uma estratégia eficaz para aumentar a ingestão de peixes entre os mineiros.

Minas Gerais: Rumo ao topo na produção de tilápia

Minas Gerais tem grandes planos para a expansão de sua produção de tilápia. Alisson Meneses destaca a importância do Lago de Três Marias, que se tornou o maior produtor de tilápia do Brasil. Com investimentos em infraestrutura e aumento da capacidade de suporte dos lagos, o estado pode em breve alcançar a liderança na produção de tilápia, superando São Paulo e disputando a posição com o Paraná.

Com o crescimento da produção e a melhoria das condições de mercado, Minas está se posicionando para liderar a produção nacional de peixes, o que trará mais vantagens econômicas tanto para os produtores quanto para os consumidores.

Conclusão

A Quaresma de 2025 está marcada por uma expectativa de crescimento nas vendas de peixes, com destaque para a tilápia como alternativa econômica ao bacalhau, que sofreu um aumento considerável de preço. A produção de peixes de água doce, especialmente a tilápia, tem se consolidado em Minas Gerais, que é o terceiro maior produtor de peixes do Brasil. A diversificação das opções no mercado e a busca por alternativas mais acessíveis devem contribuir para uma grande movimentação no setor pesqueiro, especialmente durante este período de aumento do consumo de peixe.