
A conta de luz dos brasileiros deve ficar mais cara ao longo de 2025. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) divulgou, nesta segunda-feira (7), que a projeção de efeito médio dos reajustes tarifários neste ano é de 3,5%. A estimativa faz parte do novo boletim trimestral da agência, batizado de InfoTarifa, que apresenta de forma detalhada as expectativas e variações no setor elétrico nacional.
De acordo com a Aneel, apesar da expectativa de aumento, o índice está abaixo da inflação oficial prevista para o ano. Segundo o último boletim Focus, do Banco Central, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve fechar 2025 em 5,65%.
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Entenda o que influencia o reajuste da conta de luz

Custos setoriais, compra de energia e encargos pesam no cálculo
Segundo o boletim InfoTarifa, o aumento projetado de 3,5% considera diferentes componentes que afetam diretamente o valor pago pelo consumidor. Entre eles estão os encargos setoriais, custos de compra de energia, serviços de distribuição e componentes financeiros.
A expectativa da agência é que esses fatores provoquem uma elevação entre 1,6% e 2% nos custos médios, ao longo do ano. Embora o reajuste geral ainda dependa das deliberações tarifárias de cada distribuidora, a Aneel destaca que os fatores estruturais do setor continuarão pressionando os preços.
Revisões tarifárias já começaram em 2025
Dois processos já foram deliberados até março
De janeiro a março de 2025, dois processos tarifários foram analisados pela agência reguladora. A Roraima Energia, que atende consumidores no estado de Roraima, teve uma redução média de 3,70% nas tarifas. Por outro lado, os clientes da Enel Rio de Janeiro enfrentaram um reajuste de 0,27% para cima.
Somando os dois processos, o efeito médio no período foi uma leve queda de 0,09%, mas a Aneel alerta que esse número tende a mudar à medida que mais distribuidoras tiverem seus reajustes definidos. O diretor-geral da agência, Sandoval Feitosa, afirmou em nota oficial que o boletim InfoTarifa será atualizado trimestralmente, conforme o avanço das deliberações tarifárias.
Conta de Desenvolvimento Energético terá orçamento de R$ 41 bilhões
Fundo subsidia diversas iniciativas do setor elétrico
Outro dado importante revelado pela Aneel no boletim é a previsão de R$ 41 bilhões no orçamento da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) para 2025. Esse fundo setorial é responsável por bancar subsídios, incentivar fontes renováveis e garantir a modicidade tarifária para consumidores de baixa renda.
Atualmente, a CDE 2025 está em fase de consulta pública, e a expectativa é de que o orçamento final seja definido nas próximas semanas. Nos últimos cinco anos, o montante destinado ao subsídio de fontes incentivadas — como solar e eólica — triplicou, segundo a Aneel.
Isso se deve, em grande parte, ao crescimento da geração distribuída e à concessão de descontos nas Tarifas de Uso dos Sistemas de Transmissão (TUST) e de Distribuição (TUSD). Essas medidas visam tornar a matriz energética brasileira mais limpa, mas também aumentam os custos a serem cobertos pelos consumidores por meio da CDE.
Pressão de subsídios na tarifa preocupa especialistas

Especialistas do setor têm levantado preocupações sobre a sustentabilidade dos subsídios no modelo atual. Segundo analistas, embora os incentivos às fontes renováveis sejam fundamentais para a transição energética, a falta de mecanismos mais equilibrados pode gerar distorções tarifárias e penalizar os consumidores residenciais e de baixa renda.
Além disso, há um debate em curso sobre a necessidade de reformular o financiamento da CDE, com propostas que incluem maior participação do Tesouro Nacional ou a criação de um fundo específico para bancar subsídios ambientais, sem impactar diretamente as tarifas.
O que esperar para o restante de 2025?
Reajuste abaixo da inflação, mas ainda assim relevante
Mesmo com a projeção de aumento inferior ao IPCA, o reajuste na conta de luz tem impacto direto no orçamento doméstico, principalmente entre os consumidores mais vulneráveis. A energia elétrica é um item essencial, e qualquer variação nos preços afeta também o custo de produção de bens e serviços em geral.
A previsão da Aneel de reajuste médio de 3,5% em 2025 reforça a importância de acompanhar as deliberações ao longo do ano e buscar alternativas de economia, como o uso eficiente da energia e investimentos em microgeração distribuída.
Com a crise climática elevando os riscos hidrológicos e a necessidade crescente de modernizar a infraestrutura elétrica, o cenário é de pressão contínua sobre os custos do setor. O desafio das autoridades será equilibrar os reajustes, manter os investimentos e garantir tarifas mais acessíveis para todos os brasileiros.
Imagem: rafapress / Shutterstock.com