Catarinense morre em ataque no Líbano: ‘Ficaram embaixo da casa bombardeada até o outro dia’

Uma brasileira de 16 anos de idade nascida em Balneário Camboriú, Litoral Norte catarinense, morreu em um ataque de Israel contra o Líbano ocorrido na segunda-feira (23).

Mirna Raid Nasser saiu do Brasil ainda criança e morava no Líbano desde então. Os detalhes sobre o bombardeio foram relatados ao ND Mais pela prima de Mirna, Jacqueline Nasser, que mora no Brasil.

Foto de Mirna Nasser, que morava no Líbano desde criança

Mirna tinha apenas 16 anos e morava com os pais e três irmãos mais novos no Líbano – Foto: Arquivo Pessoal

De acordo com Jacqueline, o pai da jovem havia enviado a mulher e os filhos mais novos para a casa dos avós em razão do perigo que estavam vivendo. Ele e Mirna, então, foram para casa buscar pertences quando o bombardeio aconteceu.

“Acordamos com as notícias que estavam bombardeando, já tinham pessoas que tinham morrido na minha cidade. Entre 12h e 13h recebemos a notícia do bombardeio da casa do meu tio. Eles estavam na casa arrumando as coisas para poderem sair da cidade”, disse.

Após esperarem o dia inteiro por novidades, Jacqueline recebeu a notícia que o pior havia ocorrido: a prima e o tio haviam perdido a vida no ataque.

“Ficaram embaixo da casa bombardeada até o outro dia. Quando os bombardeios acalmaram um pouco, tiraram eles de lá mortos”, lamenta Jacqueline.

Segundo Jacqueline, Mirna tinha orgulho de ser brasileira. Ela era a única dos quatro irmãos nascida no Brasil. “Acho que o que mais animou ela de ser brasileira foi na copa. Ela gravava vídeos torcendo pro Brasil”, lembra a prima.

Situação é tensa no Líbano

Jacqueline diz que a família de Mirna pretendia voltar ao Brasil, mas após a morte do pai e da filha decidiram ficar, uma vez que os corpos ainda não puderam ser sepultados.

“Agora ninguém quer ir embora. Não estão conseguindo nem chegar de novo até a cidade para fazer o enterro. Eles não querem ir embora e deixar meu tio e minha prima sem enterrar”, explica.

A prima de Mirna lamenta a situação que o seu país natal vive. “Está muito perigoso. As estradas sendo bombardeadas, as casas. Minha casa até acho que não está mais lá. Até eu perdi meu direito de voltar para o meu lar e meus filhos também”, enfatiza.

492 pessoas morreram após ataques israelenses ao Líbano – Foto: IRNA/Divulgação

Os ataques aéreos israelenses contra o Líbano deixaram, pelo menos, 492 mortos e mais de 1,6 mil feridos, incluindo crianças, nesta segunda-feira (23). O governo brasileiro condenou os ataques e recomendou aos brasileiros que deixem Beirute, o Sul do Líbano e o vale do Beqaa.

Israel e o grupo Hezbollah, do Líbano, trocam tiros na fronteira desde o ataque do Hamas e o início da guerra em Gaza, no ano passado. Porém, na última semana, Israel intensificou as operações militares no Líbano.

O ND Mais entrou em contato com o Itamaraty, que ainda não confirmou ou deu detalhes sobre a morte de Mirna.

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