Anielle confirma assédio de Silvio Almeida: “Só queria que aquilo parasse de acontecer”

Anielle Franco falou pela primeira vez sobre as denúnciasFabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil – 13/07/2023

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, falou publicamente pela primeira vez sobre as acusações de assédio envolvendo o ex-ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida.

Em entrevista à revista Veja, publicada nesta sexta-feira (4), a ministra confirma ter sido vítima de importunação sexual.

Anielle falou sobre o medo dos julgamentos e afirmou que as importunações começaram com “atitudes inconvenientes” ainda durante a transição de governo, em 2022. “Não tínhamos nenhuma relação profissional até a transição do governo, em dezembro de 2022. Ali começaram as atitudes inconvenientes, que foram aumentando ao longo dos meses até chegar à importunação sexual”, afirmou.

Ao ser perguntada sobre os motivos de não ter denunciado Silvio Almeida antes, Anielle diz ter ficado “paralisada” e que focou “na missão, no propósito e em toda a responsabilidade” do cargo de ministra. “Ficamos com medo do descrédito, dos julgamentos, como se o que aconteceu fosse culpa nossa”, contou.

Desabafo

“Por um tempo, quis acreditar que estava enganada, que não era real, até entender e cair a ficha sobre o que estava acontecendo. Fiquei sem dormir várias noites”, relatou. “Ninguém se sente à vontade ficando em silêncio em uma situação assim. Mas eu não queria a minha vida exposta e atravessada mais uma vez pela violência. Só queria que aquilo parasse de acontecer”, desabafou Anielle.

A ministra também relatou ter se sentido ainda mais vulnerável quando as denúncias contra Silvio Almeida vieram à tona. “Sei que vivemos nesse mundo de internet, em que tudo é muito rápido e todo mundo quer saber de tudo, mas nenhuma vítima, de qualquer tipo de violência que seja, tem a obrigação de se expor, falar quando as pessoas querem que ela fale”, pontuou.

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Apoio de Janja

Anielle falou sobre a relação com a primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja. No dia em que o caso veio a público, Janja publicou uma foto em que beijava a testa de Anielle. A postagem feita em seu Instagram foi vista como apoio à Anielle, antes mesmo da confirmação do caso e do pronunciamento do governo.

“Janja é uma grande companheira de luta e, desde que cheguei ao governo, ela se tornou amiga e parceira. A postagem simboliza mais do que solidariedade. É uma manifestação de apoio e de compromisso com a agenda de proteção às mulheres, de tolerância zero à violência e à opressão”, afirmou.

Investigação do caso na PF

Anielle prestou depoimento na Polícia Federal na quarta-feira (2), no inquérito que apura os supostos assédios cometidos pelo ex-ministro dos Direitos Humanos. Anielle deu detalhes da denúncia e reforçou o que já tinha dito a colegas ministros do governo, citando datas e ocasiões.

A PF ainda deve ouvir outras vítimas do caso e uma representante da organização MeToo Brasil, que trouxe as denúncias à tona. O interrogatório do ex-ministro Silvio Almeida ainda não tem data para ocorrer.

Silvio Almeida foi demitido no dia 6 de setembro, um dia após a divulgação das denúncias.  O ex-ministro nega as acusações e alega ser alvo de perseguição.

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