Fake News sobre o Pix reforça a necessidade da regulamentação das redes, apontam especialistas

seucreditodigital.com.br fake news sobre o pix reforca a necessidade da regulamentacao das redes apontam especialistas fake news

A recente onda de desinformação sobre a portaria do governo federal que incluiu transações feitas por Pix na fiscalização da Receita Federal evidenciou o poder das redes sociais em disseminar informações falsas e o impacto dessa prática na sociedade.

Um vídeo de um deputado federal, alertando para a possível taxação do Pix, viralizou rapidamente, contribuindo para o pânico generalizado. Em resposta à pressão popular, o governo revogou a medida, mas o episódio trouxe à tona uma discussão crucial: a regulamentação das redes sociais para conter a disseminação de fake news.

Leia Mais:

Tarifa Social de Energia Elétrica: veja se tem direito ao desconto na conta de luz

O impacto das fake news na sociedade

pix
Imagem: Freepik/ Edição: Seu Crédito Digital

As redes sociais se tornaram um canal eficaz para a disseminação de notícias falsas, que, muitas vezes, alcançam um público massivo em um curto espaço de tempo.

A desinformação sobre o Pix foi um exemplo claro desse fenômeno. Embora o governo tenha tentado esclarecer a situação, a onda de fake news já havia causado danos significativos à opinião pública. Especialistas em direito digital, como Laura Porto, destacam que a rapidez com que as informações falsas se espalham e o impacto emocional que elas causam dificultam a correção.

Desinformação e suas consequências

Laura Porto, especialista em direito digital, explica que a desinformação é projetada para gerar reações emocionais, como medo e indignação, o que a torna altamente compartilhável. As redes sociais amplificam esse fenômeno ao priorizar conteúdos com alto engajamento. Isso significa que as fake news frequentemente ganham mais visibilidade do que as tentativas de correção.

“A regulamentação das redes busca estabelecer normas para que essas plataformas implementem mecanismos de transparência e responsabilidade, diminuindo o alcance de notícias falsas e permitindo respostas mais rápidas a esse tipo de problema”, afirma Porto. A especialista defende que as plataformas sejam mais transparentes sobre os algoritmos que promovem conteúdos, implementem verificadores de fatos e criem mecanismos para identificar bots e contas falsas.

O PL das Fake News e o desafio da regulamentação

O incidente envolvendo o Pix reacendeu o debate sobre a necessidade de uma legislação mais rigorosa para as redes sociais. No Congresso Nacional, a base aliada aproveitou a oportunidade para pressionar pela aprovação do PL das Fake News, um projeto de lei que visa regular as plataformas digitais. No entanto, o texto enfrenta forte resistência tanto da oposição quanto de membros do centro político.

A dificuldade na construção de consenso

A cientista política Paula Trindade, que acompanha de perto a tramitação do projeto, acredita que o governo deve usar o episódio do Pix como uma chance para defender a aprovação do PL das Fake News. “O governo tem interesse, a esquerda tem interesse, e é importante que a sociedade se manifeste, sob pena de as mentiras continuarem crescendo”, afirmou. Porém, ela adverte que, para que o projeto seja aprovado, ele precisará ser alterado para alcançar um consenso entre os diversos setores políticos.

“É preciso mais pressão para pautar esse projeto, especialmente porque ele já foi aprovado no Senado. Faltam dois anos de governo Lula, e a regulamentação das redes continua sendo uma prioridade”, conclui Trindade.

O cenário político e a resistência das plataformas

Apesar da pressão pela aprovação do PL, as grandes plataformas de tecnologia, como Facebook, Twitter e Google, têm resistido à regulamentação. O relator do projeto na Câmara, deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), ampliou o escopo do texto do Senado para criar uma Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet. No entanto, a pressão das big techs, que têm forte influência sobre os parlamentares, tem dificultado a votação do projeto.

A oposição também se posiciona contra a proposta, alegando que a regulamentação pode ser usada para censurar opiniões e restringir a liberdade de expressão. O deputado Ubiratan Sanderson (PL-RS), por exemplo, considera que o governo perdeu credibilidade após o episódio do Pix e que a defesa da regulamentação ficou mais difícil.

A polarização do debate

A polarização política sobre a regulamentação das redes sociais tem dificultado a construção de um consenso. A discussão sobre o PL das Fake News ficou “contaminada” por disputas partidárias e ideológicas, o que levou o tema a ser levado ao Supremo Tribunal Federal. O STF está analisando o artigo 19 do Marco Civil da Internet, que pode definir as responsabilidades das plataformas digitais no Brasil.

“A linha entre liberdade de expressão e censura é muito tênue. Por isso, é essencial mantermos o debate aberto e contínuo para garantir que os critérios estabelecidos sejam claros, justos e proporcionais”, observa Laura Porto.

O papel do governo na regulamentação

fake news
Imagem: McLittle Stock / shutterstock.com

Para a deputada Érika Hilton (PSOL-SP), a desinformação sobre o Pix mostrou a urgência de regulamentar as redes sociais. Ela acredita que a pressão sobre os parlamentares e o governo é necessária para que o projeto avance na Câmara. Hilton argumenta que, apesar das resistências, o governo deve buscar apoio dentro da base aliada e mobilizar os deputados para garantir que o debate sobre a regulamentação continue.

A necessidade de equilíbrio

A regulamentação das redes sociais é um tema complexo que exige um equilíbrio entre a proteção contra a desinformação e a garantia da liberdade de expressão. A especialista Laura Porto destaca que a criação de uma legislação clara e proporcional pode evitar excessos regulatórios e garantir a confiança da sociedade nas medidas adotadas.

O debate sobre o PL das Fake News e a regulamentação das plataformas digitais deve continuar, com o objetivo de encontrar soluções que protejam os cidadãos sem prejudicar os direitos fundamentais à liberdade de expressão.

Imagem: Dilok Klaisataporn / shutterstock.com

Adicionar aos favoritos o Link permanente.