Decisão do TCU inviabiliza continuidade do Pé-de-Meia, entenda!

Placa na entrada do Tribunal de Contas da União com a sigla TCU

O Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu bloquear o uso de R$ 6 bilhões do Fundo de Garantia de Operações de Crédito Educativo (Fgeduc) para financiar o programa Pé-de-Meia, uma iniciativa do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O programa, que oferece bolsas a estudantes do ensino médio público cadastrados no CadÚnico, enfrenta agora um impasse que pode inviabilizar sua continuidade.

A decisão foi fundamentada no entendimento de que a lei que institui o Pé-de-Meia determina que os recursos sejam provenientes de dotações do Orçamento Geral da União. Segundo o TCU, o uso de verbas do Fgeduc para bancar o programa seria irregular. Na prática, isso significa que o governo não pode utilizar fundos externos para sustentar a iniciativa.

O que é o programa Pé-de-Meia?

Pé-de-Meia
Imagem: Marcelo Camargo / Agência Brasil

O Pé-de-Meia é um programa social voltado a estudantes de ensino médio da rede pública, com o objetivo de oferecer suporte financeiro e incentivar a conclusão dos estudos. Os principais aspectos do programa incluem:

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  • Público-alvo: Estudantes cadastrados no CadÚnico.
  • Benefícios:
    • Pagamento mensal de R$ 225 por matrícula ativa.
    • Depósito anual de R$ 1.000, acumulado em uma poupança, que só pode ser retirado após a formatura no ensino médio.
  • Impacto total: Um estudante pode acumular até R$ 9.200 durante os três anos de ensino médio.

Criado como uma medida de apoio a jovens de baixa renda, o programa rapidamente conquistou popularidade. Entretanto, sua continuidade agora está ameaçada pela ausência de recursos no Orçamento.

Motivações e impactos da decisão do TCU

A decisão do TCU gerou um efeito imediato: sem acesso aos R$ 6 bilhões do Fgeduc, o governo não tem como arcar com os pagamentos previstos pelo programa. Além disso, o Congresso Nacional ainda não aprovou o Orçamento de 2025, o que dificulta a alocação de novos recursos.

De acordo com a Advocacia Geral da União (AGU), sem os fundos do Fgeduc, restariam apenas R$ 762 milhões para o Pé-de-Meia, uma quantia insuficiente para atender à demanda de estudantes beneficiados. A AGU também destacou que os pagamentos de janeiro de 2025 podem ser interrompidos.

Como a decisão afeta o governo Lula

A suspensão do Pé-de-Meia ocorre em um momento de baixa popularidade para o governo Lula. O programa era uma das bandeiras sociais do terceiro mandato do presidente, e sua interrupção pode agravar a percepção negativa sobre a gestão.

Além disso, a decisão expõe uma falha na estratégia do governo ao não prever a necessidade de alocar recursos exclusivamente do Orçamento, como exigido pela lei. Essa situação coloca pressão sobre o Ministério da Fazenda e sobre o próprio presidente, que precisam encontrar uma solução para viabilizar o programa.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a gestão está trabalhando para encontrar alternativas. Contudo, com o Congresso em recesso, qualquer medida depende da aprovação da Lei Orçamentária, o que pode levar meses.

O que diz a lei do Pé-de-Meia

pagamento de R$ 200 por mês a estudantes pix pé-de-meia
Imagem: rafastockbr / shutterstock.com

A Lei 14.818 de 2024, que instituiu o Pé-de-Meia, contém um artigo que determina que os benefícios do programa sejam compatíveis com as dotações orçamentárias disponíveis. Esse trecho foi vetado inicialmente por Lula, mas o veto foi derrubado pelo Congresso, tornando o texto obrigatório.

Com isso, o uso de recursos do Fgeduc foi considerado uma “jogada irregular” pelo TCU, que decidiu pelo bloqueio da verba. A decisão é cautelar, ou seja, ainda pode ser revisada, mas seus efeitos são imediatos.

Considerações finais

Embora o governo Lula tenha reiterado o compromisso com o Pé-de-Meia, a situação atual evidencia desafios na gestão de programas sociais. A busca por alternativas, como a realocação de recursos no Orçamento, deve ser uma prioridade para evitar a descontinuidade do benefício.

A continuidade do programa depende, sobretudo, da articulação entre Executivo e Legislativo. O retorno do Congresso será crucial para decidir o futuro dessa política pública, que afeta diretamente milhões de jovens brasileiros em situação de vulnerabilidade.

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