Gregos mortos no Himalaia? Cientistas encontram mais de 14 esqueletos humanos em lago indiano

Já imaginou encontrar gregos mortos no Himalaia? Segundo um artigo da Nature, um grupo de 14 pessoas com DNA correspondente ao de habitantes da Ilha de Creta, na Grécia, foi descoberto no Lago Roopkund, a 5 mil metros de altitude, na cordilheira Trishul, no Himalaia, na Índia.

Lago Roopkund

Gregos mortos no Himalaia? Cientistas encontram mais de 14 esqueletos humanos em lago indiano – Foto: Canva/ND

Para se ter uma noção, a descoberta intrigou os cientistas e levantou questões sobre como esses europeus chegaram a um local tão remoto por volta de 1800 d.C.

Os primeiros esqueletos de Roopkund foram relatados em 1942, quando o guarda florestal Hari Kishan Madwall avistou restos humanos expostos devido ao derretimento do gelo. Inicialmente, os britânicos temeram que fossem vítimas de uma invasão japonesa, mas analises seguintes indicaram que os ossos eram mais antigos.

Após isso, nas décadas de 1950 e 1960, a Anthropological Survey of India conduziu os primeiros estudos nos esqueletos, revelando fraturas cranianas compatíveis com impactos de granizo. Depois de testes de datação por radiocarbono na Universidade de Oxford, na Inglaterra, foi indicado que os ossos pertenciam a pessoas que morreram entre os séculos 8 e 10.

Gregos mortos no Himalaia: como foram encontrados?

Em 2019, o estudo da Nature trouxe novos dados. Cientistas de 16 instituições da Índia, Alemanha e Estados Unidos relataram uma análise aprofundada em 38 esqueletos usando técnicas de datação por radiocarbono, DNA antigo, isotopia estável e osteologia.

Os resultados? Indicou que os esqueletos pertenciam a três grupos geneticamente distintos. Veja abaixo:

  • O primeiro grupo era composto por indivíduos do sul da Ásia, datados entre 675 e 985 d.C.;
  • O segundo grupo, datado de cerca de 1800 d.C., incluía 14 indivíduos de origem europeia, especialmente da Grécia e de Creta;
  • O terceiro grupo continha um indivíduo de origem do leste da Ásia, também datado de 1800 d.C.

O estudo sugere que esses indivíduos não eram relacionados geneticamente entre si, indicando que não se tratava de uma colônia ou grupo familiar.

Ossadas de pessoas debaixo de neve

Datado de cerca de 1800 d.C., incluía 14 indivíduos de origem europeia, que eram os gregos mortos no Himalaia – Foto: Divulgação/Himadri Sinha Roy/ND

Como europeus chegaram ao Himalaia?

A notícia de gregos mortos no Himalaia é uma surpresa para cientistas, justamente pelo deslocamento de europeus até o continente asiático. Uma teoria sugere que eles possam ter sido comerciantes gregos, uma vez que registros históricos indicam a presença de mercadores helênicos na Índia desde o século 18.

Alguns estudiosos especulam que esses indivíduos podem ter viajado em caravanas comerciais e, por motivos desconhecidos, seguiram para as montanhas do Himalaia.

Outra possibilidade envolve a presença de estudiosos europeus na Índia durante o período colonial. O renomado helenista grego Dimitrios Galanos, por exemplo, viveu na Índia e estudou textos sagrados hindus, demonstrando que havia intercâmbio acadêmico e cultural entre gregos e indianos na época.

O que causou as mortes no Lago Roopkund?

Vários esqueletos na neve

Gregos mortos no Himalaia; saiba como eles podem ter ido até a Ásia – Foto: Divulgação/Himadri Sinha Roy/ND

A hipótese mais aceita entre os cientistas para os gregos mortos no Himalaia é que uma tempestade de granizo foi a principal causa das mortes.

Estudos forenses apontam que os crânios apresentam fraturas consistentes com impactos de pedras de gelo caindo de grande altura, corroborando lendas locais que falam sobre uma “maldição divina” que teria atingido peregrinos a caminho do Monte Nanda Devi.

Outra teoria sugere que uma epidemia pode ter dizimado o grupo, mas a falta de evidências de doenças infecciosas nos restos mortais enfraquece essa explicação.

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