Starlink cresce no Brasil: Anatel avalia riscos para a soberania digital

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A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) está analisando os possíveis impactos da expansão da Starlink, empresa de satélites de Elon Musk, sobre a soberania digital e a segurança de dados do Brasil. A investigação ocorre diante do pedido da empresa para operar mais 7,5 mil satélites no país, além dos 4,4 mil já autorizados desde 2022.

A agência reguladora busca entender os riscos de uma operação massiva da Starlink sem a necessidade de integração com redes nacionais, o que poderia resultar em um tráfego de dados brasileiro fora da jurisdição nacional. Além disso, há preocupações quanto à capacidade da Anatel de fiscalizar e garantir o cumprimento das normas brasileiras.

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Imagem: Freepik/ Edição: Seu Crédito Digital

Starlink e a nova solicitação de expansão no Brasil

A Starlink, que encerrou janeiro de 2025 com mais de 330 mil assinantes no Brasil, quer ampliar significativamente sua infraestrutura com a nova geração de satélites (Gen2). Essa expansão permitiria desafogar regiões com sobrecarga e viabilizar novos serviços, como conectividade direta a smartphones.

O pedido de ampliação da rede da Starlink está sendo relatado pelo conselheiro da Anatel, Alexandre Freire, que determinou um prazo de 15 dias para que a área técnica da agência forneça análises detalhadas sobre os impactos da operação da empresa no Brasil.

Quais são as principais preocupações da Anatel?

A Anatel está avaliando diferentes aspectos relacionados à expansão da Starlink. Os principais pontos de atenção incluem:

1. Soberania digital e controle da infraestrutura

  • A Starlink poderia operar no Brasil sem integração com redes nacionais, desviando o tráfego diretamente para seus satélites.
  • Esse modelo poderia enfraquecer o controle do governo brasileiro sobre os dados trafegados e impedir o cumprimento de regras locais.
  • A Anatel investiga se essa estrutura representaria um risco à jurisdição digital brasileira.

2. Capacidade de fiscalização da Anatel

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Imagem: Reprodução/ Anatel
  • Caso a Starlink opere sem vinculação a redes de backbone nacionais, a agência teria dificuldades para supervisionar e regular a empresa.
  • Como garantir que a empresa cumpra as normas brasileiras de telecomunicações?
  • Quais seriam os desafios para aplicar sanções em caso de descumprimento das regras nacionais?

3. Risco de interrupção unilateral dos serviços

  • A Starlink poderia suspender seus serviços no Brasil de forma unilateral, caso fosse influenciada por crises geopolíticas ou disputas comerciais.
  • Isso poderia impactar usuários dependentes da internet via satélite, especialmente em áreas remotas.
  • O modelo de operação poderia ser usado como um instrumento de pressão em contextos de tensões internacionais.

4. Monitoramento e segurança de dados

  • Há um risco de que governos estrangeiros ou agentes externos possam monitorar o tráfego da Starlink no Brasil.
  • Como garantir que dados de cidadãos, empresas e órgãos públicos não sejam expostos a outros países?
  • A Anatel busca entender os impactos desse monitoramento sobre a privacidade e proteção de informações estratégicas.

5. Conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD)

  • Dados processados e armazenados pela Starlink podem estar hospedados em servidores no exterior.
  • A agência questiona se isso viola a LGPD e compromete a segurança de informações sensíveis.
  • A falta de transparência sobre a localização dos servidores pode ser um risco adicional.

O que pode acontecer com o pedido da Starlink?

A Anatel pode decidir por diferentes caminhos ao avaliar o pedido da Starlink:

  1. Aprovar a solicitação sem restrições, permitindo a expansão sem exigências adicionais.
  2. Aprovar com condicionantes, impondo regras para garantir fiscalização e controle regulatório.
  3. Negar o pedido, caso identifique riscos significativos à soberania digital e segurança de dados.
  4. Adiar a decisão, solicitando novos estudos e audiências públicas sobre o tema.

O pedido já foi postergado para 2025, o que indica que a agência ainda não está confortável com a expansividade da Starlink no Brasil sem regulamentações mais claras.

Elon Musk e a relação da Starlink com governos

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Imagem: Frederic Legrand – COMEO/shutterstock.com

A Anatel também considera os impactos políticos da presença da Starlink no Brasil. A empresa de Elon Musk tem enfrentado escrutínio global, com alguns países revisando contratos e impondo restrições a suas operações.

Nos Estados Unidos, a atuação de Musk tem sido ligada à administração de Donald Trump, o que levanta preocupações sobre interferências políticas na gestão da empresa.

Além disso, há precedentes de rompimento unilateral de contratos da Starlink com governos de outros países, o que reforça o alerta sobre os riscos de sua expansão no Brasil.

Considerações finais

A expansão da Starlink no Brasil levanta questões complexas sobre soberania digital, segurança de dados e controle regulatório. A Anatel está avaliando cuidadosamente os impactos da operação da empresa e buscando garantir que o tráfego de dados e a infraestrutura de telecomunicações do país permaneçam sob supervisão nacional.

Com um prazo de 15 dias para que sua área técnica responda aos questionamentos do conselheiro Alexandre Freire, a decisão final sobre a autorização dos novos satélites pode levar meses para ser definida.

Enquanto isso, a discussão sobre a autonomia tecnológica do Brasil e o papel das empresas estrangeiras no setor de telecomunicações deve continuar a crescer. O futuro da Starlink no país ainda é incerto, e a postura da Anatel será determinante para o equilíbrio entre inovação e segurança nacional.

Imagem: Freepik/Edição: Seu Crédito Digital

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