Saiba a história do Theater und Musikverein Frohsinn, projeto que deu origem ao Teatro Carlos Gomes, em Blumenau

Theater und Musikverein Frohsinn

Capa: Theater und Musikverein Frohsinn Blumenau passou a se chamar Sociedade Dramático Musical Carlos Gomes no ano que iniciou a Segunda Guerra Mundial, 1939. O projeto do novo teatro da sociedade é do ano de 1936, sendo que a pedra fundamental foi lançada em 1935. A sociedade Theater und Musikverein Frohsinn Blumenau que recebia a nova sede para as atividades culturais de canto, música e teatro era resultado da fusão da Teatherverein Frohsinn e a Sociedade Musical Liederkranz.

Quando os pioneiros chegaram à região, trouxeram suas práticas culturais junto de suas malas. Práticas relacionadas ao canto (religioso, coral, solista, sarau), à música instrumental (religioso, solo, orquestra), teatro, pintura, tapeçaria, poesia e literatura, entre outras. Através destas, interagiam socialmente, muito além, de somente do trabalho, em família, ou nas fábricas que fundariam posteriormente à sua chegada ao local. Essa interação, que continuou entre os descendentes dos pioneiros, não tinha relação com o “preservar a cultura dos antepassados”, mas sim, continuar praticando, por lazer, cultura, amizade, educação e formação social.

Para a prática cultural, musical, de canto e da atividade teatral da sociedade, era necessário organizar um espaço adequado.

No Stadtplatz da Colônia Blumenau, após a construção de suas casas permanentes, da igreja, da sociedade, das roças e locais para os animais, ainda no século XIX, a comunidade se reuniu para debater sobre a construção do seu teatro para suas atividades teatrais e também, de canto e música.

Alguns anos mais tarde, porém, quando o empreendimento já florescia, surgiu entre os elementos novos mais instruídos o anseio duma vida cultural mais elevada, formando-se um circulo, cujo gosto pelo canto e pelo teatro lançou as bases da Sociedade Teatral de Blumenau, que se organizava mais tarde. As primeiras reuniões e noitadas artísticas tiveram lugar na casa de Reinhard, situada aproximadamente onde hoje, na rua Quinze de Novembro, está localizada a casa de negócio Buerger. Nanny Poethig, 1950.

Em 21 de dezembro de 1859 foi fundada a Schützenverein Blumenau, a Sociedade dos Atiradores Blumenau, contando com 47 sócios. No mesmo espaço, em 24 de junho de 1860, foi fundada a Sociedade Teatral de Blumenau, ou melhor, só instituída. Foi formalizada como sociedade em 18 de abril de 1895.

Em 1870, a Schützenverein Blumenau, construiu sua primeira sede e junto dela, também se criou um espaço para a Sociedade Teatral de Blumenau que se organizou no ambiente contando com a presença de um pequeno pequeno palco para as atividades teatrais.

Schützenverein Blumenau. Década de 1870.

Em 1872, houve uma ampliação no pequeno espaço do teatro, com a contribuição de muitos representantes da comunidade, que foi organizada pela equipe do teatro. Foi criada a sociedade com a emissão de ações. A pessoa adquiria dez ações por cinco mil réis. O nome, na história, das pessoas que se tornaram acionistas do grupo da Sociedade Teatral de Blumenau, de acordo com o artigo de Nanny Poethig, no livro Centenário de Blumenau, são:

Hermann Blumenau; Wilhelm Friedenreich; Charlotte Kegel; Louis Alternburg; Franz Lungershausen; W. Brandes; Meister Richter; Hans Breithaupt; Franz Faust; Marques; W. Scheeffer; Vahl; W. Eberhardt; Kirchbach; “Tio” Brand; A. C. Ebel; Victor Gaertner; Hermann Wendeburg; H. Gloeden; Ballehr; Carl Rischbieter; Avé-Lallemant; C. Külps; August Daniel Persuhn; Emil Odebrecht; Gtahl; Roedel; Hindimeyer; Rudolf Krause; Ferdinand Schrader; Bichels; Heinrich Krohberger; Grewsmühl; Sametzki; Curt Bernard Scheidemantel; Dr. Fritz Müller; G. Beger; H. Hosang; Peter Hartmann; Cardoso; Clasen; Ferdinand Ernst Friedrich Hackradt; Kumlehm; Meger; Gustav Spierling; Heinrich Probst; Alfred Beims e Carl Friedenreich.

Passados 8 anos e a tragédia da enchente de 1880, que não poupou nem mesmo a singela primeira sede do teatro de Blumenau, em 1885, foi criada uma nova associação de teatro, até então denominada de Sociedade Teatral de Blumenau, e que passou a se chamar Theaterverein Frohsinn.

De acordo com Nanny Poethig, 1950, faziam parte do corpo cênico (1860 até 1885) até essa formação: Rose Gaertner, Frau Meger, Frau Gloeden, Clara Breithaupt, Marie Breithaupt, Meta Friedenreich, Fräulein Wendeburg, Frau von Hartentshi, Clara Screep, Ida Peters, Rudolf Krause, Hermann Ruediger, Heinrich Froehner, Blomeger, Christopher Schmidt, Alfred Beims, Otto Freygang, Ernst Hertel, Leopold Hoeschl, Theodor Lüders, Schott e Paul Schwartz e esposa.

A Theaterverein Frohsinn desejou construir uma nova sede e entre 1895 e 1896 e adquiriu um terreno em que se situou um dos primeiros comércios de Blumenau, o Meyer & Spierling, no Boulevard Hermann Wendeburg, Rua das Palmeiras – a Palmenallee.

Registro após a enchente 1880 – Do Acervo da Família Odebrecht, encontro com familiares na Alemanha.
Rose Gaertner.

Nesse tempo, por longo período Rose Gaertner (Rosálie Julie Auguste Sametzki) (1844-1900), viúva do sobrinho de Hermann Blumenau, Victor Gaertner, foi a secretária e tesoureira da Theaterverein “Frohsinn” e uma das grandes incentivadoras para que a sociedade se separasse da sociedade de tiro, a Schützenverein Blumenau e assim aconteceu.

Atendendo a reinvindicação de Rose Gaertner, uma das entusiastas das atividades teatrais na sociedade blumenauense, os envolvidos foram atrás de iniciativas para captação de recursos, o que deixou a secretária e tesoureira da sociedade ocupada por muito tempo, para quitar os empréstimos levantados.

De acordo com o artigo de Nanny Poethig, 1950, faziam parte da sociedade no período do “novo teatro”, os seguintes nomes:

Hermann Hering; Bruno Hering; Paul Hering; Gustav Salinger; Bruno Lungershausen; Lug Niemeyer, Ernst Colin; Alwin Schrader; Rudolf Kleine; Max Hering; Franke; Max Feddersen; Julius Probst; Doerck; Heinrich Krause; Minna Hering; Elise Hering (Steinbach); Johanna Hering; Nanny Hering (Poethig); Margarete Hering (Müller); Gertrud Hering (Gross); Marie Gross; Marie Reiche (Lungers-hausen); Tekla Probst; Olga Salinger (Probst) e Elly Rischbieter (Mans).

Localização do Teatro Frohsinn, ainda na paisagem no momento desta fotografia. No local atualmente está a sede da CELESC.

A nova sede da Theaterverein Frohsinn foi executada pelo construtor Rönicke e terminada em abril de 1896. Rose Gaertner pôde interagir no espaço cênico, por somente mais 4 anos. Faleceu em 26 de dezembro de 1900, causando grande comoção entre o grupo. Além da perda da grande entusiasta, abriu-se uma lacuna no trabalho da equipe das artes cênicas, diminuindo um pouco as atividades teatrais em Blumenau.

Sede da Sociedade Teatral Frohsinn, localizado na Rua das Palmeiras, Pamenallee.
Grupo “Die Orientreise de Blumenthal e Kadelburg” – Celebração do 25º aniversário do Theaterverein Frohsinn em 5 de março de 1910. Acervo A.H.J.F.S. – Fundo Memória da Cidade – Coleção Theaterverein Frohsinn.

Durante a Primeira Guerra Mundial, em 1917, quando o Brasil participou com tropas, contra a Alemanha, a Theaterverein Frohsinn foi obrigada a encerrar suas atividades teatrais e até então, seu presidente era Gustav Salinger. Nesse mesmo ano, em 3 de junho, foi convocada uma assembleia para eleger nova diretoria e novo presidente, sendo eleito Augusto Zittlow, que permaneceu no cargo por 23 anos. Zittlow residia na frente do Theater Frohsinn.

Detalhe da fachada eclética, empena, com as aberturas do sótão.
Residência do novo presidente do Frohsinn: a partir de 1917, por 23 anos.

Em abril de 1920 houve uma retomada das apresentações teatrais. Neste tempo a diretoria do Frohsinn era:

Presidente: Augusto Zittlow;
Secretário: Otto Rohkohl;
Tesoureiro: Rudi Kleine;
Diretor de palco: Nanny Poethig;
Decoradora: Maria Lungershausen.

O ano de 1921 foi marcado por grandes atividades teatrais. Foram ensaiadas e apresentadas inúmeras peças. E assim foi a rotina entre os anos de 1922 até 1934. Nanny Poethig, 1950, lista todas as peças apresentadas nesse intervalo de tempo, em seu artigo no livro Centenário de Blumenau de 1950.

Maestro Heinz Geyer.

Em 27 de janeiro de 1921, chegou ao Brasil o maestro Heinz Geyer. Na Alemanha, após participar da Primeira Guerra Mundial, Geyer sofria de reumatismo. Foi habilmente aconselhado por um médico a se mudar para um lugar de clima tropical e não hesitou em seguir as prescrições. Chegou a Blumenau e, como maestro, encontrou a banda musical de Hermann Ruediger, a banda musical Lyra de Ernst Bernhardt, o Club Musical, e outros muitos clubes musicais, bandas, associações de canto. Música para seus ouvidos e regimento.

Heinz Geyer se tornou uma personalidade da música e do canto de Blumenau, quando em 7 de setembro de 1922, no Centenário da Independência, participou ativamente do desfile oficial usando o uniforme de “Tiro de Guerra-475”. Esse nacionalismo acompanhou-o o resto da vida e foi uma de suas características e também a música. De acordo com a historiadora Edith Kormann, esse desfile foi o embrião da orquestra sinfônica criada e dirigida pelo maestro, que também esteve à frente do Club Musical. No concerto de Natal de 26 de dezembro de 1929, Geyer acompanhou o Liederkranz com a orquestra, recebendo o reconhecimento dos blumenauenses. A partir de então tornou-se regente, além da orquestra, dos corais e solista nos concertos por ele dirigidos. Isto o entusiasmou muito e lhe abriu novas perspectivas.

Com as novas perspectivas e o aumento dos sócios da Teatherverein Frohsinn, a sociedade vislumbrou uma nova sede – a união da sociedade com a Sociedade Musical Liederkranz, fundada no dia 26 de maio de 1909. E assim aconteceu.

Terreno adquirido para construir a nova sede.

Antes disto, em 1935, após decidirem a construção de uma sede maior e durante a aquisição do terreno para sua construção, Geyer intermediou a negociação. Arthur Rabe, proprietário do terreno escolhido, pedia 160 contos de réis pelo mesmo e o maestro intercedeu pedindo menos. Arthur Rabe cedeu o terreno para a sociedade, por 145 contos de réis. ​Para a liberação do terreno com área necessária foram demolidas as casas de Fides Deeke e de Nienstedt, com localização na Rua XV de Novembro. A pedra fundamental foi lançada em 10 de novembro de 1935.

De acordo com o artigo de Nanny Poethig, 1950, os nomes que se destacaram na Teatherverein Frohsinn no período de 1910 até 1935, foram: Helene Salinger (Lang); Elsbeth Blohm (Feddersen); Cilly Blohm; Trude Blohm; Frieda Hindelmeyer; Uschi Deeke (Hering); Kaethe Schrader; Knethe Hering (Werner); Lore Hering (Bek); Edith Rohkohl; Siegfried Rohkohl; Otto Blohm; Fritz Blohm; Curt Hering; Otto Rohkohl (Cônsul alemão); Julius v. Czekus; Walter v. Czekus; Walter Werner; Frau Kreuzer; Herr Nietsche; Curt Boettner; Felix Hering; Adolf Poethig; Bruno Koshel, Frau Broddersen e Isolde Hering (Amaral).

Lançamento da pedra fundamental.

Em 1935 a Sociedade Teatral Frohsinn lançou, dia 10 de novembro, a pedra fundamental da construção do novo teatro. Agora na Rua 15 de Novembro, no centro da cidade. Enquanto a sede era construída, em 1936 à Sociedade Frohsinn unia-se a Sociedade Liederkrantz, que era a fusão da Sociedade Musical Lyra com a Sociedade de Canto Germânia. Site do Carlos Gomes.

Comentário: Centro da cidade? Interessante comentário sobre a centralidade de Blumenau até a bem pouco tempo tida como em torno da Rua das Palmeiras e do porto, onde estava a sede do Teatro Frohsinn. O que mudou? Seria a localização da Casa São José e o grande colégio fundado pelo padre José Maria Jacob, humilhado em Blumenau? O que fez o eixo da centralidade se deslocar para a região da Igreja Matriz de Blumenau?

A pedra fundamental da nova sede da sociedade foi inaugurada em 1º de julho de 1939, quando o nome Theater und Musikverein Frohsinn Blumenau – resultado da junção do teatro com o canto, havia sido mudado mais uma vez, tendo sido trocado por imposição dos tempos, para Sociedade Dramático Musical Carlos Gomes.

O projeto da nova sede da Theaterverein Frohsinn – Theater und Musikverein Frohsinn Blumenau – Teatro Frohsinn

Conforme visto, no início da década de 1930, houve a fusão da dramaturgia e do canto, em Blumenau, concretizando um projeto antigo, surgido ainda no final da década de 1920. A partir dessa fusão surgiu a sociedade Theater und Musikverein Frohsinn Blumenau, nome que está ilustrado no projeto da sede da nova sociedade assinado pelo arquiteto engenheiro Wilhelm Ferdinand Franz von Knoblauch, ou somente, Franz von Knoblauch (1901-1980), para o novo espaço construído para o Frohsinn. Detalhe: isso aconteceu antes da Segunda Guerra Mundial, mas já havia ações impetradas pelo Nacionalismo, na região.

O Projeto

O projeto foi assinado pelo arquiteto engenheiro Franz von Knoblauch, em 1936, ano após o lançamento da pedra fundamental na Rua XV de Novembro. Nesse tempo, o projeto acabado foi encaminhado para a Alemanha, pelas mãos de um dos sócios do Theater und Musikverein Frohsinn Blumenau, para ser avaliado por técnicos daquele país e, foi aprovado. Mesmo que von Knoblauch possuísse uma construtora, a obra da nova sede não foi executada por sua empresa, e alguma coisa foi executada diferentemente do que constava do projeto. Von Knoblauch acompanhou estas modificações, durante a execução do projeto, refazendo alguns desenhos. Não se sabe quem respondeu pelas modificações, a começar pelas fachadas e também de alguns ambientes e suas localizações, como a cozinha e banheiros. Os originais eram muito bem distribuídos dentro de um layout funcional, respeitando uma simetria, sabemos ser difícil conseguir a partir de um programa de necessidades tão complexo.

Assinatura do arquiteto Wilhelm Ferdinand Franz von Knoblauch, ou Franz von Knoblauch.
Quadro com a marca e a propaganda da empresa de construção do arquiteto Engenheiro Franz von Knoblauch.

A família permaneceu até a década de 1960, sem notícias dos projetos originais, usados para a execução da obra. “Sumiram” durante sua execução. Passados alguns anos da conclusão da obra, a filha do arquiteto, Annegrete Karin von Knoblauch foi procurada e comunicada de que haviam encontrado os projetos originais feitos por seu pai e que estiveram guardados todo o tempo em um quarto localizado no subsolo da edificação do teatro. Conhecendo esta história, a visitamos e registramos o projeto, através de fotografias e vídeos, para este artigo e para compartilhar a história a quem interessar.

Aproveitamos para externar nosso agradecimento a Annegrete Karin von Knoblauch, uma das muitas pianistas que tocaram sob a batuta de Heinz Geyer no Teatro Carlos Gomes.

Com Annegrete von Knoblauch.
A pianista Annegrete Karin von Knoblauch, filha do arquiteto engenheiro Franz Von Knoblauch que fez o projeto do Teatro Carlos Gomes.

Estudos preliminares e o projeto

Anteprojetos e projetos do Theater und Musikverein Frohsinn Blumenau feitos por Franz von Knoblauch a lápis apresentam um traço firme e técnico. Sendo um deles apresentados com uma data posterior a do projeto acabado.

Estudo assinado em setembro de 1938. Três anos depois do lançamento da pedra fundamental, e com toda certeza, a obra já estava acontecendo. O papel tem a assinatura de Franz von Knoblauch. Poderia ser alguma adequação ao que estava sendo construído, pois tem semelhança com o que foi executado.
Mesmo que a volumetria externa. Há alguma lembrança do espaço construído, mas que não seguiu esta espacialização.

Observar como o projeto foi adequado à topografia irregular do terreno, aproveitando o desnível natural. O palco está localizado na parte mais alta do terreno. A parte externo teatro foi muito modificada em intervenções posteriores à sua construção.
Corte Longitudinal, no qual é possível ver a estrutura do palco giratório em detalhe e o fosso, espaço para a orquestra. O palco está no projeto executado e o fosso poderia ser a salinha em que estava guardado o projeto de Franz Knoblauch.onde estava o projeto de Franz Von Knoblauch guardado.

A planta baixa prima pela simetria na distribuição dos espaços. O Foyer foi modificado, bem como a circulação vertical. Também é possível ver mudanças no hall externo de acesso ao Foyer. Havia acesso posterior e é possível observar a presença do palco giratório, original no projeto.
É possível observar mudanças do projeto, em sua execução.
Zum Theatergebäude des Musik und Theatervereins Frohsin Blumenau – o nome do projeto. Não havia alusão ao nome Carlos Gomes.
Zum Theatergebäude des Musik und Theatervereins Frohsin Blumenau – o nome do projeto. Não havia alusão ao nome Carlos Gomes.
Cópia do projeto executivo de uma planta não executada, no qual havia um grande pátio externo, com escadarias para a rua.
O projeto apresentava um hall externo com planta oval, interagindo com hall interno e com o Foyer.
O acesso ao grande salão era feito pelas laterais após subir as escadas. À frente às portas principais estavam as bilheterias. Observar o local para a Orquestra na frente do palco, em um nível inferior.
Nível dos balcões e mezanino.
Nível dos balcões e mezanino.
Theater und Musikverein Frohsinn Blumenau – Este nome poderia ser resgatado.

Nome do teatro na folha do projeto de maio de 1936, antes do início da Segunda Guerra Mundial. O que mudou? Quando mudou?

Nome do teatro na data do projeto – maio de 1936, antes do início da Segunda Guerra Mundial. O que mudou?
Corte longitudinal. Detalhes do fosso para a orquestra, palco giratório, público, mezanino, bilheterias, Foyer e acessos da rua. Estrutura de telhado em madeira com coberturas de telhas cerâmicas.
Data do projeto do Corte Longitudinal – maio/junho de 1936.
Fachada Frontal, modificada na execução. Observar níveis do hall externo e do pátio externo.
Fachada Frontal, modificada na execução. Observar níveis do hall externo e do pátio externo.

Um intervalo de tempo sobre o mesmo “papel”. A filha de Franz von Knoblauch, Annegrete Karin von Knoblauch, chamada pelo maestro Geyer de Karin, quando este a regia tocando piano no Teatro Carlos Gomes. Ou, seria no Theater und Musikverein Frohsinn Blumenau?

Annegrete Karin von Knoblauch.
Annegrete Karin von Knoblauch.
Annegrete Karin von Knoblauch.

A primeira parte das obras do teatro foi concluída em 1939. Entre elas foram concluídas a parte externa, salão de festas e o restaurante. Em 1º de setembro de 1939 iniciou-se a Segunda Guerra Mundial, sendo que Getúlio Vargas estava no poder desde 1930.

Juntamente com Nereu Ramos, na década de 1930, implantou o período conhecido por Nacionalismo, movimento que mudou o significado de educação e cultura no Vale do Itajaí e onde, houvesse imigrantes italianos, alemães e Japoneses. As práticas culturais literalmente pararam.

Também mudou o nome do teatro, que ainda estava presente no projeto e cuja história teve iniciou no século XIX. A sociedade que era Theater und Musikverein Frohsinn Blumenau passou a se chamar Sociedade Dramático Musical Carlos Gomes. O novo teatro foi inaugurado em 1º de julho de 1939, dois meses antes do início da guerra.
Nesse período, a sociedade era resultado da fusão da Teatherverein Frohsinn e a Sociedade Musical Liederkranz.

O maestro Heinz Geyer foi o nome que se destacou nos primeiros anos de atividades na Sociedade Dramático Musical Carlos Gomes. Produziu 3 óperas e inúmeras peças para canto. O Salão de Festas, com pequeno espaço para apresentações, é um dos mais usados, pois a cada espetáculo (teatro, concerto, coral), era completado com um baile.

A sala de espetáculos, coxias, palco giratório (12 metros de diâmetro), foram inaugurados em 5 de dezembro de 1942.

Antes de 1939 e depois de 1936. Obras do teatro. Década de 1930.
Construção entregue em 1º de setembro de 1939. Da fotografia anterior para esta, nasceu uma árvore na frente da obra. Década de 1930.
Teatro recém-inaugurado, 1939, com as palmeiras imperiais recém-plantadas e espaço para manobra de automóveis. Década de 1930.
Visita do presidente Getúlio Vargas à região, 10 de março de 2010, recepcionado na frente do Teatro Carlos Gomes recém inaugurado. Nesse tempo o território de Blumenau não era mais o mesmo, pois o então presidente, com o intuito de enfraquecer a região, já havia desmembrado 31 novos municípios de seu território sob ameaça presidencial de fazer outras retaliações se esta não fosse pacificamente aceita. O arquiteto do Teatro Carlos Gomes, Franz von Knoblauch passou 3 anos preso, por conta de não saber falar outra língua a não ser o alemão. Quando estava para ser deportado, mencionou que precisava levar a família brasileira junto, 4 filhos e a esposa Alice Hosang von Knoblauch. Neste momento as autoridades acharam melhor deixá-lo na cidade, onde faleceu em 1980. Década de 1940.
O entorno da nova sede da sociedade. O trem começou a passar na ponte Aldo Pereira de Andrade em 1954, inaugurada em 1931 e permaneceu 10 anos sem cabeceiras. No caso da fotografia, está com cabeceiras. Acervo de Bruno Kadletz. Década de 1950.
Década de 1940.
Década de 1950.
Palmeira imperial crescida sem modificações no entorno. Década de 1950.
Evento no Teatro Carlos Gomes. Década de 1950.
Local do teatro com melhorias urbanas, 1959. Década de 1950.
Novo paisagismo neoclássico na frente do Teatro Carlos Gomes, com destaque para a simetria. Espaço de contemplação. Década de 2000.
Onde estão as palmeiras imperiais plantadas no lançamento do Teatro Carlos Gomes? Década de 2020.

Atualmente a sociedade é nominada por Sociedade Dramático Musical Carlos Gomes. O edifício é tombado pelo estado.

Deixaremos um registro para outras pesquisas.

Soubemos, por meio de Annegrete Karin von Knoblauch que o projeto foi usado para a execução do teatro e foi um pouco alterado. Quem executou a obra foi a construtora do arquiteto Eugen Brunner.

O arquiteto engenheiro Franz von Knoblauch chegou a redesenhar páginas do projeto, contendo as mudanças, para uso no canteiro de obras. Há paginas de projetos com data de 1938.

Página do projeto redesenhado em 1938, por Franz von Knoblauch.

Encontramos fontes que erroneamente indicam o arquiteto Eugen Brunner como autor do projeto do teatro. Não procede. Ele foi o executor da obra com modificações no projeto original, que teve o assessoramento do arquiteto engenheiro Franz von Knoblauch.

O projeto original do teatro permaneceu “guardado” por décadas em um dos ambientes do Teatro Carlos Gomes. Depois de encontrado na década de 1960, foi entregue a filha do arquiteto de fato, Annegrete Karin von Knoblauch. Lembramos que o projeto é de 1936 e a obra foi inaugurada em 1939. O período da obra confere com o tempo disponível entre 1936 e 1939.

Entrevista – Annegrete Karin von Knoblauch

Continuará na Parte II

Por tão importante obra, projeto da sede da Sociedade Dramático Musical Carlos Gomes, e ciente de que o arquiteto engenheiro Wilhelm Ferdinand Franz von Knoblauch, ou Franz Knoblauch tenha tido outros projetos construídos na cidade de Blumenau, resolvemos escrever a Parte II deste artigo com foco em sua biografia.

Família von Knoblauch – contemplado na Parte II deste artigo.

Por enquanto…

Um Registro para a História.

Sou Angelina Wittmann, Arquiteta e Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade.
Contatos:
@angewittmann (Instagram)
@AngelWittmann (X)

Referências

  • GERLACH, Gilberto S.; KADLETZ, Bruno K.; MARCHETTI, Marcondes. Colônia Blumenau no Sul do Brasil. 1. ed. São José: Clube de cinema Nossa Senhora do Desterro, 2019.
  • Memória Digital: Frohsinn. Revista Blumenau em Cadernos. Postada em 01/09/2017 18:40  Disponível em: https://www.blogger.com/blog/post/edit/423018667053722106/4556036451359930973. Acesso em 7 de março de 2025, 23h43.
  • POETHINGT, Nanny. A Sociedade Teatral “Frohsinn”. Páginas de 346 até 350. Centenário de Blumenau – 1850 2 de setembro 1950. Edição da Comissão de Festejos 100 Anos, 1950. Tipografia e Livraria Blumenauense S.A. Blumenau – Santa Catarina.
  • Teatro Carlos Gomes de Blumenau. Histórico. Disponível em: https://teatrocarlosgomes.com.br/historico/. Acesso em 7 de março de 2025, 21h54.
  • Trilhas do Patrimônio – Sindilojas. Teatro Carlos Gomes. Disponível em: https://www.trilhasdopatrimonio.com.br/42. Acesso em 7 de março de 2025, 21h33.
  • SILVA, José Ferreira da. História de Blumenau. 2.ed. – Blumenau: Fundação “Casa Dr. Blumenau”, 1988. – 299 p.

 

 

 

 

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