Preço dos combustíveis dispara em fevereiro, superando inflação e reajuste do ICMS

Combustível

Em fevereiro de 2025, os preços dos combustíveis no Brasil sofreram uma alta que superou a inflação registrada no mês. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a variação dos preços, registrou um aumento de 1,31%. Porém, os combustíveis subiram, em média, 2,89%, impactando diretamente o bolso dos consumidores.

A principal justificativa para esse aumento está no reajuste do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que entrou em vigor no início do mês, mas há outros fatores que também contribuíram para esse cenário. Vamos entender as razões desse aumento e como ele impacta o preço final para os consumidores.

Reajuste do ICMS

Sefaz
Imagem: rafastockbr / Shutterstock.com

Desde 1° de fevereiro de 2025, os estados passaram a cobrar um adicional de R$ 0,10 sobre o litro da gasolina e R$ 0,06 sobre o litro do diesel. Embora o reajuste tenha sido um fator relevante para o aumento, os preços dos combustíveis subiram ainda mais do que o valor do ICMS, o que gerou um aumento considerável nos custos para os consumidores.

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De acordo com um levantamento realizado pela ValeCard, empresa especializada em meios de pagamento e mobilidade corporativa, a gasolina, o etanol e o diesel apresentaram aumentos acima do reajuste do ICMS. O estudo foi baseado em transações realizadas entre os dias 1° e 27 de fevereiro em mais de 25 mil postos de combustíveis no Brasil.

Como ficaram os preços dos combustíveis em fevereiro?

Gasolina

O preço médio do litro da gasolina aumentou em 2,45% em relação ao mês de janeiro. O valor passou de R$ 6,346 para R$ 6,502, ou seja, uma alta de quase R$ 0,16. Esse aumento foi superior ao reajuste do ICMS, que foi de R$ 0,10 por litro.

Etanol

O etanol, que não teve aumento devido ao ICMS, também apresentou uma alta significativa. O preço médio do litro passou de R$ 4,346 para R$ 4,513, registrando um aumento de R$ 0,17, ou 3,91%. Isso demonstra que a alta nos combustíveis não se limitou ao aumento do ICMS, mas também foi influenciada por outros fatores.

Diesel

O litro do diesel S-10, por sua vez, registrou a maior alta. O preço subiu 4,28%, passando de R$ 6,357 para R$ 6,629, uma diferença de R$ 0,27 por litro. Além do reajuste do ICMS, o aumento do preço do diesel também foi impactado por um ajuste anunciado pela Petrobras no final de janeiro, que elevou o preço do diesel para as distribuidoras em R$ 0,22.

Combustível Preço em janeiro Preço em fevereiro Aumento (%) Aumento (R$)
Gasolina R$ 6,346 R$ 6,502 2,45% R$ 0,16
Etanol R$ 4,346 R$ 4,513 3,91% R$ 0,17
Diesel R$ 6,357 R$ 6,629 4,28% R$ 0,27

Fatores que contribuíram para o aumento dos combustíveis

Embora o reajuste do ICMS tenha sido um dos principais fatores, existem outros elementos que também influenciam o preço dos combustíveis no Brasil. A seguir, vamos entender melhor esses fatores.

Efeito cascata no preço dos combustíveis

O aumento nos preços dos combustíveis ocorre devido ao efeito cascata, que envolve o repasse de custos ao longo da cadeia produtiva. O ICMS, imposto que incide sobre a refinaria ou a empresa importadora do combustível, faz com que qualquer aumento nos custos dessa etapa seja repassado aos consumidores.

As empresas ajustam suas margens de lucro com base em percentuais sobre o custo de produção, e esse repasse de custos adicionais impacta diretamente o preço final, gerando um aumento mais significativo do que o aumento inicial no custo de produção.

Alta do preço do petróleo e taxa de câmbio

O preço dos combustíveis também é diretamente influenciado pelas oscilações no mercado internacional de petróleo e pela taxa de câmbio. O Brasil é um grande importador de petróleo, e a alta do preço do barril de petróleo no mercado internacional impacta diretamente os preços dos combustíveis no país.

Além disso, a desvalorização do real frente ao dólar também tem contribuído para o aumento nos preços dos combustíveis. Com o dólar em torno de R$ 5,70, as distribuidoras de combustíveis enfrentam um custo maior para importar o produto, o que acaba sendo repassado para os consumidores.

Aumento dos custos logísticos

Outro fator relevante é o aumento dos custos logísticos, que afeta diretamente o transporte de combustíveis. O aumento dos preços do frete e da distribuição tem impacto sobre o preço final dos combustíveis nos postos, principalmente nas regiões mais distantes dos polos produtores.

Margens de lucro das distribuidoras e postos

Além dos custos mencionados, as margens de lucro das distribuidoras e dos postos de combustíveis também contribuem para o preço final. Os postos de combustíveis têm a liberdade de ajustar seus preços de acordo com as condições de mercado, o que pode resultar em preços mais altos, dependendo da estratégia comercial de cada um.

Como compensar a alta dos combustíveis?

Com o aumento constante nos preços dos combustíveis, muitos motoristas estão buscando alternativas para reduzir os impactos financeiros no dia a dia. Uma das principais opções é optar pelo etanol em vez da gasolina, quando essa escolha for vantajosa.

Qual compensa mais?

Carro recebendo combustível (etanol ou gasolina) no tanque
Imagem: Studio4dich / shutterstock.com

Especialistas recomendam uma regra simples para determinar quando o etanol é mais vantajoso que a gasolina. O etanol se torna mais vantajoso quando seu preço é até 70% do preço da gasolina. Ou seja, se o preço do etanol for 70% ou menos do preço da gasolina, a opção mais econômica é abastecer com etanol.

Considerações finais

O aumento no preço dos combustíveis registrado em fevereiro de 2025 superou a inflação geral do país e gerou um impacto significativo no bolso dos consumidores. Embora o reajuste do ICMS tenha sido um dos fatores, a alta do petróleo, o câmbio e os custos logísticos também desempenharam papéis importantes nesse cenário.

Diante disso, é essencial que os consumidores se mantenham informados sobre as variações nos preços e considerem alternativas, como o uso de etanol, para minimizar os efeitos dessa alta no seu dia a dia.

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