Isenção do IR até R$ 5.000: R$ 25 bi a menos para Estados e cidades. O que isso significa?

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Em março de 2025, uma medida fiscal promissora do governo federal gerou polêmica e preocupa governantes estaduais e municipais em todo o Brasil. A isenção do Imposto de Renda de Pessoa Física (IRPF) para cidadãos que ganham até R$ 5.000 mensais pode significar uma perda de receita significativa para as finanças locais.

Estima-se que os estados e municípios deixarão de arrecadar cerca de R$ 25 bilhões por ano devido a essa medida, afetando diretamente os orçamentos dessas esferas de governo.

Essa mudança tem repercussões amplas, principalmente para as prefeituras e governos estaduais, que dependem do IR retido na fonte sobre os salários de seus servidores públicos para financiar serviços essenciais. Entenda a fundo o que essa isenção significa e quais as possíveis soluções para mitigar os impactos fiscais dessa medida.

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O Que é a Isenção do IRPF e Como Ela Afeta os Estados e Municípios?

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O dispositivo que autoriza a isenção do Imposto de Renda para salários de até R$ 5.000 mensais foi incorporado ao debate fiscal do Brasil com o objetivo de beneficiar a classe média, aliviando a carga tributária sobre trabalhadores de baixa renda. No entanto, essa medida pode trazer sérias consequências para os cofres públicos de estados e municípios.

O Imposto de Renda Retido na Fonte

O IRPF é uma tributação aplicada diretamente sobre a renda do contribuinte. Quando um trabalhador recebe seu salário, uma parte desse valor é descontada diretamente na fonte pela União, estado ou município, conforme o caso.

Para os servidores públicos estaduais e municipais, o valor retido vai para os cofres de prefeitos e governadores. De acordo com a Constituição Federal, o imposto arrecadado sobre a renda dos funcionários públicos locais deve ser destinado exclusivamente a esses entes federativos.

Perda Bilionária para os Cofres Locais

Com a isenção do IRPF para quem ganha até R$ 5.000, uma parcela considerável da população brasileira, que antes contribuía com esse imposto, deixará de pagar. Isso resulta diretamente em uma perda de arrecadação de R$ 12,5 bilhões por ano em impostos retidos na fonte.

Além disso, outros R$ 12,5 bilhões devem ser perdidos devido à redução dos repasses para os fundos que abastecem as finanças estaduais e municipais.

O total de R$ 25 bilhões a menos por ano é uma queda significativa para orçamentos locais, que já enfrentam dificuldades financeiras para cumprir suas obrigações e financiar serviços essenciais como saúde, educação e segurança.

O Desafio da Compensação da Perda de Arrecadação

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A medida de isenção do IRPF foi recebida com entusiasmo por muitos cidadãos que se beneficiarão diretamente dessa redução da carga tributária. No entanto, para os gestores públicos, a notícia não foi tão positiva. A grande questão agora é como compensar a perda de arrecadação e garantir que os serviços públicos não sejam prejudicados.

Opções para a Compensação Fiscal

De acordo com o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o governo federal já está ciente do impacto dessa isenção nos estados e municípios e tem algumas alternativas para compensar essa perda. Contudo, ele ressaltou que não há uma solução simples.

A principal alternativa seria aumentar a tributação sobre salários mais elevados (acima de R$ 50.000 mensais) e sobre os dividendos pagos pelas empresas, visando aumentar a arrecadação para cobrir a perda. Contudo, esse aumento de impostos já enfrentou resistência no Congresso, como ocorreu no governo anterior.

A Pressão do Congresso e das Entidades Representativas

Deputados e senadores, principalmente os que representam estados e municípios, pressionam por uma compensação integral das perdas. O deputado Mendonça Filho, por exemplo, já apresentou um projeto de lei na Câmara dos Deputados que busca garantir a compensação dos R$ 12,5 bilhões que serão perdidos com a isenção do IR retido na fonte.

Entidades como a Confederação Nacional de Municípios (CNM) também estão preocupadas com o impacto da medida. O presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, alertou para a falta de clareza sobre como o governo federal pretende compensar essa perda para os municípios, especialmente para as cidades menores, que dependem dos repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM).

O Impacto nos Fundos de Participação dos Estados e Municípios

Outro ponto crucial a ser considerado é a perda de recursos que alimentam os fundos de participação dos estados e dos municípios. O IRPF arrecadado pela União é parcialmente distribuído para esses fundos, sendo que 24,5% vai para o FPM (Fundo de Participação dos Municípios) e 21,5% para o FPE (Fundo de Participação dos Estados). Com a isenção do imposto para salários de até R$ 5.000, esses repasses também serão reduzidos, agravando ainda mais a perda de receita para os entes locais.

As Consequências para os Municípios Menores

Os municípios menores, que dependem em maior medida dos repasses do FPM, sentirão o impacto de forma mais intensa.

A redução no repasse do FPM pode prejudicar a capacidade desses municípios de financiar suas atividades, como a construção de infraestrutura, o pagamento de salários de servidores públicos e a oferta de serviços essenciais para a população.

A Necessidade de uma Reforma Tributária

Diante dos desafios fiscais gerados por essa isenção, muitos especialistas defendem uma reforma tributária mais profunda, que desburocratize o sistema de arrecadação e distribua as receitas de forma mais justa entre os entes federativos.

Roberto Giannetti da Fonseca, economista e ex-secretário da Camex, afirmou que o Brasil precisa avançar em um modelo de tributação que não sobrecarregue apenas a União, mas que também forneça meios eficientes de financiamento para os estados e municípios.

Giannetti sugeriu que, a longo prazo, o Imposto de Renda seja exclusivamente federal, enquanto os impostos sobre o consumo sejam direcionados a estados e municípios, o que poderia aliviar as perdas que esses entes federativos enfrentam com a isenção do IR.

Os Desafios da Isenção do IRPF e a Necessidade de Equilíbrio Fiscal

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A isenção do IRPF para quem ganha até R$ 5.000 mensais é uma medida que visa beneficiar a classe média brasileira, mas seus efeitos colaterais podem ser devastadores para os cofres de estados e municípios.

Com uma perda de receita estimada em R$ 25 bilhões por ano, os governos locais enfrentam um grande desafio fiscal, e as opções para compensar essa perda não são simples.

A pressão por compensações integrais das perdas no Congresso será intensa, e a busca por alternativas de financiamento e reforma tributária será fundamental para equilibrar a equação fiscal do país. Em um cenário de crescimento da classe média, é crucial encontrar um meio termo entre benefícios para a população e a sustentabilidade das finanças públicas locais.

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