Atividade deve seguir aquecida, mas decisões do BC sobre juros podem prejudicar recuperação do crédito, diz Fazenda sobre PIB

A Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda (SPE), responsável pelas previsões oficiais do governo para crescimento da economia e da inflação, avaliou nesta terça-feira (2) que o ritmo de crescimento deve seguir acentuado na economia brasileira.
Mais cedo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 1,4% no 2º trimestre de 2024, na comparação com os três meses imediatamente anteriores. O resultado, que veio acima das expectativas do mercado, foi comemorado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
De acordo com o Ministério da Fazenda, entretanto, há incertezas sobre o ritmo forte de crescimento da economia. Entre elas, principalmente, estão as decisões de política monetária (sobre o nível da taxa básica de juros para conter a inflação), que “podem prejudicar a recuperação do mercado de crédito”.
“Prospectivamente, o ritmo de crescimento deve seguir acentuado, ainda guiado por impulsos vindos do mercado de trabalho aquecido e pelas melhores condições de crédito a famílias e empresas comparativamente ao ano anterior. A expansão esperada para setores mais cíclicos e para a absorção doméstica devem direcionar o crescimento, sendo parcialmente contrabalanceadas por expectativas de recuo da atividade agropecuária, desaceleração da produção extrativa e pela menor contribuição do setor externo. Incertezas para esse cenário estão relacionadas, principalmente, a decisões de política monetária, que podem prejudicar a recuperação do mercado de crédito”, informou a SPE, do Ministério da Fazenda, por meio de nota.
Decisões sobre taxa de juros
Atualmente, a taxa básica de juros da economia brasileira está em 10,5% ao ano, após duas manutenções seguidas neste patamar pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.
Na comparação internacional, a taxa brasileira é a segunda mais alta em uma lista com 40 países.
Para definir a taxa básica de juros e tentar conter a alta dos preços, no sistema de metas de inflação, o Banco Central olha para o futuro, e não para a inflação corrente, ou seja, dos últimos meses.
Isso ocorre porque as mudanças na taxa Selic demoram de seis a 18 meses para ter impacto pleno na economia. Neste momento, a instituição já está mirando na meta deste ano, e também para o segundo semestre de 2025 (em doze meses).
A meta de inflação deste ano, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é de 3% e será considerada cumprida se oscilar entre 1,5% e 4,5%;
A partir de 2025, o governo mudou o regime de metas de inflação, e a meta passou a ser contínua em 3%, podendo oscilar entre 1,5% e 4,5% sem que seja descumprida;
Na semana passada, os economistas do mercado financeiro estimaram que a inflação de 2024 somará 4,26% e, a de 2025, 3,92%. Ou seja, acima da meta central nos dois anos.
O BC informou já estar olhando para seis trimestres adiante, tendo por base o sistema de meta contínua de inflação de 3%, ou seja, para o período de doze meses até março de 2026.
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