Venezuela limita representação de França, Países Baixos e Itália por ‘conduta hostil’

França, Itália e Países Baixos poderão ter apenas três diplomatas em suas embaixadas na Venezuela devido a uma decisão do governo do presidente Nicolás Maduro, que considera que esses países tiveram uma “conduta hostil” após sua questionada reeleiçãoFEDERICO PARRA

Federico Parra

França, Itália e Países Baixos poderão ter apenas três diplomatas em suas embaixadas na Venezuela devido a uma decisão do governo do presidente Nicolás Maduro, que considera que esses países tiveram uma “conduta hostil” após sua questionada reeleição.

“Em resposta à conduta hostil” dos governos de “Países Baixos, França e Itália”, caracterizada por “seu apoio a grupos extremistas e sua intromissão nos assuntos internos”, a Venezuela adotou a “decisão soberana de limitar a três o número de diplomatas acreditados em cada embaixada”, informou o chanceler, Yván Gil, por meio de seu canal no Telegram.

A medida “deverá ser cumprida em um prazo de 48 horas”, acrescentou.

Maduro tomou posse na sexta-feira para um terceiro mandato consecutivo de seis anos, após ser proclamado vencedor das eleições de 28 de julho, as quais a oposição considerou fraudulentas e reivindicou a vitória do exilado Edmundo González Urrutia.

“Os diplomatas deverão contar com autorização por escrito da nossa Chancelaria para se deslocar a mais de 40 quilômetros da Praça Bolívar [no centro] de Caracas, garantindo o cumprimento estrito de suas funções”, acrescentou Gil.

O aeroporto internacional Simón Bolívar, que serve Caracas, fica a 23 km da praça, portanto, os diplomatas poderão sair de avião do país sem permissão do governo.

“A Venezuela exige respeito à soberania e à autodeterminação […], especialmente diante daqueles subordinados às diretrizes de Washington”, finalizou o chanceler.

– ‘Escalada’ –

Os Países Baixos condenaram a medida, que classificaram como uma “escalada” por parte do governo, “que torna o diálogo ainda mais complicado”, segundo uma declaração enviada à AFP pelo ministro das Relações Exteriores holandês, Caspar Veldkamp.

“Sem dúvida [haverá] uma resposta”, afirmou.

França e Itália ainda não se manifestaram.

González Urrutia se refugiou na residência do embaixador holandês antes de se mudar para a embaixada espanhola, onde pediu asilo. O político fez um giro internacional na semana passada por Argentina, Uruguai, Estados Unidos, Panamá e República Dominicana, que tinha como destino uma viagem a Caracas na última sexta-feira para pressionar por sua posse.

O plano parecia improvável desde o início, segundo analistas. No dia em questão, Maduro tomou posse no Parlamento, controlado pelo chavismo, e depois participou de um ato no qual as Forças Armadas, mais uma vez, lhe juraram lealdade e submissão.

O novo mandato de Maduro, que o projeta para 18 anos no poder, foi classificado como uma “farsa” pelos Estados Unidos, enquanto a União Europeia (UE), como bloco, afirmou que o governante de esquerda “carece de legitimidade”.

A UE anunciou a adoção de novas sanções contra “15 pessoas responsáveis por minar a democracia” e pediu uma “solução democrática e negociada”.

O presidente francês, Emmanuel Macron, conversou na semana passada com a líder oposicionista María Corina Machado e com González Urrutia.

Macron disse que “a vontade do povo venezuelano […] deve ser respeitada” e pediu, junto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que Maduro retome o diálogo com a oposição.

A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, reconheceu, por sua vez, González Urrutia como “presidente eleito” da Venezuela.

Não está claro quantos funcionários as representações diplomáticas de cada país têm.

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