Reflexões sobre o cessar-fogo entre Israel e Hamas

Rabino Sany SonnenreichArquivo pessoal

Por: Rav Sany Sonnenreich* O início da libertação de reféns israelenses, neste domingo, em troca de centenas de terroristas palestinos, suscita em todos nós sentimentos mistos. Não há como não se alegrar pela liberdade de Romi Gonen, Emily Damari e Doron Steinbrecher, cujas vidas, preciosas e sagradas, foram resgatadas. O retorno de cada uma delas é motivo de celebração e gratidão. Ao mesmo tempo, somos confrontados com a dolorosa realidade de que esse resgate veio a um custo altíssimo: a liberação de terroristas sádicos, assassinos, abusadores e estupradores, cuja crueldade é um lembrete sombrio dos desafios que enfrentamos. No Judaísmo, a vida é o valor supremo. Enquanto valorizamos a vida, extremistas e terroristas cultuam a morte, inclusive de seu próprio povo, colocando seus cidadãos como escudos humanos e, consequetemente, para divulgação de sua propaganda tosca, mentirosa, enganosa. Como ensina o Talmud: “Quem salva uma vida, salva o mundo inteiro” (Sanhedrin 37a). Essa afirmação guia o povo judeu ao longo da história, motivando a ajuda a todos os povos do planeta Terra e a busca incessante pela vida, como esta libertação de reféns. No entanto, o dilema é profundo: a troca de três jovens inocentes por mil terroristas condenados coloca em risco a segurança de Israel e a integridade de nossa luta contra o terror. É como se Abraão, ao ser chamado a sacrificar seu filho Isaac, fosse confrontado novamente com o desafio de entregar algo inestimável, mas com a esperança de que um bem maior se concretize. O preço dessa troca é mais do que numérico; é moral e emocional. Cada terrorista libertado representa potencial ameaça renovada, uma semente de ódio e destruição que pode germinar em futuros ataques. É um fardo pesado que o povo de Israel carrega, com a esperança, apesar dos temores e riscos, de que esse sacrifício traga, finalmente, o fim dos ataques à nossa nação e a possibilidade de um futuro em paz. A tradição judaica nos ensina que a paz é um valor supremo. Não podemos, porém, ignorar os desafios que este cessar-fogo apresenta. O Hamas, com o apoio do Irã, pode usar esse período para se reorganizar e planejar novos ataques. Cada ato de terror no futuro será uma lembrança dolorosa do preço que pagamos hoje. A Torá, ao enfatizar a importância de proteger a vida, também nos alerta sobre a necessidade de sermos prudentes e vigilantes contra aqueles que buscam destruí-la. A celebração pela liberdade das três reféns deve ser acompanhada de uma oração sincera: que esse alto preço seja um verdadeiro sacrifício pela paz. Que ele seja o início de um caminho em que os inimigos da vida escolham desistir do ódio e abracem a coexistência. E, para tal, o investimento em educação correta, equilibrada e verdadeira – diferente que os terroristas passam à sua população para fazer a cabeça deles para o mal – é imperioso. É essencial que a comunidade internacional compreenda que o povo judeu não deseja a guerra. Nós buscamos apenas viver em paz, cultivando os valores da vida, da justiça e da dignidade humana, com seus direitos e deveres. Cada refém resgatado é um lembrete de nossa dedicação à sacralidade da vida, mas também da complexidade moral que enfrentamos ao lutar contra aqueles que a desprezam. Em um exemplo recente, aqui no Brasil, quem foi o único exército que mandou contingente ajudar as vítimas de Brumadinho? O Exército de Defesa de Israel. Aliás, onde há alguma tragédia, seja em qual lugar do mundo for, Israel está lá para estender sua mão amiga, auxiliar, dar apoio e salvar vida. O Exército de Defesa de Israel é o mais legalista do mundo. Leva o nome “Defesa” pois tem todo o direito – e dever – de se defender e defender o mundo livre! Concluo com uma bênção de esperança: que possamos ver o dia em que espadas serão transformadas em arados e que nenhum pai ou mãe precise temer pelo futuro de seus filhos. Que o Eterno abençoe Israel com segurança e paz, e que nossas decisões dolorosas hoje plantem as sementes de um amanhã mais justo e pleno de Shalom, Salam, Peace, Paz! — *Rabino Sany Sonnenreich, mais conhecido como Rav Sany, é presidente do Instituto Rav Sany de Comunicação e Cultura Judaica – Sonnen Group e RS Prime Club. O IRS (instituto) é membro da entidade Olami, uma rede com 320 unidades pelo mundo focadas em direcionar o público jovem a uma vida de valores. Ele, que apresenta aos domingos o programa Rav Sany Live Show pelo +SBT, SCC SBT e rede Mais Família de TV, tem forte presença nas redes sociais Youtube, Instagram, TikTok e Facebook (@byravsany) com mensagens de vida rápidas, bem-humoradas, inspiradoras e motivantes numa linguagem acessível a todos.Constantemente é chamado como porta-voz do judaísmo, na imprensa, em apresentações públicas e em podcasts. www.ravsany.com

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