Família de comerciante morto a facadas oferece recompensa de R$ 50 mil para localizar cunhado foragido


Mario Vitorino da Silva era cunhado e sócio de Igor Peretto, que foi morto dentro de apartamento em Praia Grande (SP). Marcelly Peretto, irmã de Igor e Rafaela Costa, esposa de Mario, foram presas. Mario Vitorino da Silva (à esquerda) era cunhado de Igor e está foragido
Reprodução/Redes sociais
A família de Igor Peretto, comerciante encontrado morto com sinais de facadas no apartamento da irmã em Praia Grande (SP), oferece uma recompensa de R$ 50 mil para quem encontrar Mario Vitorino da Silva Neto, cunhado de Igor e que está foragido suspeito de participar do assassinato. O valor foi divulgado nas redes sociais de familiares e amigos da vítima.
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A Polícia Civil ainda não informou quem matou Igor, encontrado morto no sábado (31). O que se sabe é que, dentro do apartamento onde ocorreu o crime, estiveram Igor, Rafaela Costa (esposa de Igor), Marcelly Peretto (irmã de Igor) e Mario Vitorino (marido de Marcelly). As duas mulheres foram presas, mas o cunhado da vítima segue foragido. Mario tinha um caso com Rafaela, segundo o advogado dela.
Igor Peretto era irmão do vereador Tiago Peretto (União Brasil), de São Vicente, que não tem envolvimento no caso. Marcelly é filha de uma mulher, o vereador de outra e Igor de uma terceira. Os três são irmãos apenas por parte de pai.
Para acelerar as buscas por Mario, familiares e amigos da vítima passaram a usar as redes sociais para anunciar uma recompensa de R$ 50 mil para quem encontrar o suspeito. De acordo com Tiago Peretto, esta foi uma decisão da família. “Para colocá-lo na cadeia”, explicou o vereador, dizendo que a quantia será paga por meio de arrecadação entre os parentes e amigos de Igor.
Ao g1, o advogado Felipe Pires de Campos, que representa a mãe de Igor, explicou que está ciente da recompensa oferecida e a considera um ato de desespero.
“Há um desespero por Justiça. Todos querem que o Mário seja localizado, preso e também conte tudo que aconteceu”, afirmou.
Mario Vitorino é considerado foragido da Justiça por assassinato de Igor Peretto em Praia Grande (SP)
Reprodução
Recompensa
O advogado especialista em Direito e Processo Penal, Guilherme Lázaro, explicou que o ato de oferecer recompensa está previsto no Código Civil. “Não havendo, assim, proibição de alguém de oferecer recompensa como incentivo para obtenção de informações que levem à prisão de um criminoso”, disse.
No entanto, o especialista alerta que apesar de legal, a oferta de recompensa não deve infringir algumas normas que protegem a privacidade e a segurança pública. “E que não incite a violência ou justiça pelas próprias mãos”, afirmou Lázaro.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) confirmou que não há nada na legislação brasileira que impeça a família de uma vítima em oferecer recompensa por meios próprios. Porém, isso não está relacionado com a investigação da Polícia Civil.
“O caso segue em investigação por meio de inquérito policial instaurado pela Delegacia de Investigações Gerais (DIG) da Praia Grande, o qual tramita sob sigilo”, disse, em nota.
Ainda segundo a pasta, duas mulheres foram presas e a equipe da unidade prossegue com as diligências para o esclarecimento dos fatos. “Detalhes serão preservados para não interferir no andamento do trabalho policial”.
Quem é Mario?
Mario Vitorino da Silva Neto tem 23 anos. Ele tinha um relacionamento de 7 anos com Marcelly Peretto, irmã do comerciante Igor Peretto. Além de cunhado, Mario era um dos melhores amigos do comerciante. Igor e Rafaela viajavam com frequência junto com Marcelly e Mario, inclusive para fora do país.
Conforme apurado pelo g1, os cunhados eram sócios em uma loja de motocicletas. Igor ainda tinha uma empresa de veículos em geral, que se posicionou por meio de nota após o crime.
“Mario Vitorino, autor da morte de Igor Peretto, não faz parte do quadro societário da Théo Veículos. A empresa em que Mário era sócio de Igor é a Théo Motos. Por aqui seguimos de luto e com muita dor pela nossa inestimável perda”, esclareceu a loja, em comunicado.
Mario Vitorino da Silva (à esquerda) era cunhado de Igor e está foragido
Reprodução/Redes sociais
Suposta traição
De acordo com depoimento de Rafaela e Marcelly, a viúva de Igor tinha um caso com Mario. O advogado de Rafaela, Marcelo Cruz, informou que na noite do crime, ela saiu do imóvel antes da chegada do companheiro porque ficou com medo da reação dele, que havia descoberto a troca de mensagens entre ela e Mario.
“Ela infelizmente confessa que houve um adultério, muito embora estivesse relativamente separada dele [Igor]. Mas o ponto principal é que, lamentavelmente, a vítima pegou uma ligação que ela [Rafaela] tinha feito para o autor do crime [Mario] e, em face disso, desencadeou a confusão dentro da residência. Mas, ela não participou de nenhum ato dentro daquela residência”, explicou Marcelo Cruz.
O caso
Casais estavam dentro do apartamento onde Igor Peretto foi encontrado morto em Praia Grande (SP)
Yasmin Braga/g1 e Reprodução/Redes Sociais
O caso aconteceu na noite do dia 31 de agosto. A síndica do prédio contou aos policiais que tocou várias vezes a campainha do apartamento da irmã de Igor Peretto e bateu na porta, mas que não foi atendida. Por isso, ela resolveu olhar as câmeras de monitoramento do prédio e identificou que, por volta das 4h37, Marcelly Peretto chegou ao imóvel acompanhada da esposa de Igor, Rafaela Costa.
Por volta das 5h40, Mario e Igor chegaram ao local e solicitaram ao porteiro da noite autorização para entrada no condomínio, que teria sido negada. Os dois só acessaram o prédio após a liberação da irmã de Igor, a dona do apartamento.
Os policiais militares informaram à Polícia Civil que, com base nas informações, acreditaram que a Igor estava com a esposa dentro do apartamento. Com a ajuda de um chaveiro, solicitado pela síndica, a porta foi aberta e eles notaram sinais de sangue no corredor.
Os policiais encontraram o corpo de Igor caído em um quarto, próximo da janela. O imóvel estava revirado, indicando que houve luta corporal, além de marcas de sangue, conforme informaram os agentes. De acordo com o boletim de ocorrência, os policiais revistaram o apartamento em busca da esposa de Igor, mas ela não foi encontrada.
Prisões
Marcelly e a viúva Rafaela se apresentaram na delegacia e foram presas suspeitas de participação na morte do comerciante, na última sexta-feira (6).
Já o cunhado de Igor, Mario Vitorino, está foragido desde terça-feira (3), quando teve a prisão temporária decretada pela Justiça. O caso é investigado pela Delegacia de Investigações Gerais (DIG).
Viúva e irmã de comerciante morto a facadas são presas no litoral de SP
Defesa de Rafaela
De acordo com o advogado da viúva, Marcelo Cruz, Rafaela saiu do apartamento onde ocorreu o crime antes da chegada de Igor, pois ficou com medo da reação do companheiro que havia descoberto uma troca de mensagens entre ela e Mario.
“Ela infelizmente confessa que houve um adultério, muito embora estivesse relativamente separada dele [Igor]. Mas o ponto principal é que, lamentavelmente, a vítima [Igor] pegou uma ligação que ela [Rafaela] tinha feito para o autor do crime [Mario] e, em face disso, desencadeou a confusão dentro da residência. Mas, ela não participou de nenhum ato dentro daquela residência”, explicou Marcelo Cruz.
Ainda segundo Cruz, Rafaela não soube que Igor tinha sido morto quando fugiu em direção a São Paulo, pois pensou que ele havia sido dopado pelo amante.
“Ela recebeu uma ligação do autor do crime [Mario] dizendo que teriam dopado efetivamente ele e não que teriam matado”, explicou o advogado. A mulher seguiu as instruções de Mario, que disse para ela seguir o GPS em direção a São Paulo antes que Igor acordasse.
Marcelo Cruz também disse que a defesa aguarda o momento oportuno, após a vinda dos laudos que demonstrarão que a cliente falou toda verdade, para solicitar a revogação da prisão de Rafaela.
Defesa de Marcelly
Marcelly prestou depoimento à polícia antes de se entregar. O advogado Felipe Pires de Campos, que representava Marcelly, disse que ela contou aos policiais que Mario estava saindo com a esposa de Igor. Porém, ela não sabia da traição até o momento da briga.
Ao g1, Leandro Weissmann, o atual advogado de Marcelly, disse que o homicídio foi cometido por Mario. Segundo ele, a mulher estava em outro cômodo quando o irmão foi morto. Em seguida, ela saiu do imóvel e fugiu porque foi coagida pelo autor do crime.
Ele ainda garantiu que Marcelly gritou por socorro e só saiu do imóvel e fugiu porque foi coagida por Mario. Weissmann afirmou que ela e o autor do crime terminaram o relacionamento de 7 anos há aproximadamente três meses, mas ainda tinham recaídas na relação.
O g1 não localizou a defesa de Mario Vitorino da Silva até a última atualização desta reportagem.
Beijo antes do crime
Viúva que beijou irmã do marido antes dele ser morto publicou vídeos com a mulher
Ao g1, o advogado de Marcelly, Leandro Weissmann, disse que ela e Rafaela tiveram um envolvimento amoroso no local antes da chegada de Igor e Mario ao apartamento.
“De acordo com a Marcelly, elas estavam muito bêbadas e Rafaela já tinha investido algumas vezes para cima dela. Nesse dia, que ela estava muito bêbada, a Rafaela a agarrou […]. Deu um beijo e passou a mão no corpo dela”, explicou o advogado.
Segundo Weissmann, as duas eram melhores amigas e aquela foi a primeira vez que em que se beijaram. “A Marcelly sabia que a Rafaela se relacionava sim com outras mulheres, mas com ela foi a primeira vez”, afirmou.
O advogado de Rafaela, Marcelo Cruz, afirmou que a viúva “forneceu todas as informações necessárias à investigação. “Ela, pelo que se verificou, não omitiu nada que tenha ocorrido, até mesmo sobre esse ponto”.
Por meio do TikTok, Rafaela publicou dezenas de vídeos em que mostrava uma relação próxima com Marcelly (assista acima). Alguns vídeos foram publicados dias antes do crime. Nas imagens, é possível ver as mulheres dançando na praia e em festas. Um dos vídeos, inclusive, mostra as duas aproximando os rostos durante um evento.
As legendas das publicações também indicam um relacionamento próximo. Em outro conteúdo, Rafaela presenteia Marcelly com um bolo de aniversário. “Feliz vida, meu amor”, escreveu ela.
Carro localizado
Carro usado por investigado na morte de comerciante é encontrado no interior de SP
Segundo apurado pela TV Tribuna, afiliada da Globo, o carro utilizado por Mario foi localizado por policiais civis de Praia Grande perto de uma agência dos Correios em Pindamonhangaba. Após uma perícia, ele foi levado à Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Praia Grande, na noite de quinta-feira (5).
As imagens gravadas pelo repórter Matheus Croce, da TV Tribuna, mostram que o câmbio e o banco tinham marcas que, aparentemente, são de sangue. Uma garrafa com marcas parecidas também foi encontrada jogada no chão do veículo.

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