Governo suspende debate sobre o encerramento do saque-aniversário do FGTS

fgts

O governo brasileiro decidiu adiar a proposta que visava o encerramento do saque-aniversário do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), uma medida que estava sendo defendida pelo Ministério do Trabalho.

A decisão foi tomada após o entendimento de que a proposta poderia gerar impactos negativos na opinião pública, especialmente em um ano eleitoral, quando qualquer medida impopular pode refletir de forma negativa no governo.

A proposta de alteração

saque
Imagem: Jair Ferreira Belafacce / shutterstock.com

A proposta inicial, que visava a extinção do saque-aniversário, partia do Ministério do Trabalho, com o ministro Luiz Marinho à frente da iniciativa. O modelo de saque-aniversário permite que os trabalhadores retirem uma parte do saldo de sua conta do FGTS no mês de seu aniversário, mas, ao escolher essa modalidade, eles perdem o direito de sacar o montante total em caso de demissão sem justa causa.

Leia mais: Saque do FGTS de R$ 6220: veja como sacar em 2025

O ministro Marinho chegou a afirmar publicamente, durante o aniversário de 58 anos do FGTS, que enviaria uma proposta ao Congresso Nacional para encerrar essa modalidade ainda em 2024. Contudo, a proposta não foi formalmente apresentada até o momento, e fontes revelaram que o governo está avaliando com cautela as implicações políticas e econômicas de sua implementação.

O foco na cautela política

Em um cenário de intensas movimentações políticas, o governo decidiu adiar discussões sobre o fim do saque-aniversário, buscando não gerar um desgaste político desnecessário. Após episódios de repercussões negativas, como o caso das fake news relacionadas ao aumento do monitoramento do Pix, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu cautela aos ministros do governo em relação a anúncios que possam afetar a relação com a população e gerar resistência.

Em resposta a essa orientação, qualquer proposta relacionada a mudanças significativas, como o fim do saque-aniversário, precisaria passar pela análise da Casa Civil e, eventualmente, pela presidência antes de ser divulgada publicamente. O governo pretende garantir que as medidas propostas sejam bem recebidas, principalmente por um eleitorado que poderia se ver prejudicado por mudanças abruptas.

A alternativa do crédito consignado

Com a suspensão da discussão sobre o saque-aniversário, o governo agora aposta em alternativas menos polêmicas para atender aos trabalhadores. Uma dessas alternativas é a ampliação do crédito consignado, especialmente no setor privado. Essa modalidade de empréstimo permite que os trabalhadores contratem empréstimos com o desconto das parcelas diretamente na folha de pagamento, garantindo maior segurança tanto para as instituições financeiras quanto para os tomadores de crédito.

O crédito consignado tem sido mais utilizado por servidores públicos, pensionistas do INSS e outros grupos com fontes de receita mais estáveis. Porém, a inclusão dos trabalhadores contratados sob o regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) ainda é limitada. O governo acredita que, ao focar nessa modalidade, será possível aumentar o acesso ao crédito sem causar o impacto negativo que a extinção do saque-aniversário poderia gerar.

Críticas e desafios

Apesar da tentativa de suavizar as mudanças, o governo enfrenta críticas tanto de especialistas quanto de representantes de setores econômicos. Alguns especialistas em finanças alertam que, embora o saque-aniversário permita que os trabalhadores tenham acesso a uma parte do seu FGTS para realizar compras ou cobrir imprevistos, ele pode também contribuir para uma gestão financeira menos eficiente, visto que muitos trabalhadores acabam utilizando o fundo para despesas não planejadas.

Além disso, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) expressou preocupação sobre o impacto da utilização do FGTS para empréstimos consignados, alertando para o risco de comprometer a sustentabilidade do fundo e, consequentemente, a capacidade de financiamento de programas de habitação popular, como o Minha Casa, Minha Vida. Para a CBIC, é fundamental preservar o caráter coletivo do FGTS, que tem sido crucial para atender às demandas habitacionais de famílias de baixa renda e apoiar o desenvolvimento do setor da construção civil.

O futuro do saque-aniversário e do FGTS

fgts
Imagem: Freepik/Edição: Seu Crédito Digital

A discussão sobre o saque-aniversário do FGTS ainda não está encerrada. Embora o governo tenha suspendido a proposta de extinção da modalidade, fontes do Ministério do Trabalho indicam que a questão pode ser retomada até o final de 2026, dependendo das condições políticas e econômicas do momento.

Enquanto isso, o governo deve seguir com a implementação de outras medidas voltadas para a recuperação econômica, como o estímulo ao crédito consignado. A expectativa é que essas mudanças, de menor impacto imediato, consigam equilibrar as necessidades dos trabalhadores com os objetivos econômicos e sociais do governo, sem gerar um desgaste que prejudique a relação do Executivo com a população.

Considerações finais

A decisão de adiar a discussão sobre o fim do saque-aniversário do FGTS reflete a busca do governo por maior cautela política em um momento de grande instabilidade. Embora o foco seja agora no fortalecimento do crédito consignado, a questão do saque-aniversário ainda pode ser retomada nos próximos anos.

Enquanto isso, o debate sobre o futuro do FGTS e suas implicações econômicas e sociais continua sendo um tema central para o governo e os trabalhadores brasileiros.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.