Número de lojas fechadas pela Americanas ultrapassa 200: saiba o que motivou

Loja Americanas com as portas fechadas.

Desde que enfrentou uma das maiores crises financeiras do Brasil em janeiro de 2023, as Lojas Americanas têm passado por um intenso processo de recuperação judicial. A empresa, que já foi um dos pilares do varejo brasileiro, viu seu número de unidades reduzir significativamente como parte de um plano de transformação para estabilizar suas operações e otimizar os resultados.

Ao final de 2024, o relatório do administrador judicial apontava que a empresa possuía 1.676 lojas em funcionamento, uma queda em relação às 1.880 unidades que operavam antes da crise. Desde então, o fechamento de mais lojas no início de 2025 reforçou as dificuldades enfrentadas pela varejista.

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Na imagem, mãos segurando um celular com aplicativo da lojas americanas na tela inicial.
Imagem: rafapress / Shutterstock.com

Unidades fechadas em São Paulo e no Rio de Janeiro

Entre as lojas que encerraram suas atividades no final de 2024 e início de 2025, destacam-se unidades localizadas em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Lojas fechadas em São Paulo:

  1. Rua França Pinto, 680, Vila Mariana
  2. Av. Paes de Barros, 2885, Mooca
  3. Rua Itapura, 721, Tatuapé
  4. Avenida Sumaré, Perdizes
  5. Rua Sergipe, 160, Consolação

Loja fechada no Rio de Janeiro:

  • Unidade Pavuna, localizada na zona norte do Rio de Janeiro.

Os fechamentos são parte do plano estratégico da empresa, que visa ajustar sua presença física às demandas do mercado e garantir maior rentabilidade em um cenário desafiador.

Declaração oficial da Americanas

Em nota divulgada ao IstoÉ Dinheiro, a assessoria da Americanas justificou os fechamentos como um movimento natural do varejo, somado ao plano de transformação da companhia.

“A Americanas afirma que o processo de abertura e fechamento de lojas faz parte do curso normal do varejo, somado ao plano de transformação da companhia, que prevê ajustes, de curto e médio prazos, com foco na rentabilidade e otimização do negócio e para atender comportamentos de consumo em determinadas regiões.”

A empresa também destacou que, enquanto algumas unidades foram encerradas, outras foram inauguradas, como a loja em Eusébio, no Ceará, reforçando sua estratégia de realocação de ativos e expansão para áreas mais estratégicas.

Relembre a crise

Celular na horizontal com logo da Americanas na tela
Imagem: rafastockbr/shutterstock.com

A crise da Americanas começou em janeiro de 2023, quando foram reveladas inconsistências contábeis que indicavam um rombo financeiro de aproximadamente R$ 20 bilhões.

Principais eventos da crise:

  1. Recuperação judicial: A Americanas entrou oficialmente em recuperação judicial e apresentou um plano em dezembro de 2023, detalhando uma dívida total superior a R$ 50 bilhões.
    • Dívida trabalhista: R$ 82,9 milhões.
    • Fraude contábil: R$ 25,2 bilhões em resultados fraudulentos no final de 2022.
  2. Impacto nos números financeiros:
    • Em 2023, a empresa apresentou um prejuízo de R$ 1,63 bilhão no terceiro trimestre.
    • Já no terceiro trimestre de 2024, a situação começou a se estabilizar, com a Americanas revertendo o prejuízo e registrando um lucro de R$ 10,3 bilhões.

Resultados financeiros de 2024

A recuperação judicial trouxe desafios, mas os resultados do terceiro trimestre de 2024 indicaram sinais de estabilização:

  • Lucro líquido: R$ 10,3 bilhões (contra prejuízo de R$ 1,63 bilhão no mesmo período de 2023).
  • Receita líquida: R$ 3,19 bilhões, estável em relação ao mesmo período do ano anterior.

Esses números sugerem que a estratégia de redução de custos e otimização de operações começa a dar resultados, mas a recuperação ainda enfrenta obstáculos significativos.

Plano de transformação: o que está sendo feito?

O plano de transformação da Americanas inclui diversas medidas para garantir a sustentabilidade da empresa a longo prazo.

1. Fechamento de lojas deficitárias

A empresa tem concentrado esforços em encerrar operações em locais onde a rentabilidade não justifica a permanência.

2. Realocação de investimentos

Embora várias lojas tenham sido fechadas, a Americanas também está abrindo novas unidades em regiões estratégicas, como a loja em Eusébio, no Ceará.

3. Foco no e-commerce

O site e o aplicativo da Americanas continuam sendo pilares importantes para a empresa, oferecendo aos clientes uma ampla gama de produtos e serviços.

4. Renegociação de dívidas

A renegociação com credores e a reestruturação financeira são fundamentais para equilibrar as contas da companhia e garantir a continuidade das operações.

Impactos no mercado e na economia

A crise da Americanas teve repercussões significativas no setor varejista e no mercado financeiro brasileiro:

Para o setor varejista

  • Concorrência acirrada: Redes como Magazine Luiza e Mercado Livre ganharam espaço enquanto a Americanas enfrentava dificuldades.
  • Ajustes operacionais: Outras empresas do setor têm acompanhado de perto os movimentos da Americanas para evitar problemas semelhantes.

Para os investidores

  • A crise abalou a confiança no mercado de capitais brasileiro, levando a questionamentos sobre a governança corporativa de grandes empresas.

Perspectivas para o futuro

Fachada das lojas Americanas
Foto: Divulgação/shutterstock

Apesar dos desafios, os sinais de recuperação apresentados nos números de 2024 indicam que a Americanas está no caminho para estabilizar suas operações. No entanto, a recuperação total dependerá de:

  • Eficiência na execução do plano de transformação.
  • Reestruturação bem-sucedida das dívidas.
  • Reconquista da confiança dos consumidores e investidores.

Considerações finais

A crise da Lojas Americanas marcou um dos períodos mais turbulentos do varejo brasileiro, com impactos significativos no mercado e na economia. O fechamento de lojas, como as unidades em São Paulo e Rio de Janeiro, é parte de um plano maior para ajustar a operação da empresa e torná-la mais sustentável.

Com sinais positivos em seus resultados financeiros de 2024, a Americanas mostra que há potencial para recuperação, mas o caminho ainda é longo. O sucesso dependerá de como a empresa continuará equilibrando ajustes operacionais e novas estratégias de crescimento.

A trajetória da Americanas serve como um alerta sobre a importância da governança corporativa e da transparência em grandes corporações, mostrando que a confiança do mercado é tão valiosa quanto os números em seus balanços.

Imagem: Leonidas Santana/shutterstock.com

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