Cheques ainda são usados no Brasil? Confira os dados da Febraban

Pix cheques

O uso de cheques no Brasil passou por uma queda significativa nos últimos 30 anos, reduzindo em 96% o número de compensações no período. Dados recentes da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) mostram que, em 2024, foram utilizados 137,6 milhões de cheques pré-datados no país, em contraste com os 3,3 bilhões compensados em 1995. Esse declínio está diretamente relacionado à evolução dos meios de pagamento digitais, como o Pix, que rapidamente se tornou o principal método utilizado pelos brasileiros.

O estudo, baseado no Serviço de Compensação de Cheques (Compe), revelou que o volume financeiro movimentado pelos cheques também apresentou queda. Em 2024, o valor somou R$ 523,19 bilhões, representando uma redução de 14,2% em comparação a 2023. Apesar dessa redução expressiva, o cheque ainda ocupa um espaço importante em algumas transações específicas no Brasil.

Principais razões para a sobrevivência dos cheques

Cheque sendo passado de uma mão para a outra
Imagem: Andrey_Popov / shutterstock.com

Embora a digitalização bancária tenha transformado a forma como os brasileiros realizam pagamentos, o cheque ainda resiste como meio de pagamento em determinadas situações. De acordo com especialistas da Febraban, diversos fatores explicam sua permanência no mercado:

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  • Resistência aos meios digitais: Alguns clientes, especialmente os mais velhos, preferem evitar o uso de ferramentas digitais, seja por falta de familiaridade com a tecnologia ou por desconfiança em relação à segurança.
  • Limitações de conectividade: Em localidades onde há problemas de acesso à internet, o cheque permanece como uma alternativa prática e viável.
  • Utilização como caução: É comum o uso de cheques como garantia em transações comerciais, especialmente em contratos ou compras parceladas.
  • Preferência de comércios específicos: Determinados estabelecimentos, sobretudo pequenos negócios, ainda optam por aceitar cheques, evitando custos associados a maquininhas de cartão ou transferências eletrônicas.

O tíquete médio mais alto: um reflexo das transações de maior valor

Apesar da redução no número de cheques emitidos, os valores médios das transações realizadas com este meio de pagamento têm aumentado ao longo dos anos. Em 2024, o tíquete médio de um cheque foi de R$ 3.800,87, superando os R$ 3.617,60 registrados em 2023. Esse aumento sugere que os cheques estão sendo utilizados principalmente para pagamentos de maior valor, enquanto transações do dia a dia, como compras em supermercados ou pequenos serviços, passaram a ser realizadas com o Pix.

Especialistas apontam que essa mudança no perfil de uso demonstra uma adaptação do cheque a nichos específicos de mercado, onde sua função permanece relevante. No entanto, a tendência é que sua utilização continue diminuindo à medida que a tecnologia avance e a inclusão digital se torne ainda mais acessível.

O impacto do Pix e de outros meios digitais

A popularização do Pix, lançado em 2020 pelo Banco Central, é um dos principais fatores responsáveis pelo declínio do uso dos cheques. Com a facilidade de transferências instantâneas, isenção de tarifas para pessoas físicas e disponibilidade 24 horas por dia, o Pix conquistou rapidamente a confiança dos brasileiros. Em 2024, ele consolidou-se como o meio de pagamento mais utilizado no país, substituindo não apenas os cheques, mas também outros métodos tradicionais, como boletos e transferências TED.

Além do Pix, carteiras digitais, cartões de crédito e débito, e serviços de pagamento por aproximação também têm ganhado espaço, oferecendo conveniência e segurança. Essa transformação digital reflete uma mudança de comportamento do consumidor, que busca alternativas mais rápidas e eficientes para suas transações financeiras.

Cenário futuro: o cheque está com os dias contados?

Imagem mostra uma mão masculina preenchendo um talão enquanto a outra utiliza uma calculadora.
Imagem: Andrey_Popov/ Shutterstock

Embora os dados mostrem uma queda acentuada no uso de cheques, especialistas acreditam que sua extinção completa ainda não ocorrerá no curto prazo. Isso porque o cheque atende a necessidades específicas que os meios digitais, em alguns casos, ainda não conseguem suprir totalmente. No entanto, a perspectiva de longo prazo aponta para uma redução ainda maior de sua relevância, acompanhando o avanço da digitalização bancária e o aumento da confiança do público em novas tecnologias.

Os bancos, por sua vez, têm investido cada vez mais em campanhas de educação financeira e inclusão digital, buscando reduzir as barreiras que impedem parte da população de aderir aos métodos eletrônicos. Dessa forma, espera-se que a dependência do cheque diminua gradativamente, seguindo a tendência já observada nos últimos anos.

Considerações finais

O uso dos cheques no Brasil caiu drasticamente nas últimas décadas, impulsionado pela popularização de meios de pagamento digitais como o Pix. Ainda assim, o cheque sobrevive em nichos específicos, sendo utilizado para transações de maior valor, em localidades com problemas de conectividade e como garantia em negociações comerciais.

A tendência, no entanto, é que sua relevância continue diminuindo com o avanço da inclusão digital e a consolidação de alternativas mais modernas.

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