Medo das novas políticas migratórias afasta brasileiros de igrejas e mercados nos Estados Unidos

Espaços tradicionalmente frequentados por brasileiros nos Estados Unidos têm visto o número de visitantes reduzir nas últimas semanas. Segundo membros da comunidade em estados como o Massachusetts, o esvaziamento está ligado ao medo em relação ao endurecimento das politicas migratórias, anunciado pelo recém-empossado presidente Donaldo Trump.

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“Os supermercados brasileiros, onde a gente encontra produtos tradicionais, estão ficando às moscas. As pessoas estão procurando mercados americanos, onde vão menos imigrantes, para ter um risco menor”, conta uma brasileira que prefere não se identificar. “Ontem fui ao mercado e padaria brasileiros, mas só tinha americano”, comenta outro morador sobre a mudança do público dos comércios.

Os centros religiosos também estão percebendo o impacto. “Essa igreja vivia sempre cheia”, relatou um brasileiro ao enviar ao BHAZ a foto de um culto da noite dessa quarta-feira (29) acompanhado por poucos fiéis.

A preocupação maior, segundo os relatos, é entre as pessoas que não estão com os documentos regularizados. As blitzes promovidas pelo Governo Federal as deixaram em estado de alerta. Os relatos de pessoas que estão desenvolvendo depressão são comuns. Pelas redes sociais, os imigrantes demostram receio de conversar com desconhecidos e se depararem com agentes do ICE (Departamento de Imigração e Alfândega Americano).

“Não vou falar nada com você porque não sei se você é da Imigração”, disse um homem ao BHAZ. Ele é organizador de um dos vários grupos que se espalharam por redes sociais com o objetivo de alertar a população sobre locais de atuação da ICE.

“Ontem, uma mulher bateu na porta da minha casa às 22h falando que o ICE está chegando aqui na ilha”, relatou uma moradora de Hyannis, comunidade conhecida por abrigar um grande número de mineiros. “O Governo está dizendo que o foco das operações são as pessoas que cometeram crimes aqui ou em seus países de origem, mas com isso acabam pegando quem está com documento irregular também. Tem gente que já tem a carta de deportação e está arrumando as malas para voltar porque se forem deportados, ficam proibidos de entrar aqui por 10 anos”, completa.

O Brasil recebeu no último fim de semana o primeiro voo de deportados desde que Trump assumiu. Os brasileiros vieram algemados pelos pés e mãos e relataram tratamento violento. A situação motivou reações por parte de autoridades brasileiras.

Busca pela regularização

O cenário de medo na comunidade vem se desenhando desde que Trump foi eleito em novembro de 2024. Caroline Gomes de Oliveira trabalhou no Consulado do Brasil em Boston até o fim de 2024. Ela conta que percebeu o aumento da demanda de atendimentos para regularização de brasileiros na unidade.

No fim do ano ela deixou o cargo para se dedicar à própria empresa de assessoria consular. No primeiro mês de operação, ficou surpresa com o volume de procura pelos serviços. “São pessoas buscando tanto serviços simples, como renovação de passaporte, quanto outros que exigem atuação diante à Côrte. Estou recebendo ligações até durante a madrugada”, comentar.

Segundo a especialista, uma procura crescente é para a documentação que nomeia um guardião para crianças nascidas nos Estados Unidos, caso os pais migrantes sejam deportados.

Uma das primeiras medidas da gestão Trump foi suspender a liberação de cidadania americana para crianças nascidas nos Estados Unidos e que são filhas de pais não regularizados ou turistas. A medida foi suspensa após questionamentos de alguns estados.

“Há relatos de pessoas, mesmo que em situação regular, estão preocupadas e saindo de casa com passaporte. Mas temos alguns documentos que podem ser usados aqui para identificação. O que sempre recomendo é que a pessoa faça a Matrícula Consular, que é gratuita e serve para identificação. Não precisa levar o passaporte para todos os lugares”, sugere Carolina.

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