Supermercados propõe maneiras do vale-alimentação render mais

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A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) voltou a pressionar o governo e o setor de cartões de benefícios por mudanças no modelo atual do vale-alimentação. O principal argumento da entidade é que os altos custos de transação acabam encarecendo as compras e reduzindo o poder de compra dos consumidores, especialmente em um cenário de inflação persistente nos alimentos.

O tema tem ganhado relevância à medida que o varejo alimentar enfrenta desafios para equilibrar preços e manter margens de lucro em meio ao aumento dos custos operacionais. A Abras propõe alternativas para que o benefício realmente cumpra seu papel de garantir mais acesso a alimentos para os trabalhadores.

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O que está em jogo nas mudanças no vale-alimentação?

Vale-Alimentação
Imagem: Viktoriia Hnatiuk / shutterstock.com

O vale-alimentação e o vale-refeição fazem parte do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), criado para incentivar que empresas ofereçam benefícios aos funcionários na compra de alimentos ou refeições. No entanto, o modelo atual tem sido alvo de críticas por parte dos supermercados e de consumidores.

As principais queixas incluem:

  • Altas taxas de administração: As operadoras de vale-alimentação cobram tarifas que podem ultrapassar 5% sobre o valor das transações, o que reduz a margem dos varejistas.
  • Exclusividade dos cartões: Alguns estabelecimentos só aceitam determinadas bandeiras, limitando a concorrência e dificultando a liberdade de escolha dos consumidores.
  • Uso limitado: Muitas redes de supermercados não aceitam o benefício, forçando os consumidores a comprar em estabelecimentos específicos.
  • Fraudes e desvio de finalidade: Há denúncias de que o vale-alimentação é utilizado para fins que não estão ligados diretamente à alimentação, como compra de itens não alimentícios.

As propostas da Abras para um vale-alimentação mais eficiente

Diante desse cenário, a Abras defende uma série de mudanças para que o vale-alimentação renda mais e tenha menos impacto sobre os custos do varejo. Entre as principais sugestões da entidade, estão:

1. Redução das taxas de transação

A Abras quer que as operadoras de vale-alimentação reduzam as taxas cobradas dos supermercados. O setor alega que essas tarifas são muito elevadas e acabam sendo repassadas aos consumidores nos preços finais dos produtos.

2. Maior aceitação em diferentes estabelecimentos

A proposta inclui a ampliação da rede de aceitação dos cartões, permitindo que mais supermercados e mercearias aceitem o benefício sem restrições de bandeiras ou operadoras.

3. Regulamentação mais rígida para operadoras

A entidade também pede que o governo e os órgãos reguladores estabeleçam regras mais claras para a atuação das empresas que administram os cartões, evitando práticas abusivas e garantindo maior transparência nas taxas.

4. Uso exclusivo para produtos alimentícios

Uma das mudanças sugeridas é garantir que o vale-alimentação seja utilizado apenas para a compra de alimentos, reduzindo a possibilidade de desvio de finalidade e fraudes no sistema.

5. Parceria com o governo para subsídios

Outra proposta é que o governo avalie subsídios ou incentivos fiscais para reduzir os custos operacionais do benefício, o que poderia beneficiar tanto consumidores quanto estabelecimentos.

Como as mudanças podem impactar os consumidores?

Vale-Alimentação
Imagem: Ground Picture/shutterstock.com

Se implementadas, as propostas da Abras podem trazer benefícios diretos para os trabalhadores que utilizam o vale-alimentação. Entre os principais impactos, destacam-se:

  • Aumento do poder de compra: Com a redução das taxas, mais estabelecimentos poderiam aceitar o benefício, ampliando as opções de compra e evitando a concentração em redes específicas.
  • Preços mais acessíveis: A diminuição dos custos de transação poderia refletir nos preços finais dos alimentos.
  • Maior transparência: Regras mais rígidas para as operadoras garantiriam mais clareza na cobrança de taxas e no uso correto do benefício.

Por outro lado, as mudanças podem enfrentar resistência das operadoras de cartões, que lucram com as atuais taxas de administração. Empresas de tecnologia financeira e bancos também podem pressionar contra alterações que reduzam suas receitas.

Governo pode intervir para regulamentar o setor?

Diante das reclamações do setor supermercadista, o governo federal tem estudado formas de tornar o modelo do vale-alimentação mais eficiente. Recentemente, o Ministério do Trabalho anunciou que pode propor novas regras para o programa, incluindo a obrigatoriedade de maior transparência nas taxas e um limite máximo para as tarifas cobradas.

Especialistas avaliam que a regulamentação pode ser positiva, mas alertam que qualquer mudança precisa ser feita de forma equilibrada para não gerar impactos negativos no mercado de benefícios corporativos.

Conclusão

O debate sobre o vale-alimentação está longe de acabar. Com a alta dos preços dos alimentos e a crescente insatisfação do varejo com os custos de transação, a pressão por mudanças deve continuar nos próximos meses. A decisão do governo será fundamental para definir o futuro desse benefício e garantir que ele cumpra seu papel de facilitar o acesso dos trabalhadores à alimentação.

Fica a expectativa de que ajustes no sistema possam beneficiar tanto consumidores quanto empresas, sem comprometer a viabilidade do modelo.

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