Crédito consignado: governo federal analisa novo modelo de juros para 2025

Crédito Consignado

O governo federal anunciou a criação de um novo sistema para facilitar a concessão de crédito consignado aos trabalhadores do setor privado, com a intenção de aumentar as opções de crédito e consumo para mais de 40 milhões de trabalhadores. O projeto, que foi apresentado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ministros ao setor bancário, visa a criação de uma plataforma digital que utilizará dados do eSocial. Esta plataforma permitirá aos bancos ter acesso direto às informações de contratos de trabalho do setor privado, o que pode aumentar o volume de concessões de crédito a esses trabalhadores.

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O que é o crédito consignado?

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Imagem: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O crédito consignado é um tipo de empréstimo onde as parcelas são descontadas diretamente da folha de pagamento do tomador do crédito. Esse modelo de crédito tem se mostrado muito vantajoso tanto para os consumidores quanto para as instituições financeiras, já que, ao ser descontado na folha de pagamento, o risco de inadimplência é reduzido. Atualmente, esse tipo de empréstimo é amplamente utilizado por aposentados, pensionistas e servidores públicos, mas com a nova plataforma do governo, a intenção é expandir o acesso para os trabalhadores do setor privado.

O que muda com a nova plataforma?

A principal inovação desse novo sistema é a utilização dos dados do eSocial, um sistema que já registra as informações de contratos de trabalho de todos os trabalhadores do setor privado. Essa plataforma será acessada pelos bancos, permitindo que as instituições financeiras possam consultar esses dados diretamente para avaliar o risco de inadimplência de cada tomador de crédito. Com isso, o processo de concessão de crédito consignado se tornará mais ágil e baseado em informações precisas sobre os trabalhadores.

Além disso, o governo está em fase de discussão sobre a taxa de juros que será aplicada para os trabalhadores do setor privado. A Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) defende que as taxas de juros sejam livres, ou seja, que os bancos possam definir os juros de acordo com o risco de inadimplência de cada trabalhador, sem um teto estipulado. Esse modelo é semelhante ao que já acontece no crédito consignado para aposentados e pensionistas, onde a taxa de juros é de 1,8% ao mês.

A posição da Febraban sobre os juros livres

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Imagem: Andrey_Popov / Shutterstock

A Febraban argumenta que a liberação das taxas de juros permitiria aos bancos cobrar valores mais baixos para aqueles que apresentarem menor risco de inadimplência. Para isso, os bancos utilizariam as informações do eSocial para avaliar com mais precisão a capacidade de pagamento dos trabalhadores. Com essa abordagem, os juros poderiam ser mais baixos para os trabalhadores com um histórico financeiro mais estável e com menores riscos de inadimplência.

Por outro lado, a posicionamento do governo ainda está em aberto, pois uma das discussões é se seria mais interessante para os trabalhadores estabelecer um teto para os juros. Essa medida visaria proteger os consumidores de possíveis abusos por parte das instituições financeiras. A escolha por manter os juros livres ou estabelecer um teto será decisiva para o sucesso desse novo sistema de crédito consignado.

A importância dos dados do eSocial para o crédito consignado

O uso dos dados do eSocial será um diferencial importante para a concessão de crédito consignado aos trabalhadores do setor privado. Com o acesso às informações sobre salário, tempo de contrato e histórico de emprego, os bancos poderão avaliar com mais precisão o perfil de cada trabalhador, o que ajudará a determinar o risco de inadimplência e, consequentemente, as taxas de juros a serem aplicadas.

Além disso, a nova plataforma permitirá que os bancos possam oferecer crédito de forma mais eficiente e personalizada, já que as decisões de concessão de crédito serão baseadas em dados reais e atualizados sobre os trabalhadores. Isso poderá beneficiar um grande número de trabalhadores, aumentando o acesso ao crédito e estimulando o consumo.

O impacto do crédito consignado para o setor privado

A implementação desse novo sistema de crédito consignado para trabalhadores do setor privado tem o potencial de transformar a dinâmica do mercado de crédito no Brasil. Atualmente, a carteira de crédito consignado para trabalhadores do setor privado é de aproximadamente R$ 40 bilhões, mas com a nova plataforma, essa cifra pode crescer significativamente, podendo alcançar R$ 120 bilhões, conforme estimativas do presidente da Febraban, Issac Sidney. Esse crescimento será impulsionado pela maior oferta de crédito e pela ampliação do acesso a trabalhadores que, até então, enfrentavam dificuldades em obter esse tipo de crédito.

Essa expansão pode ajudar a aliviar a pressão sobre as famílias, permitindo que os trabalhadores tenham mais acesso a recursos financeiros, mesmo em um contexto de juros elevados. Em um ano em que a inflação ainda é uma preocupação para o governo, o crédito consignado pode ser uma alternativa viável para aumentar o consumo sem comprometer tanto o orçamento das famílias.

O uso do FGTS como garantia

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Imagem: Freepik e Canva

Outro ponto importante discutido entre o governo e o setor bancário é a questão do uso do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) como garantia para a concessão de crédito consignado. Atualmente, em alguns casos, os trabalhadores podem usar os recursos do FGTS para garantir o pagamento do empréstimo, mas a proposta é que essa prática não seja mais necessária no novo sistema.

O setor bancário e o setor da construção civil preferem que os recursos do FGTS sejam destinados, principalmente, à construção civil, ao invés de serem usados como garantia para empréstimos. Essa discussão ainda está em andamento, e a definição sobre o uso do FGTS deverá ser feita em breve, considerando os interesses das partes envolvidas.

Desafios e cuidados em tempos de juros altos

Apesar do otimismo em relação ao aumento da oferta de crédito, é importante destacar que o risco de inadimplência continua sendo uma preocupação tanto para os bancos quanto para os trabalhadores. O país enfrenta um momento de juros elevados para conter a inflação, o que aumenta o custo do crédito e pode afetar a capacidade de pagamento de alguns trabalhadores.

Portanto, tanto os bancos quanto os trabalhadores precisarão ser cautelosos. Os trabalhadores terão que avaliar com atenção sua capacidade de pagamento, já que, apesar da facilidade de acesso ao crédito, o aumento das taxas de juros pode tornar o endividamento mais difícil de ser quitado.

Conclusão

O novo sistema de crédito consignado para trabalhadores do setor privado promete ser uma revolução no mercado de crédito brasileiro. A plataforma digital que utilizará os dados do eSocial trará mais eficiência para a concessão de crédito, além de aumentar o acesso ao crédito para milhões de trabalhadores. Contudo, a discussão sobre as taxas de juros e o uso do FGTS como garantia ainda precisa ser resolvida. O impacto desse novo sistema será significativo, especialmente em tempos de juros altos, e exigirá cautela tanto dos trabalhadores quanto dos bancos para evitar problemas com a inadimplência.

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