THE CULT: QUATRO DÉCADAS DA FÊNIX

Tour comemorativo dos 40 anos da icônica banda aterrissa no Rio, São Paulo e Curitiba – ingressos à venda pelo Clube do Ingresso

Por Carlos Eduardo Oliveira

A van estaciona na porta do elegante hotel paulistano e toda a trupe desembarca. Alguns usam a “amarelinha”, a camisa da Seleção, outros a versão azul do manto. As bolas da pelada matinal ainda estão nas mãos dos roadies – é o The Cult, chegando de um animado futebol em day off pós-show. A entrevista de uma hora que se segue comprova: quando as águas (internas) estão calmas, o grupo capitaneado pelo cantor Ian Astbury e pelo guitarrista Billy Duffy se diverte à beça por aqui. De quebra, deixa apresentações antológicas.  
 
Em turnê com a lavra da Liberation Music Company (produtora responsável, entre outros projetos, pela histórica passagem do Dream Theater pelo Brasil em 2024), o The Cult retorna para shows imperdíveis nesse início de ano. Não qualquer turnê: lá se vão quatro décadas desde que o ex-Southern Death Cult deu a largada em Bradford, Inglaterra, para uma trajetória mais que vitoriosa na sempre sinuosa estrada do rock.

Os shows acontecem no Rio de Janeiro (22/02, Vivo Rio), São Paulo (23/02, Vibra São Paulo) e Curitiba (25/02, Live Curitiba), comabertura dos americanos do Baroness, competente quarteto de progressive metal. A última apresentação do Cult deu-se no inicio de dezembro de 2024, na Austrália, e a julgar pelo setlist generoso de então, há fortes emoções a caminho: “Revolution”, “Love Removal Machine”, “Rain”, “Fire Woman”. “Edie” e contando – o roteiro permeia praticamente todos os hits/fases da banda, acrescido de extratos dos dois últimos registros de estúdio, os bons Hidden City (2016) e Under the Midnight Sun (2022).

Tal qual “Phoenix” (bela canção do premiado álbum Love, de 1985), o Cult conseguiu sobrevoar o tempo sempre se reinventando sem fazer concessões. Seu legado é uma trilha de bons álbuns – alguns, clássicos absolutos – e shows energéticos, abrasivos, catalisadores de diferentes gostos musicais e gerações: rockers, bangers, punks, fãs de pós-punk, etc.

Não faltam predicados no DNA da banda. Entre eles, o inconfundível registro vocal de Ian Astbury, que segue intacto. E há, claro, o fator Billy Duffy.

Descendente direto de uma linhagem de guitar heroes que não mais existe, seus hipnóticos riffs e solos, ele assina embaixo, têm muito de Mick Ronson (1946-19930), guitarrista relevado ao mundo por um certo Mr. Bowie em início de carreira (“descobri meu Jeff Beck”, teria dito Bowie). “Ronson é meu ídolo”, já declarou Duffy. Tanto que, parte de seu arsenal de guitarras Gibson modelo Woody Les Paul, é inspirado (e customizado) a partir dos similares do falecido músico inglês.

Por tudo isso, a passagem da 40th Anniversary Tour pelo Brasil é algo a ser celebrado. Curiosamente, em uma de suas muitas visitas ao Brasil (sete, ao total), é dito que o Cult literalmente implodiu por aqui. A barra, é fato, estava pra lá de pesada: em entrevista à imprensa de São Paulo na manhã seguinte ao show, Billy Duffy enfureceu-se com algum desavisado da produção que distraidamente abriu a porta da sala do hotel, soltando um rosário de fucks e palavrões a granel. Coincidência ou não, na semana seguinte, a filial brasileira da gravadora recebe da matriz comunicado pra lá de inusitado: “The Cult has disbanded” (“o The Cult se dissolveu”). Mas – felizmente – voltou.  

The post THE CULT: QUATRO DÉCADAS DA FÊNIX appeared first on Mundo Livre FM – Sua atitude sonora.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.