Teste: Ford Ranger Raptor é viver no ‘Modo Emoção’ todos os dias

Versão radical da picape norte-americana custa quase meio milhão de reais, mas vale cada centavo

Quando viajamos para as praias do Nordeste, os passeios de bugue são alguns dos atrativos para os visitantes. E quando embarcamos em um deles, o bugueiro sempre pergunta: “com ou sem emoção?”

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Com a Ford Ranger Raptor é mais ou menos assim, a diferença é que o “Modo Emoção” é constante. A versão mais nervosa da picape média norte-americana está em sua segunda geração. Chegou ao Brasil no final de 2023 no embalo do frenesi do segmento de caminhonetes. 

O segredo da Ranger Raptor está na combinação do motor V6 biturbo 3.0 (a gasolina) de 397 cv e 59,4 kgfm de torque, combinado com a mesma transmissão automática de 10 marchas que equipa a versão V6 turbodiesel, F-150 e Mustang. O sistema de tração 4×4 conta com bloqueio eletrônico de diferencial, caixa de redução e um sofisticado sistema de seleção de tipos de terrenos.

Com esse conjunto mecânico, a Ranger Raptor é capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em 5,8 segundos. A velocidade máxima foi limitada em 180 km/h. Afinal é uma picape, com vão livre bastante elevado e centro de gravidade suspenso. Assim, não convém desafiar as Leis de Newton.

Mas para dar conta de encarar qualquer desafio, dar saltos e passar por cima de todos os obstáculos à frente, a Ford Performance (divisão de alto desempenho da marca do Oval Azul) desenvolveu um conjunto de suspensão nos moldes dos modelos de competição, com peças redimensionadas e com materiais de alta resistência.

No eixo dianteiro, a picape conta com sistema independente com braços duplos triangulares. A diferença é que eles são enormes. Já na traseira, o velho eixo rígido está lá, como é de praxe em quase toda picape média. A diferença é que os feixes semi-elípticos deram lugar a molas helicoidais. 

E entre as molas estão as quatro cerejas do bolo: a Raptor recebeu amortecedores da Fox Racing. A marca é famosa pelos amortecedores de motocicletas e veículos off-road de competição. Os componentes ainda contam com regulagem eletromagnética de carga, que deixam a picape muito firme na estrada e com curso mais suave em pisos irregulares.

Completa o conjunto os pneus General Grabber (marca que pertence a alemã Continental) com 33 polegadas de diâmetro, nas medidas 285/70 R17, calçadas em rodas de liga leve de 17 polegadas. Com gomos profundos, esse pneu crava na terra como se fosse garras. Tudo isso exigiu que a Ford alargasse os para-lamas da picape e ainda adicionou molduras nas caixas de rodas para que os pneus não ficassem expostos (o que é proibido). 

Interior da Raptor

Por dentro, a Ranger Raptor conta com muitos dos conteúdos presentes na versão Limited V6. Quadro de instrumentos digital, multimídia vertical (com câmera 360 graus, conexão sem fio com smartphones, carregamento por indução, climatização digital de duas zonas, assim como bancos com regulagem elétrica (com 10 posições e aquecimento). 

A picape ainda oferece pacote completo de assistentes de condução, sistema de áudio premium (Bang & Olufsen), retrovisor eletrocrômico, sete airbags e faróis Full LED. Ela ainda conta com base com seis interruptores, que podem ser utilizados para instalar luzes auxiliares e demais acessórios elétricos. O acabamento da Ranger Raptor é exclusivo e combina detalhes em tom laranja, além de revestimento dos bancos e volante com camurça e couro.

Ao volante

Dirigir a Ranger Raptor é uma experiência que convence o consumidor a torrar quase meio milhão de reais em uma picape. Claro que embarcar e desembarcar exige um pouco mais de esforço, devido à altura livre, mas nada que seja sacrificante. No uso urbano, ela se desenvolve bem como outra média qualquer. O motorista pode ajustar o ruído do escapamento, peso da direção e carga dos amortecedores. Assim, dá para usar a caminhonete de forma silenciosa e macia numa boa.

Quando pegamos a estrada, a Raptor tem espaço para mostrar todo seu potencial. Quando se pisa forte, a resposta é imediata. O ronco invade a cabine e ela ganha velocidade de forma alucinante. O recomendado é ajustar a carga dos amortecedores para o modo mais firme, assim como a direção. E claro, deixe o escapamento rugir: é terapêutico. 

Na hora de frear, fique tranquilo. Os freios a disco nas quatro rodas contam com pinças poderosas que mordem como o dinossauro do cinema. 

E quando a estrada acaba, a festa continua. Esse carro permite sair do asfalto e cair numa trilha sem precisar reduzir. Ela simplesmente vai ignorar buracos e irregularidades. Os imensos pneus passam por cima de tudo. 

O único senão da Ranger Raptor é que ela não vem com dunas, trilhas e cachoeiras como opcionais. Mas tudo bem, pois a grande curtição é ir ao destino.

O preço atual da Ford Ranger Raptor é de R$ 490 mil.

Ficha técnica da Ford Ranger Raptor 2024

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