VÍDEO: Mulher denuncia violência em abordagem policial após confusão em festa de Pedro Leopoldo; PM nega

Uma mulher de 42 anos, que prefere não ser identificada, relata ter sido vítima de agressões e ação truculenta por parte de policiais militares na tradicional festa do Boi da Manta, em Pedro Leopoldo, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, na noite desse sábado (8). A abordagem teria ocorrido após confusão envolvendo familiares da vítima, que, para fins de esclarecimento, será mencionada na reportagem como L. Procurada, a Polícia Militar descartou excesso na abordagem e alegou desacato, ameaças e lesão corporal por parte da mulher.

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De acordo com a advogada Marina Mesquita, que representa L no caso, a confusão teria começado a partir de uma briga entre a prima de L e seu namorado. O rapaz teria agredido a companheira ainda durante a festa, fato que movimentou L a intervir. O marido de L também se envolveu no tumulto, na tentativa de retirá-la e apaziguar a confusão. Neste momento, policiais militares teriam confundido a ação do marido com uma tentativa de agressão.

Ainda segundo a versão apresentada por Mesquita, na abordagem da PM, o marido de L foi alvo de jatos de spray de pimenta e cacetadas. Na tentativa de impedir a ação dos policiais, a mulher teria sido vítima de ameaças. Segundo a advogada, um dos militares teria pedido à L que “ficasse quieta, porque ela não sabia o que ele era capaz de fazer”. Foi quando L, em defesa ao marido, teria dado um tapa no rosto do agente e outros policiais interviram.

Imagens cedidas ao BHAZ mostram ao menos três policiais envolvidos na imobilização da mulher, já no chão. Um deles pressiona o pescoço de L com um cacetete enquanto outro tenta algemá-la. O terceiro se aproxima, pisa sobre as pernas da vítima, que grita e pede que os agentes a soltem. Conforme a advogada, a abordagem configura excesso do uso da força. Já a PM afirma que L se recusava a ser presa e afirmava que os militares teriam problemas por ela ser “amiga do prefeito”.

A defesa de L relata que, na condução, novas agressões foram registradas contra a mulher. “Na viatura, ela tentou impedir, com o pé, que fechassem a porta e questionou para onde eles a estavam levando. Aí um policial deu um soco no nariz dela, que fraturou. O nariz dela tá quebrado. Depois deslocaram com ela para o posto policial de um bairro próximo”, conta Marina Mesquita. “Quando chegaram lá, a mais ou menos 4, 5 quilômetros de onde foi a festa, tiraram ela da viatura, jogaram ela no chão e chutaram, bateram, xingaram. Ela tá toda machucada”.

A Polícia Militar descarta que as agressões mencionadas tenham sido cometidas por agentes da corporação. De acordo com o boletim de ocorrência, L teria sido agredida no momento anterior à abordagem dos policiais. “Eles afirmam que as agressões que ela sofreu foram em decorrência da briga, mas isso é inverídico. Quem agrediu a L da forma que ela está hoje (10) foi a Polícia”, aponta a advogada.

Mulher que filmou a ação foi acusada de desacato

Até a manhã desta segunda-feira (10), a defesa de L aguardava sua liberação do sistema prisional. “Ela foi presa no sábado (8) e nós estamos esperando o avanço. O alvará de soltura foi concedido ontem (9), mas, falta a formalização para que ela seja colocada em liberdade”, explica a advogada. De acordo com a defesa, L é acusada de desobediência, desacato, ameaças à autoridades e lesão corporal.

Ainda segundo Mesquita, uma terceira pessoa, que gravou o início da ação dos policiais durante a festa do Boi da Manta, também foi conduzida pelos militares. “Eles conduziram essa menina, tomaram o celular dela e apagaram o vídeo. Conduziram ela por desacato, porque, quando pediram o celular, ela se negou a entregar”, relata a defesa de L. O BHAZ tentou contato com a pessoa mencionada, que, segundo a advogada, não quis prestar depoimento por medo de represália. O boletim de ocorrência não menciona o fato.

Procurada, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública não se manifestou e direcionou as demandas da reportagem à Polícia Militar. Já a Polícia Civil afirmou que lavrou um Termo Circunstanciado de Ocorrência sobre o fato ocorrido em Pedro Leopoldo e o encaminhou ao Juizado Especial Criminal.

O marido de L foi ouvido pelas autoridades e liberado. A prima e o namorado acusado das agressões iniciais foram arrolados como envolvidos, mas não conduzidos pela PM.

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