Brasil não deve misturar política com negócios ao reagir às tarifas de Trump sobre o aço

Retaliar o governo dos Estados Unidos com base em questões políticas pode custar caro para o país, avaliam interlocutores de Lula. Trump impõe tarifas de 25% para importação de aço e alumínio
Interlocutores do presidente Lula desaconselharam o governo a regir, com uma “reciprocidade generalizada”, diante do aumento das tarifas de importação dos Estados Unidos de 25% sobre aço e alumínio importados – incluindo os metais produzidos no Brasil.
A avaliação é que subir alíquotas de importação de produtos vindos dos Estados Unidos pode “importar inflação”, num momento em que o governo Lula luta contra a alta doméstica dos preços.
Além disso, reagir politicamente pode ser contraproducente e prejudicial ao Brasil, porque iria elevar custo de empresas nacionais que dependem da importação de produtos americanos.
O melhor caminho é o das negociações – que já deu certo no mandato anterior de Donald Trump, quando ele recuou de aumentos de tarifas de importação em troca da fixação de cotas para venda de aço brasileiro para os Estados Unidos.
O aumento da alíquota, anunciado por Trump nesta segunda-feira (10), vai começar a vigorar a partir de março.
Donald Trump impõe tarifas sobre aço e alumínio importados
Até lá, empresários esperam que a diplomacia brasileira busque apoio nos Estados Unidos de empresários que usam o aço brasileiro, e que serão prejudicados com o aumento da tarifa de importação do produto.
Há um interesse mútuo de empresários brasileiros e americanos contra essa guerra comercial, alegam diplomatas.
Recuo de Trump ainda é dúvida
A dúvida é se, neste caso, Donald Trump estará disposto a recuar.
No caso do Canadá e México, seu objetivo era outro: proteger suas fronteiras para evitar imigração ilegal e combater o tráfico de drogas. A pressão deu certo, com mexicanos e canadenses reforçando o policiamento nas suas fronteiras com os Estados Unidos.
No caso do aço, o objetivo confesso de Trump é proteger a indústria siderúrgica dos Estados Unidos – uma promessa de campanha dele.
Só que a proteção ao setor siderúrgico dos EUA vai prejudicar outros setores americanos, como montadoras e fabricantes de produtos da linha branca, que empregam muito mais.
Esse será o argumento a ser utilizado para tentar fazer com que Trump, como no seu mandato anterior, recue de sua decisão em troca de cotas de importação do aço e alumínio do Brasil.
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