Por que o Brasil ainda depende de data centers estrangeiros?

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“O Brasil não consegue atender nem a própria demanda interna de data centers”, afirmou Igor Marchesini, assessor especial do Ministério da Comunicação, durante o evento Convergência Digital promovido pela Anatel.

“Hoje temos 60% da carga digital do Brasil rodando fora do país; aqui rodam apenas poucos serviços públicos. Quase nada no Brasil funciona de ponta a ponta se não for o data center da Virgínia nos Estados Unidos, sem ele não seria possível nem Pix, nem atendimento pelo SUS, nem embarcar num avião”, alertou.

Marchesini reforçou que há um trabalho multisetorial, alinhado com a visão do ministro Haddad do ministério da Fazenda, estruturando um plano de país para melhorar as capacidades internas e das cadeias produtivas. “Vimos que hoje é 60% mais caro contratar um serviço no Brasil do que o mesmo serviço na Virgínia, mesmo quando se desconta o custo da importação, ainda assim fica 30% mais caro”, revelou acrescentando que o MCom concluiu isso com espanto.

A boa notícia, segundo o secretário, é que a própria essência da reforma tributária recém aprovada, já leva a uma desoneração completa de CAPEX, apesar de as taxas assustar e desmotivar a entrada de novos players no mercado brasileiro; uma colocação controversa.

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Para a Huawei, investir em diferentes fontes de conectividade (cabos submarinos, fibra óptica e redes móveis) é essencial para aumentar essa capacidade tão necessária aos data centers. Segundo Marcelo Motta, diretor de cibersegurança e soluções da Huawei, o Brasil tem a vantagem de possuir grande fonte de energias renováveis.

A matriz energética brasileira é composta por aproximadamente 49,1% de fontes renováveis segundo dados de 2023. Isso representa uma participação significativamente maior em comparação com a média mundial, onde as fontes renováveis correspondem a cerca de 14% da matriz energética global.

No que diz respeito à matriz elétrica, o Brasil destaca-se ainda mais: 93,1% da eletricidade gerada no país provém de fontes renováveis.

Motta destacou que o verdadeiro gargalo do Brasil é a mão de obra. “Se queremos nos consolidar como um hub regional, e eu acredito que a maior parte dos benefícios desse ecossistema virão de aplicações de inteligência artificial, logo, temos que melhorar a capacitação [da mão de obra]”, concluiu.

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