Bloco do 3 Preto desfila no Carnaval de BH pela primeira vez com homenagem a Dona Penha

Mais do que uma casa de shows que promove, semanalmente, rodas de samba no Caiçara, o 3 Preto Bar representa, hoje, um espaço de valorização da cultura preta e da ancestralidade em Belo Horizonte — não por acaso o lugar é carinhosamente chamado de ‘casinha’ pelos frequentadores mais assíduos: é por lá que muitos se sentem em casa. Agora, o estabelecimento se prepara para um novo passo na história que completa, em 2025, 8 anos: vai às ruas como bloco de Carnaval sem desafinar do ritmo que o trouxe até aqui.

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Sempre que mira uma etapa adiante, a gerência do 3 Preto busca inspiração nas raízes. É o que diz Catia Amaral, produtora e responsável pelo marketing da casa. E para o desfile marcado pro fim do mês, a estratégia não seria diferente. Foi relembrando o começo da caminhada, lá quando o bar ainda se instalava na rua Piracicaba, número 9, e o público dividia o passeio com outros pedestres, que a ideia do bloco de Carnaval veio à tona.

“É uma forma de voltar pra rua agradecendo, saudando. Afinal, foi todo esse movimento de rua que originou esse grande boom que é o 3 Preto”, afirma Catia.

Agora, já na avenida Pedro II e ponto de encontro estabelecido no ‘mapa do samba‘ de BH, o lugar mantém a sintonia de outrora. O segredo do sucesso, quem frequenta o 3 Preto sabe bem. “É a tia Penha, dona Penha. Essa mulher que, desde o início, como uma boa matriarca, é o pilar daquele bar e da família”, explica a produtora. É dela que vem a força de Herman Caetano, proprietário do estabelecimento, para manter o negócio e, também, o tema do primeiro desfile de Carnaval.

“Ela é praticamente o RP [profissional de Relações Públicas]. Fica na cozinha, mas todo mundo chama pra dar um abraço. Ela é aquela mulher benzedeira, que não atua nessa função, mas as pessoas pedem a benção”, destaca Catia.

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Programação e estrutura

O Bloco do 3 Preto vai à rua Antônio Peixoto Guimarães, no Caiçara, na quinta-feira de pré-Carnaval, 27 de fevereiro. Antes disso, porém, é possível sentir um gostinho do que vem pela frente. Nesta quinta-feira, 13, e na próxima, 20, a casa sedia o aquecimento para a folia, a partir das 19h. A entrada é gratuita com cortesias válidas até às 21h30 e retirada no Sympla.

No dia 27, a turma cai na rua, definitivamente. A concentração, na altura do número 450, começa às 18h30, e o desfile seguirá até às 22h30. O tema do encontro não poderia ser outro: “a gente vai abordar o tema das matriarcas, em especial ela [tia Penha]. Vai ter um momento pra homenagiar as mulheres do samba de Minas que cantam na casa, por exemplo”, antecipa Catia.

Na toque dos pandeiros, tantãs, cavacos, repiques e tamborins do bloco estarão as figuras que agitam o público do bar semanalmente. “A gente convidou os grupos de samba que são residentes, né? Júlia Rocha, Tradicionalmente, Grupo Simplicidade… Também tem o Pagode do Chefe, a Resenha dos Amigos do Edgar e o Samba do Rafa”, lista a produtora. Além deles, estarão na festa os músicos Fernando Bento, Manu Dias e Rachel Reis, entre outras figuras que fazem parte da história da casa.

Mesmo no Carnaval, quando o protagonismo vai para axés e derivados, a festa do 3 Preto segue guiada pelo ritmo do samba. “A gente vai sair com carro de som, onde vão ser ligadas as vozes e os instrumentos de harmonia”, explica a organização. A percussão, como manda a tradição, “vai na marra”.

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A preocupação com a região também não foge da vista da produção do evento. “A gente faz coleta de resíduos, e, antes dos sambas nos dias 13, 20 e 27, teremos ações de educação ambiental”, garante Catia. “Vamos mostrar para as pessoas as formas de descarte correto, tanto dentro do bar quanto na rua, quando a gente estiver no desfile”.

Segurança para o público

Em outubro do ano passado, frequentadoras do 3 Preto Bar foram às redes sociais para denunciar casos de assédio sofridos no estabelecimento. Na época, a organização repudiou “toda e qualquer manifestação de assédio, importunação, violência contra as mulheres, capacitismo, etarismo, gordofobia, intolerância religiosa, LGBTFobia, racismo e transfobia” através de nota. Catia Amaral garante que o posicionamento vai além do texto e que a direção se movimentou a fim de evitar novos episódios.

“A gente promoveu reuniões de ambiente seguro com a equipe, para que ela estivesse bem treinada, que pudesse proporcionar acolhimento nesses casos, caso ocorram. Não só com a equipe interna. A gente fala com os artistas pra trazer essas informações no palco sempre que possível e com as equipes de segurança pra promoverem um abordagem humanizada”, diz. “Desde que a gente redobrou a atenção, não registramos mais casos, então acho que tem sido efetivo”.

Com expectativa de receber mais de 600 pessoas na estreia no Carnaval de BH, a produtora reforça o objetivo da ‘casinha’ e do desfile. “É a manifestação da ancestralidade do povo preto. Quando se fala do povo de terreiro, se fala de samba, e não tem como falar disso sem saudar o povo da rua. A importância é essa: reforçar e, de certa forma, conscientizar sobre o respeito a todas as expressões, aos corpos diversos, é isso”, finaliza.

Então se liga!

Bloco do 3 Preto

  • Concentração: Rua Antônio Peixoto Guimarães, 450, Caiçara
  • Data: 27 de fevereiro, às 18h30
  • Aquecimentos: 13 e 20 de fevereiro, na av. Pedro II, 3608 – Caiçara
  • Gratuito

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