Previ na mira do TCU: concentração de ativos e administração sob questionamento

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O Tribunal de Contas da União (TCU) está no centro de uma investigação que visa esclarecer os motivos de um déficit bilionário no Plano 1 da Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil.

O rombo de R$ 14 bilhões, registrado entre janeiro e novembro de 2024, levanta sérias questões sobre a concentração excessiva de ativos e possíveis falhas na gestão do fundo, principalmente sob a liderança do sindicalista João Luiz Fukunaga. A auditoria do TCU promete esclarecer se o prejuízo foi resultado de fatores externos, como a volatilidade do mercado, ou se falhas internas agravaram a situação.

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A Previ e a Concentração de Ativos

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Imagem: rafastockbr/shutterstock.com

Os Números da Previ

Em novembro de 2024, o patrimônio do Plano 1 da Previ somava R$ 228,47 bilhões, dos quais 62,5% (R$ 142,79 bilhões) estavam alocados em renda fixa. Por outro lado, a renda variável representava 28%, equivalente a R$ 63,7 bilhões. Este elevado peso da renda fixa no portfólio do fundo é um dos pontos de questionamento, especialmente dado que uma significativa parte dos recursos estava exposta à volatilidade do mercado de ações.

O Questionamento sobre a Alocação

O economista Lucas Sharau, da iHUB Investimentos, destacou que a auditoria do TCU deve avaliar se houve uma concentração excessiva em poucos ativos, o que pode ter comprometido a saúde financeira da Previ.

Para Sharau, a estratégia de alocação adotada pelo fundo pode ter sido mal conduzida, o que afetou o desempenho de suas carteiras. Ele também levantou preocupações sobre a escolha dos gestores, sugerindo que os critérios técnicos para seleção dos mesmos podem não ter sido respeitados, agravando ainda mais a situação.

Custos Administrativos e Desafios para o Futuro

Outro ponto de crítica são os custos administrativos. Em fundos previdenciários mais conservadores, os custos são geralmente menores. No entanto, a Previ vem enfrentando questionamentos sobre as suas despesas, que incluem a alocação de recursos e a estrutura de gestão. Caso o TCU identifique irregularidades, órgãos como a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e a Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) podem aplicar sanções.

A Gestão Sob Questionamento

Perfil do Presidente João Luiz Fukunaga

A condução da atual gestão da Previ também é alvo de desconfiança. João Luiz Fukunaga, ex-sindicalista e atual presidente do fundo, foi criticado por especialistas, como Luigi Micales, gestor da Black Swan, que considera que Fukunaga não possui o perfil técnico adequado para o cargo. A falta de experiência específica em fundos de pensão tem gerado insegurança no mercado, especialmente diante das perdas acumuladas.

A Gestão Profissional Anterior

O advogado Emanuel Pessoa, especialista em Direito Empresarial, lembra que a gestão anterior da Previ era mais profissional, composta por especialistas em fundos de investimento, apesar das perdas registradas na época. Segundo Pessoa, a crítica ao comando atual tem fundamentos, uma vez que, com a administração anterior, havia maior confiança nos processos técnicos, mesmo com os resultados negativos.

A Resposta de Fukunaga

João Luiz Fukunaga se manifestou sobre a auditoria do TCU e a criticou, alegando que a decisão foi uma manobra política e que não contribui para o bem-estar dos beneficiários. Para Fukunaga, a auditoria apenas gera “barulho” e prejudica os segurados. Sua postura reflete a tensão entre o fundo de pensão e as críticas que surgem sobre a administração de recursos e as consequências do desempenho recente.

O Déficit Bilionário e o Impacto no Mercado

Causas do Rombo

O déficit de R$ 14 bilhões registrado pela Previ reflete uma queda nas carteiras de renda variável, que apresentaram perdas consideráveis. Segundo o próprio fundo, o desempenho foi impactado pela volatilidade do mercado, com o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, apresentando queda de 3,1% em novembro. No entanto, o TCU levantou preocupações sobre a gestão desses recursos, questionando se as perdas foram exclusivamente causadas pelas condições econômicas externas ou se houve falhas internas.

O TCU e a Preocupação com a Situação

O ministro Walton Alencar Rodrigues, do TCU, expressou “gravíssimas preocupações” com o desempenho do fundo, destacando que o atual cenário representa um risco significativo para os segurados do Banco do Brasil. A situação é considerada ainda mais séria quando comparada aos anos anteriores, em que o fundo apresentou desempenho mais favorável.

A Previ, por sua vez, afirmou em nota que a perda de R$ 14 bilhões é resultado das condições de mercado e garantiu que não há risco de “equacionamento” ou necessidade de contribuições extraordinárias por parte dos beneficiários ou do Banco do Brasil.

Considerações Finais: O Futuro da Previ e a Governança

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Imagem: rafastockbr/shutterstock.com

A auditoria do TCU será crucial para esclarecer se as falhas de gestão foram determinantes para o rombo financeiro ou se a volatilidade do mercado foi a principal responsável. A gestão atual, com seu perfil mais político e menos técnico, continua sendo uma preocupação para os investidores e beneficiários do fundo.

Com a análise das alocações de recursos, os custos administrativos e o perfil de liderança da Previ, é possível que surjam mudanças significativas na administração do fundo. Especialistas recomendam maior profissionalismo e transparência na gestão dos ativos, algo que poderia ajudar a recuperar a confiança dos beneficiários e evitar novos déficits no futuro.

A Relevância da Governança no Sistema de Previdência Complementar

A governança nos fundos de pensão é fundamental para garantir que os recursos dos participantes sejam geridos com responsabilidade e eficiência. As críticas à Previ e à sua administração sublinham a necessidade de processos mais técnicos e menos políticos na gestão de fundos tão importantes para a segurança financeira de milhões de brasileiros.

O futuro da Previ dependerá das conclusões da auditoria do TCU, mas o alerta já está dado: a transparência e a boa gestão são essenciais para a saúde financeira dos fundos de pensão e para a confiança dos seus participantes.

Imagem: Agência Brasil/Valter Campanato

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