Reciprocidade? Lula promete reagir a taxações de Trump

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou, nesta sexta-feira (14), que o Brasil responderá comercialmente caso o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, imponha tarifas sobre o aço brasileiro. A declaração ocorreu durante entrevista à Rádio Clube do Pará, em Belém (PA).

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Imagem: Reprodução/Miguel Schincariol/AFP

Posição do Brasil diante da possível taxação do aço

Durante a entrevista, Lula enfatizou que não busca conflitos comerciais, mas garantiu que haverá retaliação caso os Estados Unidos adotem medidas restritivas contra produtos brasileiros.

“Eu ouvi dizer que vai taxar o aço brasileiro. Se taxar o aço brasileiro, nós vamos reagir comercialmente ou vamos denunciar a Organização Mundial do Comércio (OMC) ou vamos taxar os produtos que a gente importa deles”, afirmou o presidente.

Lula ainda reforçou a importância de uma relação comercial equilibrada entre os dois países.

“O Brasil não tem interesse em conflitos, mas se houver qualquer atitude contra nós, haverá reciprocidade”, completou.

A política tarifária de Trump e o impacto no Brasil

Donald Trump tem prometido aumentar tarifas de importação sobre diversos países, incluindo China, México, Canadá e Brasil. Entre as medidas anunciadas, está a taxação de 25% sobre importações de aço e alumínio, eliminando isenções e cotas para os principais fornecedores desses produtos.

Atualmente, os Estados Unidos têm um superávit comercial com o Brasil, ou seja, vendem mais do que compram do país. Lula destacou que a relação econômica entre as duas nações é equilibrada:

“Eles importam de nós US$ 40 bilhões, nós importamos deles US$ 45 bilhões. Então, nós não queremos atrito com ninguém”, disse o presidente.

Reações do governo brasileiro

A equipe econômica do governo brasileiro adota uma postura cautelosa diante das declarações de Trump. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que não há motivo para preocupação imediata, uma vez que os Estados Unidos ainda estudam a implementação das medidas.

“O governo brasileiro não irá se manifestar a qualquer sinalização. Vamos aguardar para ver o que é concreto e efetivo e avaliar como vai terminar essa história”, disse Haddad.

Já o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, destacou que o Brasil não representa um problema comercial para os EUA.

“Dos dez produtos mais exportados pelo Brasil aos EUA, apenas quatro não são taxados. Já entre os dez produtos mais importados do Brasil, oito entram sem tarifas nos EUA”, explicou Alckmin.

Tarifas de reciprocidade e impacto no comércio bilateral

Na quinta-feira (13), Trump anunciou que qualquer país que aplicar impostos sobre produtos dos EUA poderá sofrer tarifas de reciprocidade. Segundo a Casa Branca, essas novas medidas serão analisadas caso a caso e devem entrar em vigor a partir de 1º de abril.

A possível taxação sobre o aço brasileiro impactaria um setor estratégico da economia nacional. Caso seja confirmada, o Brasil poderá responder com medidas como:

  • Adoção de tarifas sobre produtos norte-americanos;
  • Denúncia junto à OMC para questionar a legalidade da decisão;
  • Busca de novos mercados para diversificar exportações.

Relações diplomáticas entre Brasil e EUA

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Imagem: Evan El-Amin/shutterstock.com

Lula também comentou sobre as relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos, que em 2025 completam 200 anos. O presidente ressaltou que, até o momento, não teve contato direto com Trump desde sua posse.

“O Brasil considera os Estados Unidos um país extremamente importante e espero que os EUA reconheçam o Brasil da mesma forma”, declarou Lula.

A falta de diálogo direto entre os presidentes levanta incertezas sobre o futuro das relações comerciais e diplomáticas entre os dois países.

Considerações finais

As ameaças de novas tarifas dos Estados Unidos contra o aço brasileiro reacenderam tensões no comércio bilateral. Enquanto Lula defende uma resposta de reciprocidade, a equipe econômica prega cautela até que as medidas sejam confirmadas.

A relação comercial entre Brasil e Estados Unidos é complexa e envolve interesses estratégicos para ambas as nações. Nos próximos meses, a postura adotada por Trump e a resposta do governo brasileiro serão cruciais para definir o rumo das relações comerciais entre os dois países.

Imagem: Marcelo Camargo

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