Hamas libertará seis reféns e entregará quatro corpos a Israel nesta semana

Um mural com fotos de reféns israelenses mantidos em cativeiro em Gaza, em 17 de fevereiro de 2025, em JerusalémAHMAD GHARABLI

AHMAD GHARABLI

O Hamas anunciou, nesta terça-feira (18), que entregará os corpos de quatro reféns mortos em cativeiro a Israel na quinta-feira e que libertará outros seis com vida no sábado, no âmbito da primeira fase da trégua.

O frágil cessar-fogo entrou em vigor no dia 19 de janeiro, após mais de 15 meses de combates desencadeados pelo ataque do movimento islamista ao sul de Israel no dia 7 de outubro de 2023, durante o qual 251 pessoas foram sequestradas.

As conversas em atraso sobre a continuação da trégua começarão “nesta semana”, declarou o ministro israelense das Relações Exteriores, Gideon Saar, acrescentando que seu país exige “a desmilitarização total de Gaza” após a guerra.

O Hamas anunciou que devolverá os corpos de quatro reféns a Israel na quinta, antes de libertar outros seis reféns vivos no sábado, uma informação que foi confirmada pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

Em troca, Israel “libertará no sábado” um número de prisioneiros palestinos determinado no âmbito do acordo de trégua, declarou o chefe negociador do movimento islamista, Jalil al Haya.

“O movimento e a resistência [um ou vários outros grupos armados] decidiram libertar no sábado, 22 de fevereiro, os últimos prisioneiros [israelenses] com vida”, cuja libertação estava prevista no âmbito da primeira fase do acordo, acrescentou.

No total, 33 reféns devem ser libertados na primeira etapa da trégua, em troca de 1.900 prisioneiros palestinos.

Desde que começou o cessar-fogo, 19 reféns israelenses e 1.134 palestinos foram libertados.

Após se reunir no domingo com o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Marco Rubio, em Jerusalém, Netanyahu ameaçou abrir as “portas do inferno” na Faixa de Gaza caso todos os reféns não sejam libertados, ecoando uma expressão usada pelo presidente americano Donald Trump.

70 pessoas continuam no cativeiro em Gaza após mais de 500 dias, das quais pelo menos 35 morreram, segundo o Exército israelense.

– “Uma Gaza diferente” –

A segunda fase da trégua, que deve começar no dia 2 de março, prevê a libertação de todos os reféns e o fim definitivo da guerra, antes de uma última etapa dedicada à reconstrução do devastado território palestino.

O projeto recentemente proposto por Trump prevê que os Estados Unidos assumam o controle de Gaza e realoquem seus 2,4 milhões de habitantes.

“Assim como me comprometi a que (…) não haja mais nem o Hamas nem a Autoridade Palestina, devo respeitar o plano” de Donald Trump “para a criação de uma Gaza diferente”, declarou Netanyahu na segunda-feira.

O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, anunciou a criação de uma “agência especial” para a “saída voluntária” dos palestinos de Gaza.

O Catar, um dos países mediadores do conflito, declarou na terça-feira que o futuro de Gaza é “uma questão palestina”.

A Arábia Saudita sediará na sexta-feira uma mini cúpula árabe para responder à proposta de Trump, criticada de forma generalizada pela comunidade internacional.

Uma cúpula extraordinária da Liga Árabe sobre esse assunto, prevista para o final de fevereiro, foi adiada para 4 de março.

– “Me ardem os olhos de tanto chorar” –

Em Jerusalém, dezenas de familiares de reféns ainda mantidos em cativeiro em Gaza marcharam na segunda-feira até o Parlamento, carregando fotos de seus entes queridos e exigindo que sejam libertados.

“Me ardem os olhos de tanto chorar há 500 dias”, disse Einav Tzangauker, cujo filho foi sequestrado no kibutz Nir Oz.

O ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 deixou 1.211 mortos em Israel, em sua maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses, incluindo os reféns mortos.

Em resposta, Israel lançou uma ofensiva implacável em Gaza que já deixou ao menos 48.291 mortos, segundo dados do Ministério da Saúde do território – governado pelo Hamas –, os quais a ONU considera confiáveis.

A trégua também prevê a entrada de mais ajuda humanitária na Faixa de Gaza, sitiada por Israel. Mas o Hamas acusa os israelenses de bloquearem a entrada de estruturas pré-fabricadas e equipamentos pesados para remoção de escombros.

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